Capítulo 32

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As horas se passaram e o silêncio voltou a reinar entre nós depois daquela troca de diálogos bem curta. Já era quase uma hora da tarde e o sol estava rachando de tão quente. De repente, o carro de Jackson começou a sair da estrada e estávamos seguindo em rumo a um restaurante que havia do outro lado. Chamava "Restaurante da Tina" e parecia ser bem grande.

— Depois de tantas horas dentro desse carro, achei interessante pararmos para almoçar. — Jackson explicou o motivo de estar estacionando bem em frente ao restaurante.

— É, uma ideia interessante. — concordei. Ele saiu do carro e então, fiz o mesmo. Ao sair, senti o sol penetrando na minha pele. Ele estava realmente quente, mais do que o normal. Bem mais do que em Massburgys. Se não me engano, estamos na cidade de McKinsky, pelo menos era o que dizia a placa verde com as letras brancas alguns minutos atrás.

Caminhamos juntos (mas nem tanto) para a entrada do restaurante. Estava um pouco apreensiva, já que talvez isso exigisse que entrássemos em mais uma situação que devesse haver uma conversa e não acredito que ela fosse ser menos constrangedora. Odiava que estava existindo isso entre nós. Não era assim que deveria ser. Essa viagem tinha que estar sendo engraçada, cheia de conversa, coisas que nós dois costumávamos a conversar durante as aulas (as quais eu acho que nem irá acontecer mais).

Escolhemos uma mesa que ficava perto de uma imensa janela de vidro. Foi uma boa ideia escolher um lugar mais arejado, considerando o calor infernal que estava sobre toda essa cidadezinha. A garçonete nos entregou o cardápio e se retirou, mas antes, notei que deu uma piscadela para Jackson e ele sorriu de lado para ela. Ótimo. Isso já foi o suficiente para me tirar do sério. Resolvi ignorar e focar no cardápio, não tinha que dar atenção nenhuma para essas coisas idiotas. Não me deixaria afetar.

— Já sabe o que vai pedir? — me perguntou após alguns minutos de silêncio enquanto analisávamos o cardápio.

— Acho que uma porção de carne e fritas. — fechei o cardápio e o coloquei sobre a mesa. — E você?

— O mesmo. Vou pedir coca-cola para acompanhar, e você? — também deixou o cardápio de lado e me olhou. Pelo menos o clima estranho não estava tão evidente assim.

— O mesmo. — não fiz rodeios para responder ou nenhuma piadinha. Nós sempre fazíamos piadinhas durante a aula.

Jackson chamou a garçonete e passou todo o nosso pedido para ela. A garota se chamava Margarete e tinha o cabelo loiro e os peitos pareciam que iam sair do uniforme. Ela ficava cheia de risadinha com Jackson e ele cedia. Com todas as pessoas segurando um garfo enquanto comiam, tudo o que conseguia pensar era enfiar um desses, na garganta de cada um dos dois. Da garçonete, por estar se oferecendo e em Jackson, por estar gostando do jeito oferecido dela. Depois de alguns instantes ela se retirou.

— Pensei que ela não fosse mais sair. — minhas mãos ficaram brincando com o porta-guardanapo e a minha fala saiu carregada de sarcasmo.

— Só estava sendo atenciosa. — a defendeu. Jackson tinha um sorrisinho quase esboço no rosto. O cafajeste havia gostado da atenção recebida pela garçonete. Margarete parecia ser quase da nossa idade. Fala sério.

— É, deu para ver o tipo de atenção que ela estava dando. — ainda sem conseguir evitar o sarcasmo, me contive para não revirar os olhos de tanta inquietação e raiva.

Só que de repente, o garoto sorriu de lado e colocou os braços sobre a mesa, me fitando com uma curiosidade. Tinha humor nas suas linhas de expressão e seu olhar não se soltava de mim. Comecei a ficar um pouco nervosa com isso.

— O que foi? — a minha voz transpareceu mais arrogância do que realmente queria. Não gosto de perder o controle dos meus sentimentos.

— Está com ciúmes? — Jackson insinuou. Ele parecia ter quase certeza do que disse e foi exatamente isso que me deixou inquieta e nervosa.

Um Romance Nos Anos 80Onde histórias criam vida. Descubra agora