Capítulo 15

1.4K 208 151
                                    

Estava sentada no banco do passageiro, ao lado de Jackson e Griselda estava no banco de trás, nunca gostei de ir atrás. Sim, eu me deixei levar pelo sentimento protetor dentro de mim e estou indo com Griselda cometer essa atrocidade irracional. Quando a vi deixando a minha casa, não aguentei e pedi para que ela me esperasse arrumar a mochila bem rápido. Se não fizesse isso, passaria o meu final de semana em um martírio torturante, pensando nas mil maneiras que ela poderia se machucar indo a esse lugar.

— Ainda não acredito que mudou de ideia. — Jackson declarou, ainda surpreso.

— Nem eu. — o respondi sem tirar os olhos da janela, injuriada.

— Vai ser divertido, não precisa ficar com essa cara. — tentou me animar.

— Só vim devido a Griselda. Preciso impedir as loucuras dela.

— Estou bem aqui atrás. — lembrou, se fazendo escutar.

— Sei disso, é para ouvir mesmo. — retruquei, talvez mais como uma repreensão.

— Seus amigos não vão com você? — Griselda o perguntou.

— Não. Eles até iriam, mas como estava muito difícil para eles saírem de casa, o único horário que conseguiram, não dava para buscá-los, então pedi a Mike para fazer isso. — a explicou.

— Ah, sim. — Griselda recostou no banco, dando-se por satisfeita.

   Jackson dirigia tranquilamente pela estrada. Estava quase escurecendo, deveríamos chegar lá à noite. A cachoeira Wisacs não fica longe daqui, é bem próxima, na verdade.

— Como fez para se livrar dos seus pais? — Jackson, com as mãos suaves no volante, quis saber.

— Bom, inventei que ia dormir na casa de Griselda e que amanhã passaríamos o dia inteiro na biblioteca e não queríamos incômodo. — contei, mostrando toda a praticidade que foi para enganá-los. Não me orgulhava disso.

— Inteligente. É o tipo de coisa que normalmente você faria. — reconheceu a minha inteligência para dar uma boa desculpa — E você? — perguntou a Griselda.

— A mesma coisa. Disse a minha mãe que iria dormir na casa de Bevelly. — revelou, mostrando o encaixe perfeito das duas histórias.

— Sabe que um pequeno errinho no diálogo dos seus pais e eles vão sacar que tem algo de errado, sabia? — ressaltou o garoto, com toda a sua experiência no assunto.

— Não vão. — garanti — Amanhã minha mãe vai passar o dia organizando a loja de costura dela e o meu pai organizando o estoque da farmácia.

— Isso sim é ter tudo calculado. — elogiou.

— Só tenta se divertir Bevelly, vai ser legal. — a loira pediu, querendo que mudasse de ideia.

— Não prometo nada. — cruzei os braços, suspirando e deixando claro que estava indo contra a minha vontade.

— Você precisa se soltar mais, ruiva. — Jackson aconselhou enquanto fazia uma curva — Não faz bem ficar dessa maneira.

— Ser como você e a sua turminha não faz bem. — rebati.

Jackson não disse mais nada, apenas continuou dirigindo. Acho que ele não levou o meu último comentário á sério, mas deveria levar, isso com certeza. Acho que a minha ficha ainda não tinha caído em como idiota é o que estou fazendo dentro desse carro a caminho de um lugar que todos pedem para manter distância. A única coisa que sei, é que não poderia de maneira alguma deixar Griselda se aventurar sem ter ninguém por perto para estabelecer os limites certos.

Um Romance Nos Anos 80Where stories live. Discover now