Capítulo 10

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Me levantei da cama e andei até o meu guarda-roupa. Escolhi a primeira roupa que vi, precisava sair o mais rápido possível se quisesse chegar na praça no horário marcado. Vesti uma calça jeans e uma blusa de frio preta por cima do sutiã mesmo, estava sem tempo. Depois de calçar o tênis da forma mais rápida que já fiz, peguei a minha bolsa e saí do meu quarto.

No caminho até a escada, percebi que não tinha nem se quer dado um jeito no meu cabelo, mas isso não tinha problema agora. Desci cada degrau evitando fazer qualquer barulhinho que fosse, tudo isso era arriscado demais. Se meus pais me pegarem... Nem sei o que vão fazer. Consigo imaginar a fala ensaiada saindo dos lábios deles: vá para o seu quarto agora! Está de castigo para o resto da vida!

Ao chegar no final da escada, na ponta dos pés, me dirigi até a mesinha onde ficava a chave da porta da sala e a peguei com muito cuidado. Tudo estava bem escuro, o que me dava uma certa vantagem caso ouvisse alguém se aproximando. Novamente andando na ponta dos pés, fui até a porta e encaixei a chave e com duas giradas, ela se abriu. Passei para a varanda e tranquei a porta de novo.

Agora estava fácil. Estava do lado de fora. Me sentia péssima por estar fazendo isso, mas... eu queria fazer. Griselda estava louca para assistir esse filme e queria tanto que eu fosse, que não consegui cumprir a minha palavra de não ir até o final. Acabei cedendo mesmo na ausência dela. Estava correndo pela rua deserta a caminho da praça. Olhava para todos os lados querendo garantir que não teria ninguém me observando. Se isso acontecesse, as fofocas não iriam cessar amanhã.

Já pude avistar a praça e corri ainda mais rápido em sua direção. Quanto mais rápido me unisse a eles, mais rápido estaria fora de perigo em ser flagrada por algum conhecido fofoqueiro ou até mesmo que nem fosse um conhecido.
   Coloquei os meus pés dentro da praça e saí andando mais devagar e procurando o pessoal, não estava enxergando ninguém. Será que me atrasei tanto assim? Todos os bancos que durante o dia estão lotados por crianças, idosos ou adultos, estavam vazios. Esse lugar perde totalmente o encanto na escuridão da noite.

— Psiu! — ouvi alguém dizer. Corri os olhos para os lugares mais próximos e vi alguém atrás de uma das árvores — Aqui! — era quase um sussurro de tão baixo que dizia.

Sem fazer hora, me aproximei da árvore e uma mão me puxou para o meio da mata que envolvia algumas árvores. Era ali que os casais geralmente davam uma escapada sem que ninguém os visse. Toda a galera estava lá, todos eram rostos conhecidos.

— Você veio! — Griselda disse empolgada, mas com um baixo tom. Era ela quem tinha me puxado, suas mãos ainda estavam no meu pulso.

— Vim. Não queria que assistisse sozinha, sei o quanto estava louca para ver esse filme. — praticamente sussurrei.

— Não sabe como estou feliz por ter vindo! — exaltou um pouco e me abraçou. Griselda às vezes não se controla.

— Não fale tão alto. Essa cidade escuta tudo, até quando não tem ninguém por perto. — a avisei quando se afastou.

— Eu não estou ligando para mais nada, só que vou ver o gostosão do Ryan em uma enorme tela! — uma risada com um grande desfalque de decência saiu da sua boca pintada.

O pessoal começou a caminhar até o cinema que ficava mais para frente da praça. Fomos nos escondendo em todos os lugares possíveis para não sermos vistos por ninguém.
   Ser visto por alguém era o meu segundo maior medo e era ele que poderia, possivelmente, ocasionar o primeiro que era os meus pais descobrirem sobre a minha fuga noturna. Como se já não bastasse toda essa paranoia, tinha me esquecido que Josh poderia ter sido convidado. Seria outra coisa que ele teria para me ameaçar, mas não o vi entre o pessoal. Vi a Mandy e às duas sombras dela, Laura e Nancy, a novata, os três amigos de Jackson e outros conhecidos.

Um Romance Nos Anos 80Where stories live. Discover now