3. And would you like to recover these memories?

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Nancy e Thomas seguiram o guarda e chegaram a um corredor comprido e iluminado. Havia algumas portas na direita e o guarda abriu uma delas, mandando apenas Thomas entrar. Ele encarou a ruiva, preocupado e hesitou um pouco, mas entrou mesmo assim. Antes que o guarda fechasse a porta, Nancy percebeu que havia duas cadeiras e uma mesa entre elas dentro da sala. O guarda a levou para a porta seguinte e pediu que ela entrasse. Nancy também hesitou, mas entrou segundos depois.

A sala era idêntica à que Thomas havia entrado, a única diferença era a sua ausência - que lhe causava um desconforto sufocante. Nancy se sentou em uma cadeira e esperou pacientemente no local. Tudo o que ela conseguia se lembrar passava como um filme borrado e confuso em sua mente. E era um filme desagradável e triste. Ela soltou um suspiro, apoiando os braços na mesa e brincando com os dedos. Nancy olhou para a sua esquerda e viu uma câmera discreta pouco acima dela. Um destrave eletrônico e um ranger metálico fez um eco baixo pela pequena sala. E quando Nancy olhou para porta, viu Janson.

- Nancy, perdoe-me por fazê-la esperar. Estava conversando com... - Janson fez uma pausa, como se estivesse prestes a dizer algo que não deveria. Nancy estranhou a atitude e o porquê aquele homem lhe parecera tão próximo repentinamente. - Com alguns médicos sobre seus exames, parece que tem se mantido em forma lá fora.

Milhares de respostas sarcásticas e grosseiras atravessaram a mente de Nancy, mas resolveu apenas acenar com a cabeça, concordando com aquele comentário que, de certa forma, a feriu.

- Bem, eu não vou tomar muito o seu tempo. - dle falou, puxando a cadeira e sentando-se frente a frente com ela. - Eu só tenho algumas perguntas.

Nancy encostou as costas na cadeira e ergueu um pouco a cabeça, mas continuou em silêncio.

- Do que você se lembra do CRUEL? - Janson perguntou, mas ela continuou quieta. - Não está encrencada. Nós só estamos conversando e eu estou tentando entender.

- Entender o quê? - ela finalmente disse algo depois de alguns segundos.

- De que lado você está. - a expressão dele não mudou, mas ele pareceu transmitir um ar cruel ao responder.

Nancy e Janson ficaram se encarando por alguns segundos, mas ela desceu o olhar para um pequeno conjunto de folhas que ele colocara na frente dela e começou a falar.

- Lembro que já fiquei presa na CRUEL, correndo em uma esteira ridícula e que eles sempre diziam que eu não era o suficiente. Não sei pra que, mas não me importa. - Nancy contou com raiva. - Lembro que dois amigos meus trabalharam lá, mas se arrependem mortalmente disso. Lembro que me mandaram para o Labirinto e depois os mandaram. Lembro de ver os meus amigos morrerem na minha frente. - a cada palavra que ela pronunciava, um nó na sua garganta se formava. - Estou do lado deles.

- Interessante. - Janson respondeu, encarando Nancy fixamente. - Já ouvi algo parecido anteriormente. E você disse que esses seus amigos trabalharam para o CRUEL, mas que os mandaram para o Labirinto. Por que fariam uma coisa dessas?

- Eu não sei, devia ter perguntado a eles antes de ter matado todos. - Nancy não se segurou dessa vez.

- Eu garanto que vou me lembrar disso. - Janson respondeu, rindo e encostando as costas na cadeira. - E sobre a sua família? Se recorda de algo?

- Minha família? - aquela pergunta surpreendeu Nancy. O que ele gostaria de saber sobre a família dela?

- Sim, pelo o que eu vi, você é bem próxima daquele garoto loiro...

- Newt. - Nancy respondeu rispidamente, antes que ele finalizasse a frase. - Ele... Ele é o meu irmão.

- O CRUEL apagou a memória de vocês, certo? Só conseguiu se lembrar disso?

Aquela conversa começou a ficar esquisita, mas Nancy gostaria de saber aonde Janson queria chegar.

- Eu lembro que tive um outro irmão, um bem mais novo. - ela tentava responder sem dar muitos detalhes. - Obviamente, tive uma mãe e um pai, mas só me consigo me lembrar da minha mãe. Parece que o bloqueio de memória do meu pai é mais forte.

- E você gostaria de recuperar essas memórias?

- Vocês podem fazer isso? - Nancy perguntou, surpresa.

- A menos que você queira.

Nancy pensou antes de responder. Ela parecia ter mais ou menos dezesseis anos e imaginou a torrente de memórias que receberia de uma só vez, mas ela gostaria tanto de saber mais sobre o seu passado...

- Eu não sei. - ela murmurou.

- Tudo bem, tem bastante tempo para decidir. - Janson respondeu, levantando-se da cadeira. - Aproveite a sua estadia aqui.

- É só isso? - ela perguntou, arqueando a sobrancelha.

- É, já me disse tudo o que eu precisava saber. Você vai ser levada ao seu novo quarto. Teresa estará lá também. Logo, vocês serão mandadas para um lugar melhor. - ele começou a empurrar a porta e estava prestes a sair.

- Espera! - Janson virou-se para Nancy enquanto abria a porta com um braço. - E os meus outros amigos? Thomas, Newt... Posso vê-los?

- Mais tarde. - Janson respondeu depois de uma longa pausa, dando as costas para a garota.

Ele fechou a porta, deixando Nancy sozinha na sala novamente. Um guarda se aproximou dele e eles começaram a conversar no corredor.

- Levem-na e façam o mesmo que mandaram fazer com Teresa.

- Tem certeza, senhor? - o guarda indagou, inseguro da ordem que acabara de receber. - A diretora nos informou que apenas Teresa precisava passar pelo processo, parece arriscado fazer Nancy passar pela mesma coisa.

- Não importa, apenas faça! - ele respondeu de forma rude. - E eu acho que vão precisar de reforços para fazer com que ela passe pelo refeitório, ela é bem encrenqueira, mas mesmo assim, façam o que eu digo.

Janson deixou o guarda, seguindo para o fim do corredor. O guarda suspirou, cansado, pegou o rádio logo em seguida e pediu que mais três guardas o encontrassem lá. Ele abriu a porta da sala onde Nancy se encontrava e pediu para que ela saísse. Nancy obedeceu e seguiu o guarda, que fazia o mesmo caminho de Janson. No meio do caminho, os outros três guardas apareceram. Dois na frente e dois atrás. Nancy se sentiu especial de uma forma estranha. Por que quatro guardas deveriam escoltar uma garota até o seu quarto?

Seguiram o caminho em silêncio, exceto pelo som dos passos das cinco pessoas andando pelo corredor vazio. Nancy começou a ouvir ruídos de conversas atravessadas, o que a deixou um pouco animada. Logo ela viu uma porta, seguida de uma vitrine comprida. Percebeu que os sons vinham de lá e não tirou os olhos por um segundo dos objetos, esperando encontrar algo interessante. Os guardas passaram direto pela porta, o que a deixou ansiosa e quando Nancy olhou para a vitrine, mal pôde acreditar.

Dezenas de outros adolescentes reunidos, todos comendo juntos em um grande refeitório. Perguntou-se por que não estava ali, já que viu que havia algumas garotas - nenhuma delas eram Teresa -, mas resolveu procurar pelos garotos que conhecia. Quando menos esperou, viu um garoto alto e de cabelos castanhos se levantar rapidamente, andando na direção da vitrine. Thomas.

- Nancy? - ele chamou, a voz abafada por causa do vidro e das paredes grossas de concreto.

- Thomas? - ela chamou de volta, parando próxima do fim da vitrine.

- Continue andando. - o guarda falou com a voz grossa, empurrando-a para frente.

- Mas ele é o meu amigo. - Nancy respondeu, tentando passar pelos dois brutamontes. - Eu quero vê-lo. Thomas!

- Nancy! - Thomas chamou mais alto, sendo barrado por outros guardas que estavam no refeitório.

- É para continuar andando, garota. - o guarda rosnou grosseiramente, empurrando-a para frente com mais força e fazendo Nancy perder a visão de Thomas no refeitório. - Vamos te levar para o seu quarto e depois você vem ver os seus amiguinhos, ouviu?

Nancy não respondeu, mas encarou os dois guardas da cabeça aos pés, cada vez mais desconfiada. Aquele lugar era o que realmente diziam ser? Por que tinha que se separar dos seus amigos? Nancy guardou as perguntas para mais tarde e continuou andando, mesmo que contra a sua vontade.

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