Os clareanos seguiram as pegadas na areia cautelosamente até um portão do que parecia ser uma antiga loja. Minho parou na frente do portão e tentou enxergar o que havia lá dentro pelas frestas.
- Vamos abrir. - ele falou, agachando-se e erguendo o portão junto com Thomas.
Todos entraram cautelosamente, mas Thomas se dirigiu rapidamente ao que parecia ser uma pilha de roupas empoeiradas. Caçarola achou um lampião elétrico e o acendeu. Nancy soprou o pó de algumas pequenas lanternas e pegou uma. Teresa já havia pego uma delas e apertou o botão para ligá-la, assustando-se quando a luz foi direto no seu rosto. Minho pegou uma jaqueta e a sacudiu.
- Já morou gente aqui. - Winston comentou enquanto todos exploravam o local.
- E onde eles estão? - Newt acrescentou, fazendo Nancy sentir um calafrio só de imaginar.
Nancy se assustou quando Thomas sacudiu um casaco ao seu lado e direcionou a luz da lanterna nele enquanto ele vestia a roupa que havia pegado.
- Vamos levar algumas coisas. - Thomas falou enquanto ajeitava o casaco. - Qualquer coisa que acharem útil. Vamos nos separar e depois nos encontramos aqui.
Todos concordaram e voltaram a explorar o lugar.
- Espera aí, Tom. - Nancy jogou uma lanterna para ele e os seus olhos se encontraram depois de tanto tempo. O seu rosto expressava um pouco de tristeza, apesar dela sorrir para ele. - Tome cuidado.
- Não se preocupe. - ele respondeu, acendendo a lanterna e apertando o ombro de Minho, mas sem tirar os olhos de Nancy. - Tome cuidado você também. E não vá muito longe. Vamos, Minho.
Minho e Thomas deixaram a loja, deixando Nancy um pouco preocupada. Enquanto isso, Newt e Caçarola preparavam mochilas que já estavam bem lotadas. Nancy e Teresa entraram em uma grande loja. Viram colchões e cobertores abandonados no chão e foram caminhando entre eles. Nancy direcionou a luz da lanterna para a sua esquerda e viu um manequim destruído, mas naquela situação, era quase como uma assombração. Ela levou um susto e deu um passo para trás, esbarrando em Teresa e assustando-a também. As duas quase gritaram, mas perceberam que era apenas um manequim.
- Tá tudo bem aí, meninas? - Newt perguntou, vendo que as duas observavam alguma coisa com pavor.
As duas lançaram um olhar rápido para Newt e depois voltaram a observar o manequim.
- Sim, estamos bem. - Teresa respondeu, percebendo que Nancy estava em um estado de choque intenso.
Elas caminharam mais um pouco e acharam uma pilha de roupas. Nancy se dirigiu rapidamente até lá, mas Teresa percebeu como ela estava nervosa.
- Nancy, você tá bem? - Teresa perguntou, realmente preocupada.
- Eu? Eu tô bem. - ela parecia estar em outro planeta.
- Você tem que se acalmar. O que tá acontecendo?
- Nada, eu só... Não sei, mas não é nada. - ela vasculhava as roupas, procurando por alguma que servisse.
- Pode me contar. - Teresa colocou uma mão na cintura enquanto a outra erguia a lanterna na direção das roupas.
Nancy parou de mexer na pilha e abaixou a cabeça. Era impossível não perceber a preocupação que Nancy tinha.
- Tudo bem, você me pegou. - Nancy falou, erguendo a cabeça novamente. - Eu... E-Eu tô com medo, mas eu não deveria. Eu olho para vocês e me sinto uma covarde. Vocês são tão corajosos enquanto eu me encolho em um canto e choro. - Nancy secou os olhos antes que as lágrimas começassem a cair, mas sua voz começou a ficar embargada. - E o Thomas... E-Eu só me sinto corajosa perto dele. Me desculpa.
- Nancy, tá tudo bem. Estamos todos sentindo medo e você não faz nada disso do que você falou. Você diz isso, mas foi corajosa o suficiente para encarar o Janson, tentar atirar nele e passar por debaixo daquela porta quase sendo esmagada. E você fez mais um monte de coisas no Labirinto que poucos tiveram coragem de fazer. Não diga besteira. Você não é medrosa e mesmo sentindo medo, encara os perigos. É isso que te torna corajosa.
Nancy deu uma fungada e tentou sorrir, o que Teresa lhe disse a fez se sentir melhor.
- Eu ainda me sinto idiota por chorar toda vez que toco no assunto.
- Tudo bem chorar, é uma maneira de colocar as coisas ruins para fora. Isso não é fraqueza, só mostra o quanto você é forte por aguentar o que quer que esteja te pertubando.
Nancy sorriu para Teresa e ela sorriu de volta.
- Obrigada, Teresa. Você sabe animar alguém.
- Você também. - Teresa devolveu o elogio, fazendo Nancy se lembrar da conversa que tiveram no vestiário. - Agora, vamos nos trocar.
As duas separaram algumas roupas e foram para um lado mais distante dos outros garotos para se trocar. Depois disso, procuraram por algum sapato e os colocaram, sentando-se em um dos colchões abandonados. Teresa já iria apanhar sua mochila, mas algo lhe chamou atenção. Uma foto de uma garotinha com um ursinho. Ela pegou o objeto e tirou o pó de onde mostrava o rosto da menininha com um sorriso que logo sumiu.
- Para onde você foi? - ela murmurou, como se falasse com a garotinha através da foto.
- O que disse? - Nancy perguntou enquanto amarrava seu cadarço.
- Olha essa foto. - Teresa estendeu a foto para a amiga enquanto se levantava. - Para onde você pensa que ela foi?
- Eu não tenho ideia, mas espero que ela esteja bem. Ela é muito jovem para sofrer nesse mundo horrível, seja lá o que tenha acontecido com o mundo que eu costumava viver.
Nancy deixou o retrato em cima do colchão com delicadeza, triste por imaginar que aquela criancinha poderia estar perdida. Ou morta. Teresa pareceu refletir e quando Nancy se levantou acomodando a mochila nas costas, mudou o assunto.
- Nancy, você acha que o CRUEL realmente quer nos fazer mal?
- Como assim? - Nancy perguntou, surpresa com aquela pergunta.
- Bom, aquela mulher havia explicado que éramos importantes e Janson nos disse que éramos imunes ao Fulgor. - Nancy começou a entender a que ponto ela gostaria de chegar. - Eles querem encontrar uma cura, como isso pode ser tão ruim?
- Eu entendo que eles tem as melhores intenções, mas eu não concordo com os métodos. Eu acho que, a partir do momento em que pessoas começam a ser sacrificadas contra a vontade delas para um bem maior, não vale a pena seguir por esse caminho.
- Faz sentido. - Teresa concordou, mas ela parecia estar com a cabeça em outro lugar.
- Meninas, estão prontas? - Newt perguntou, colocando a mochila pesada nas costas.
- Sim! Estamos indo. - Nancy respondeu com certo entusiasmo enquanto andava na direção dele, seguida por Teresa.
Quando Nancy e Teresa se juntaram novamente ao grupo, luzes foram acesas. Uma rede de lâmpadas redondas que as garotas não haviam percebido até o momento iluminaram os colchões enquanto outras luminárias que estavam pelo caminho se juntavam ao show de luzes. Cada dupla saiu de uma loja diferente e se reuniram no corredor.
- O que foi? - Winston perguntou, chegando com duas mochilas nas mãos.
- Eu também não sei. - Caçarola respondeu, olhando para as luzes que haviam sido acesas.
- Onde estão... - Nancy começou a pergunta, mas Thomas a interrompeu com um berro ao longe.
- EI! - ele gritava repetidas vezes, fazendo todos olharem para a esquerda. - EI! CORRAM!
Todos viram Thomas e Minho aparecer, mas não entendiam o por quê gritavam e corriam. Foi quando ouviram um uivo horripilante e pessoas se contorcendo enquanto corriam atrás dos dois amigos. As luzes haviam despertado os Cranks, que era a última coisa que eles desejavam encontrar.
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A Reason To Keep Fighting《 MR: The Scorch Trials Fanfic 》
Fanfiction[2/4] ▪ [CONCLUÍDA] Depois dos altos e baixos no Labirinto, Nancy e os clareanos são levados à uma base militar que diz protegê-los do CRUEL. Isso deveria ser algo que todos engoliriam de bom grado, mas Nancy e Thomas desconfiam de que há algo errad...