14. A lightning strucked you, your ugly shank.

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Depois de um tempo, Thomas e Nancy retornaram ao grupo. Todos pediram que ela cantasse e apesar de Thomas não ter dito nada, ele pedia com o olhar. Nancy acabou cedendo e concedeu o pedido aos amigos. Ela cantou a mesma a música que sua mãe cantou na primeira memória que ela havia recuperado. E acabou recuperando muitas outras de momentos como aquele, enquanto Teresa fazia uma trança no seu cabelo e os garotos - especialmente Thomas - a ouviam com admiração.

Nancy cantou mais algumas músicas e todos adormeceram. Quando ela percebeu, dormiu também. Thomas se assustou quando a ruiva parou de cantar. Não esperava e nem queria que Nancy parasse, mas quando viu que ela dormia, sorriu e acabou adormecendo também. Com certeza, ambos sentiram falta do bate-papo antes de dormir, mas o cansaço era muito maior.

Na manhã seguinte, eles acordaram e seguiram com o seu caminho. Apesar de terem tido uma noite um pouco divertida, o calor acabou aborrecendo todos eles e ninguém disse uma palavra desde que começaram a andar. A caminhada durou mais um dia e eles pararam para dormir no chão mesmo, sem cobertura nenhuma. Ninguém mais tinha ânimo e nem energia para pronunciar uma única palavra.

Thomas se mexeu e gemeu, pois dormir no chão seco do deserto era mais desconfortável do que ele podia imaginar. Acabou abrindo os olhos e se preparava para voltar a dormir, quando viu luzes próximas da base das montanhas. Ele levantou a cabeça e estapeou a perna de Newt.

- Newt, levanta! - ele acordou um pouco assustado enquanto Thomas acordava os outros. - Gente, levanta! Eu tô vendo uma coisa. São luzes.

Um raio rompeu a tranquilidade do lugar logo atrás deles, fazendo todos se assustarem. Mais outro caiu, um pouco mais próximo dessa vez.

- Temos que ir. Rápido. - Nancy falou enquanto pegava a mochila com rapidez.

Os outros fizeram a mesma coisa enquanto os raios se aproximavam. Todos começaram a correr e os raios pareciam se intensificar a cada passo que davam.

- Anda, Nancy! - Thomas gritou, diminuindo a velocidade para puxá-la pela mão.

Depois que um raio caiu ao lado deles, ele apertou a mão dela com mais força, mas depois soltou porque achou que a machucou fazendo isso e voltou a correr com os outros. Os clareanos começaram a se aproximar da construção e perceberam que havia carros abandonados e enferrujados pelo espaço, e um deles foi atingido por um raio. Newt, Aris e Caçarola estavam na frente, enquanto Thomas e Teresa estavam logo atrás. Minho e Nancy estavam lado a lado e atrás do grupo.

Ela corria e gritava para que continuassem correndo, mas ele, à sua esquerda, olhava os raios um tanto admirado. De repente, Nancy viu um clarão branco e rápido junto com um estrondo e foi jogada longe. Ela colocou a mão no ouvido enquanto se apoiava nos braços. Ele zumbia muito alto, deixando Nancy atordoada e surda por alguns segundos - que pareceram mais uma eternidade. Nancy olhou para trás e viu Minho no chão, esfumaçando pelo corpo todo e desacordado.

- Minho! - ela chamou, mas mal conseguiu ouvir a própria voz.

Nancy tentou se levantar várias vezes e foi tropeçando até o amigo. Sua audição voltava aos poucos e conseguiu se ouvir gemendo por causa da dor no corpo depois daquela pancada. Ela agarrou na jaqueta dele e tentou levantá-lo, mas apenas o sacudiu porque caiu logo depois.

Newt e Thomas apareceram e a afastaram do amigo para poder agarrá-lo. Nancy os encarou um pouco atordoada, mas agradecida por terem aparecido. Newt e Thomas ergueram Minho e começaram a arrastá-lo na direção da porta, enquanto Nancy tentava andar atrás do trio.

Ela voltou a ouvir os raios se chocarem contra o chão aos poucos, mas não sabia se queria voltar a ouvir tudo aquilo e os gritos desesperados dos seus amigos. Aris e Teresa haviam entrado, Caçarola segurava a porta para os amigos que ainda estavam vindo enquanto gritava para que fossem mais rápidos. Os raios ficavam cada vez mais altos, mas quando entraram no que parecia ser um enorme galpão, o barulho foi abafado.

- A lanterna! Acende a lanterna! - Nancy falou um pouco alto, pois sua audição ainda não voltara cem por cento.

Um feixe de luz surgiu e foi apontado diretamente para o rosto de Minho, que ainda estava desacordado. Nancy agarrou na gola dele como se fosse socá-lo e gritou:

- Minho! Acorda, Minho!

- Qual é, cara! Acorda! - Thomas exclamou, ligando outra lanterna.

Todos começaram a implorar que ele acordasse. Depois se fez uma pausa, mas ninguém havia perdido a esperança ainda e voltaram a tentar acordá-lo. Mais um silêncio se fez presente, mas não durou muito.

- Aaarrrggghhh. - Minho resmungou, deitando a cabeça para o lado e fazendo os outros suspirarem de alívio.

Os clareanos riram de alegria por ele estar vivo - e pela reação dele também. Minho levantou um pouco a cabeça e olhou para o rosto de cada um, ao mesmo tempo que olhava as mãos esfoladas.

- O que rolou?

- Um raio te atingiu, seu trolho feio. - Nancy riu, fazendo Newt e Thomas rirem também.

Minho olhou para cima, parecendo pensar sobre a nova informação recebida.

- Oh. - foi tudo o que ele disse.

Os três riram novamente. Thomas e Newt o ajudaram a levantar enquanto falavam para ir devagar. Teresa olhou ao redor e percebeu que havia algo estranho naquele lugar. Se Thomas havia visto luzes, por que aquele galpão estava tão escuro? Sem falar no cheiro, parecia que alguma coisa estava se decompondo naquela escuridão infinita.

- Nossa, que cheiro é esse! - Teresa murmurou, tentando enxergar algo na escuridão.

Ela ouviu um passo e viu a silhueta de uma pessoa se aproximar, ligou a lanterna rapidamente e viu um Crank esticar um braço na direção dela. O homem soltou um rosnado horripilante e Teresa gritou, dando vários passos para trás e esbarrando em Nancy, assustando os outros clareanos.

Por sorte, ele estava acorrentado. Outro Crank surgiu à direita deles e quase agarrou a gola de Thomas, mas também estava acorrentado. Mais outro surgiu na esquerda acorrentado pelo pulso. Todo lugar em que eles direcionavam a luz da lanterna, um Crank novo aparecia, mas todos eles estavam acorrentados. Obviamente, eles não haviam feito aquilo sozinhos, então quem havia feito?

- Já se apresentaram para os cães de guarda. - uma voz feminina surgiu do outro lado do galpão, sobrepondo-se ao ruídos aterrorizantes do Cranks.

Uma luz se acendeu, mostrando a silhueta de uma pessoa com cabelo curto.

- Quem é ela? - Caçarola perguntou, tentando controlar a respiração.

A garota começou a andar. Ela passava entre os Cranks com a maior tranquilidade, mas não se movia muito. Os "cães de guarda" tentavam agarrá-la, mas ela praticamente debochava deles. Um dos Cranks batia os dentes na tentativa de mordê-la - e passava bem perto disso -, mas sem sucesso. A garota se aproximou do grupo, parando frente a frente com eles. Ela era morena e tinha cabelos negros. Seus olhos eram castanho escuro e ela sorria, mesmo diante daquele lugar horrível.

- Vocês estão detonados. Venham comigo. - a garota falou, dando as costas e voltando para onde veio logo depois de fitar cada um deles. Ela parou e virou-se novamente para o grupo. - A não ser que prefiram ficar com eles.

Nancy desconfiou dela a princípio, mas não tinha outra escolha.

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