VANTE: GIRASSÓIS DE DANTE

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⚠️TW: depressão

TAEHYUNG

Faz trinta e nove dias que Hoseok e eu terminamos. Trinta e nove dias que eu tenho estado sozinho. Trinta e nove dias que o quarto dele está vazio. Trinta e nove dias que se parecem os mesmos.

Me pergunto se não estou preso em um looping infinito, não importa se é quinta, sexta ou sábado, todos os dias vão ser iguais, todos os dias vão ser dolorosos e longos, vão ser exaustivos e angustiantes, todos os dias eu vou querer ligar para ele e não ter coragem.

Estou com saudade.

Tem vezes em que desejo nunca ter sentido nada por ele, porque está doendo, está doendo muito.

Queria dizer que guardo ódio, que o que eu sinto é apenas ódio e mágoa, mas estaria apenas me enganando. Sinto falta da nossa rotina, sinto falta de dormir com ele, da risada dele, do cheiro dele, sinto falta dele.

Esses dias eu tenho sonhado com Hoseok, sonho comigo entrando no seu quarto, com ele me abraçando, me beijando, eu sonho que ele volta pra casa, que volta pra mim. E quando eu acordo, é como se o mundo inteiro fosse arrancado das minhas mãos.

E o que mais me machuca é pensar que, de alguma forma, eu já sabia que isso aconteceria. Eu sabia que estragaria tudo, sabia que ele iria embora, que eu iria me machucar, sempre foi apenas questão de tempo.

Vou entrar em recesso da escola na próxima semana, o que vai me dar mais tempo para pensar, e quando eu penso demais, não costumo ter ideias boas.

Costumo passar o dia na cama, apesar de ter coisas para fazer, matérias para estudar e exames com os quais preciso me preocupar, mas eu não consigo sair da cama. É como se houvesse um peso enorme em cima de mim, me impedindo de mover qualquer músculo, eu durmo e acordo, o tempo inteiro, durmo, acordo, durmo, acordo. E nas vezes em que o sono não vem, são todos os pensamentos negativos que invadem minha mente, me torturando com cada passo em falso que dei, cada coisa estúpida que eu disse, me fazendo imaginar inúmeros cenários onde eu poderia ter evitado a ida dele, mas eu estraguei tudo e agora é tarde demais para pensar assim.

Eu só queria não gostar tanto dele, queria não ter me apegado tanto, porque dói mais do que jamais doeu com Jungkook ou qualquer outra pessoa.

E eu sinto falta dele, como um buraco dentro de mim que precisa urgentemente ser preenchido, como se eu fosse morrer com a ausência dele, mas é pior, porque eu não vou morrer, eu vou definhar e mesmo que esteja em carne viva, vou continuar respirando, meu coração vai continuar batendo.

Por mais que eu ainda consiga sair da cama e me prestar a alguma coisa, por mais banal que seja, por mais simples que seja isso, eu não consigo me livrar daquela voz, aquela voz ecoando no fundo da minha mente, que antes não era tão forte e a cada dia ela ganha mais força, maia vigor, ecoa como um grito estridente, mais cruel a cada dia.

Como um demônio, consumindo mais de mim a cada minuto, hora e dia, e não vai parar enquanto não me ter por inteiro, enquanto não destruir cada parte de mim e no fim não vai me restar mais nada.

Estou a horas trancado no sótão, me dedicando a terminar o quadro que comecei há dias atrás, mas a cada vez que o pincel toca a tela e a tinta se espalha por ela, mais cansado eu me sinto.

É patético o fato de eu não ter energia nem para fazer a única coisa que sei fazer com excelência, a única coisa na qual eu sei que sou bom de verdade, e se essa coisa tirar isso de mim também, não vou ter mais pelo o que lutar.

No fim do dia, quando Youngsoo chega em casa, me obrigo a descer as escadas para jantar e ponho um sorriso no rosto, para quando ele me perguntar sobre Hoseok, eu poder mentir que ainda conversamos, poder mentir que ainda nos vemos e saímos juntos, ainda que ele saiba que não é verdade, ainda que saiba que eu sou um puta mentiroso.