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HOSEOK

Quase sete horas da manhã de uma segunda-feira e, a dor de cabeça impertinente que sinto, só enfatiza o quão babado eu fiquei na noite passada.

Olhei para a garrafa de água dentro da geladeira, como se minha mente tivesse desligado, passo tempo demais olhando para dentro, sentindo o frio me rodear conforme os segundos se estendiam, fico parado ali até ouvir o meu celular apitar, a notificação de uma nova mensagem, caio em mim outra vez, pego a garrafa e fecho a geladeira indo na direção do som.

Jimin me enviou um vídeo da noite passada, onde ele e eu aparecemos igualmente bêbados, com Yoongi ao lado, beijando um cara até então desconhecido por mim.

Eu deveria me lembrar disso, mas tudo o que meu cérebro me entrega são flashes rápidos, como se a noite inteira, das onze até às cinco da manhã, houvessem sido resumidos em apenas trinta minutos.

Ele enviou outro vídeo, e nesse nós estamos cantando, aos berros, a música Lonely, como se fosse o fim do mundo, como se aquele fosse o momento mais deprimente das nossas vidas e eu até diria que é sim, se não houvessem dezenas de vídeos iguais ou até piores do que esse.

Qual o meu problema? Eu, definitivamente, não sei mais beber sem despencar dentro de uma das memórias mais angustiantes da minha vida, como se tudo tivesse acontecido no dia anterior. Me pergunto quando vou superar isso. Cadê a porra do meu momento de redenção, os dias de glória, quando é que o bem vai vencer?

Mais um vídeo. Parece até um pesadelo.

Ao menos nesse, é Jimin quem chora e não eu. Cansei de receber vídeos meus, bêbado e chorando.

No vídeo, ele começa a chorar, balbuciando alguma coisa sobre Jungkook, com Yoongi rachando o bico enquanto grava, e eu pedindo pelo amor de deus, que ele parasse de chorar. Acaba com ele me abraçando, chorando feito uma criança no meu ombro.

Mais um fim de semana completamente normal nas nossas vidas.

A porta do quarto de Yoongi foi aberta, mas quem passou por ela foi o cara que ele tinha beijado no primeiro vídeo, a prova em carne e osso, respirando, viva, de que tudo o que aconteceu na madrugada de hoje foi totalmente real.

– Bom dia – sorriu para mim, não sabendo bem como agir. Ele é alto, magro, cabelo castanho, e usava somente uma bermuda azul marinho.

– Bom dia – sorri de volta, tentando parecer o mais simpático possível, enquanto desejo mentalmente a todos os deuses que ele vá embora logo.

Até quando eu vou ser o responsável por enxotar de casa, as pessoas com quem Yoongi passa a noite?

– Quer uma água – ofereci, apontando com o queixo para a geladeira.

– Na verdade, eu quero sim – aceitou, se aproximando devagar. O assisti puxar uma das cadeiras da bancada, sentando enquanto esperava eu lhe buscar um copo no armário e enchê-lo com água do filtro – Mas e você, está bem? Me lembro de ter te visto chorar ontem...

Inferno!

Coloquei a caneca à sua frente, fixando bem meus olhos em seu rosto, um flash rápido me passou pela cabeça, a cena dele me oferecendo uma garrafa d'água, e em seguida entrando no carro do Uber conosco.

Chego a forçar minha mente atrás do nome desse indivíduo, desistindo quando percebo que não vou conseguir me lembrar.

– Qual é mesmo o seu nome? – questiono, arrancando um riso fraco de sua parte.

– Yuta.

– Sim, Yuta – repeti, balançando a cabeça em concordância – E eu disse o motivo de estar chorando? – perguntei, temendo a resposta.

VANTE: GIRASSÓIS DE DANTEWhere stories live. Discover now