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HOSEOK

Acho que Taehyung está levando a escolha da cor das cortinas da sala à sério demais. Depois de trinta minutos na loja desisti completamente de opinar. Na verdade, eu só quero sair daqui com uma cortina e mais nada.

– Vai ser preto, Taehyung. Preto combina com tudo – tentei uma última vez.

– Vermelho.

– Eu acho que o nosso fim vai ser por conta de uma cortina – cruzei os braços, ganhando a atenção de seus olhos.

– Sério? Nem escolhemos o tapete ainda – disse, fazendo pouco caso da situação.

Acabo sorrindo, não acredito que ele está mesmo fazendo piada.

– O apartamento é meu.

– Sim, e você tem um péssimo gosto. Depois eu te mostro a casa que fiz no Pinterest – deixou alguns tapinhas no meu ombro.

Soltei um riso fraco, o acompanhando pelos corredores. Nem mesmo a atendente estava aguentando mais a nossa indecisão.

– E se for aquela azul ali? – apontou com o indicador para a cortina no fim do corredor – Azul marinho.

– É, pode ser...

– Graças a deus! – a mulher exclamou ao nosso lado, andando em passos rápidos até a bendita cortina – Vou pedir para embrulhar pra vocês – se adiantou, não nos dando a chance de discutir sobre.

Ela sorriu, antes de nos dar as costas e nos deixar sozinhos no corredor.

– Qual vai ser a cor do tapete agora? – Taehyung se virou para me encarar, me forçando a suspirar pesadamente.

– Por que você não escolhe? Já é formado em design de interiores pelo Pinterest.

Ele sorriu, parece até uma criança na loja de brinquedos. É como se fossemos morar juntos.

Taehyung escolheu rapidamente a cor do tapete, mas ficou perdido entre três tipos, tentei opinar, mas não o fiz quando percebi que estava começando a ficar estressado.

Ele tem se irritado muito facilmente nas últimas semanas, anda de mau humor por aí, resmungando. Eu sei que é a abstinência da nicotina, então o máximo que eu posso fazer além de trocar o adesivo de nicotina dele, e comprar quantas balas e pirulitos ele quiser, é tentar não tirá-lo do sério, o que tem sido muito difícil.

– Não quer passar no mercado e comprar sorvete? – perguntei enquanto terminava de guardar as coisas no porta-malas.

– Sim, e podemos comprar alguma coisa pra comer também – sugeriu, distraído ao assistir uma menina correr atrás do cachorro que havia se soltado da coleira – Eu sempre quis um cachorro.

– Sua mãe é alérgica, né? – lembrei rapidamente, girando a chave antes de me aproximar da porta.

– É, mas eu tive um hamster quando criança.

– E o que aconteceu com ele?

– Ele fugiu, ou morreu, não sei, meus pais nunca me disseram a verdade – deu de ombros, entrando no carro logo depois de mim.

Passamos no mercado como combinado, ele pareceu feliz diante de toda aquela besteira, se entupindo de salgadinhos de queijo e refrigerante. Pensando bem, quem não fica feliz com isso?

Em casa ele se mostrou ainda mais empolgado, insistindo em pintar as paredes logo, as tintas já estavam ali, os rolos e pincéis também. Acabei cedendo.

Depois de ter aberto as latas ele tratou de tirar a camisa, puxando pela gola e a largando sobre a bancada da cozinha. Uma tentação.

Pode ser por eu estar a pelo menos cinco meses sem beijar ou tocar ninguém, mas a cada dia que passa ele se torna ainda mais gostoso. E eu não tenho mais autocontrole.

VANTE: GIRASSÓIS DE DANTEWhere stories live. Discover now