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HOSEOK

Por fim, o último mês de outono.

Quando chego na casa do meu pai domingo de manhã, Taehyung está trancado no quarto enfiado no computador, terminando um desenho na mesa digitalizadora.

Ele tem trabalhado muito nos quadrinhos, já fez vários e atualmente os posta na internet. O tempo todo o vejo carregando esboços de novos personagens, e ele os faz com tanta calma e paciência. É tão bom vê-lo apegado a algo assim, algo que o deixe feliz.

Faz meses que ele está se tratando, e é reconfortante vê-lo bem, ver que está melhorando e progredindo no seu próprio tempo. Ainda que haja momentos ruins, porque não dá para ser feliz o tempo todo.

Ele fica chateado às vezes, então simplesmente diz que tudo bem, que não temos controle sobre certas coisas. E é quando ele prefere ficar sozinho, com seus próprios pensamentos, ele diz que precisa por a mente no lugar.

É um processo lento, pode demorar horas, dias, semanas, mas então ele aparece animado com algo. E por deus, eu não consigo descrever o quão aliviado me sinto, só de vê-lo sorrir.

Taehyung tem conquistado o seu próprio espaço. Ele não é mais algo no mundo de alguém, ele é o seu próprio mundo.

Bati na porta que já se encontrava aberta, apenas para chamar a sua atenção. Ele abriu um sorriso, tirando os fones de ouvido.

– Não sabia que vinha hoje.

– Aqui tem comida.

– Hobi, tem uma padaria na rua do seu prédio – rolou os olhos, deixando de lado o computador.

– Tudo bem, eu vim porque aqui tem você – digo, arqueando as sobrancelhas e me apoiando no batente da porta, o vejo arquear as sobrancelhas e sorri tímido – Na minha casa não tem você.

– Idiota – abaixou a cabeça, recuperando-se para então se levantar e vir na minha direção – Vamos descer, minha mãe fez café.

Deixei que passasse na frente, espreguiçando-se e coçando a cabeça em sequência. Quase não consigo acreditar no quão idiota apaixonado eu me torno perto dele, e no quanto isso fica evidente às outras pessoas.

– Dorme lá em casa hoje – pedi, agarrando sua cintura, o forçando a parar no corredor.

– Dormi lá na semana passada, Hobi – murmurou, apoiando as mãos sobre as minhas, se preparando para fugir dos meus braços.

– E daí? Semana passada é semana passada.

Ele riu, balançando a cabeça em negação.

– Não.

– Por favor.

– Não.

– Por que não?

– Porque eu fico irritado e desconto em você, então você fica irritado e eu não quero brigar – explicou pausadamente.

– Como na semana passada, quando você me mandou respirar mais baixo?

– E quando eu disse que você era irritante – murmurou, desviando o olhar rapidamente.

– Nossa, você é cruel quando quer.

– Me desculpa – passou os braços ao redor do meu pescoço, deitando a cabeça no meu ombro – Desculpa, você é tão legal comigo, eu não mereço você.

– E você gritou comigo na maior parte do tempo – lembrei, o prendendo ao meu corpo, me esquecendo por um segundo de que estávamos na casa de nossos pais.

VANTE: GIRASSÓIS DE DANTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora