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  "É preciso muita audácia para enfrentarmos os nossos inimigos, mas igual audácia para defendermos os nossos amigos." ~Harry Potter e a Pedra Filosofal.

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  — Bom dia, filhote. — minha mãe sorri, me estendendo uma xícara de café quente.

  Quase suspiro aliviado quando ela beija minha bochecha e acaricia meu rosto. Significa que eu ainda sou o seu filho perfeito, e não a vergonha da família Jeon. Quase pulo de felicidade ao ver que ela não faz a mínima ideia do que aconteceu ontem.

  Ainda.

  — Bom dia. Estou indo para a escola. — digo, recusando a xícara. Pego uma maçã em cima da mesa e já me encaminho para a porta de entrada, torcendo para não encontrar Taehyung em sua varanda.

  Mas é óbvio que não vou encontrá-lo. Diferente de mim, ele está sempre atrasado.

  — Eu limpei sua bicicleta para que você possa usá-la. — minha mãe grita da cozinha e, antes que eu saia, continua: —Tomara que a Ha-eun te veja sair com sua bicicleta limpinha, enquanto os filhos dela vão andando para a escola!

  Não consigo evitar, me lembrando da imagem de Taehyung, apenas de cueca, dentro do meu quarto na noite passada e em tudo o que aconteceu depois daquilo. A noite anterior ainda me parece um sonho... ou melhor, um pesadelo. Meu coração se acelera de nervosismo e de expectativa, porque não sei o que vai acontecer assim que eu encontrá-lo.

  Eu sei que nunca devo confiar em um Kim, mas espero mesmo que o que ele me disse seja verdade, e que ninguém além dele e de mim tenha ciência de que sou gay.

  — Oppa, o que está fazendo? — a voz de Kim Taeyeon me tira de meus devaneios, e me viro para ela em um sobressalto.

  — Que susto! — olho para a garota, que está sentada na varanda ao lado, com um uniforme amarelo e uma mochila branca, de gatinho. Apesar de ser bem mais nova, ela se parece muito com Taehyung. — Eu estou indo para a escola. Você ainda está esperando seu irmão? Ele vai demorar muito a sair?

  — Você quer saber do Taetae? — ela pergunta, curiosa, e por algum motivo eu sinto minhas bochechas ficarem quentes. Nunca lhe perguntei nada sobre seu irmão, então isso deve ter soado bem estranho.

  Ótimo. Estou preocupado com o que uma menininha de seis anos pensa.

  — Na verdade, eu já vou indo. — digo, caminhando com a minha bicicleta até à esquina, onde enfim começo a pedalar, deixando a casa dos Kim e a curiosidade da garota para trás.

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  É aula de música, e todos estão cantando em coro, quando observo Taehyung arrastar a cadeira dele discretamente para o meu lado. Tento não revirar os olhos e recuar, focando-me na letra que sai de minha boca.

  — Sobre o que aconteceu ontem, — ele sussurra, de olho em nosso professor, que auxilia, sem paciência, alguns alunos desajeitados com seus vocais. — você pode não contar para ninguém? Eu e Yoona já fizemos as pazes.

  Dou de ombros, não dando a mínima importância. Será que ele pensa mesmo que eu vou contar sobre a confusão deles dois para alguém? Que patético.

  — E... não se preocupe também... — ele hesita, aproximando-se mais de mim, e consigo sentir o aroma enjoativamente forte de seu perfume masculino. — não vou contar para ninguém que você é gay.

  Olho para ele, estupefato. Então, dou uma olhada discreta nas pessoas à nossa volta, preocupado com a possibilidade de alguêm tê-lo escutado, porém, felizmente, todos parecem estar mais ocupados em acertar as notas e os tons do que em prestar atenção em nós dois.

NEIGHBOURS | taekook (revisão)Where stories live. Discover now