bracelete

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           "Se você não quer ser esquecido assim que partir, ou escreva coisas que valham a pena ser lidas ou faça coisas que valham a pena ser escritas." ~ Carson McCullers

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— Só espere até eu te dar o sinal, tudo bem? — murmuro para Taehyung, que engole em seco.

  Estamos escondidos atrás da enorme árvore do jardim dos Jeon, pensando em um jeito de fazer com que Taehyung entre em nossa casa despercebido. Sei que é muito arriscado, ainda mais depois de todo o lance com a minha mãe, mas não posso simplesmente deixá-lo ir para casa não sabendo o que seus pais podem fazer em seguida.

  — Jeongguk, não acho que isso seja uma boa ideia... — ele murmura, os olhos preocupados indo de mim até a minha casa. Lhe dou um sorriso tranquilizador, acariciando seu rosto.

  — Vai dar tudo certo, Tae. Você confia em mim, não confia?

  — É claro que eu confio. — ele responde sem hesitar, o que por algum motivo me deixa muito feliz.

  — Então pronto. — olho para o relógio em meu pulso, e então percebo que faltam apenas quinze minutos para que meu pai chegue do trabalho. Engulo em seco.

  Preciso botar Taehyung dentro de casa antes disso acontecer, ou essa história acabará se tornando em uma narrativa policial.

  — Eu vou distrair a minha mãe para que você possa atravessar o quintal, então presta atenção na janela da cozinha. Qual é o sinal? — pergunto novamente, só para me certificar.

  — Um "V". — Taehyung reproduz a letra com os dedos, e eu sorrio, satisfeito.

  — Isso. De vitória, porque nós vamos conseguir. — beijo sua bochecha e rapidamente atravesso o quintal até a porta da frente, o coração acelerado pela adrenalina.

  Entro em casa e a primeira coisa que escuto é minha mãe cantarolar na cozinha, o que meio que me acalma um pouco. Lembro que, uma vez, ela havia me dito que participava de uma banda na igreja por obrigação de seus pais, que achavam que uma voz tão linda como a sua era um dom divino e, por esse motivo, ela devia usá-la para louvar a Deus. Minha mãe não sabia o que Deus queria que ela fizesse com a voz dela, mas ela sabia muito bem que não queria usá-la para tal fim.

  Um belo dia, no meio do coral da igreja, minha mãe estava entediada, então começou a cantar um rock que ela e seus amigos ouviam escondidos. Lembro que ela contou que todas as outras vozes se calaram, estupefatas, e ela era a única que estava lá, dançando e cantando como se não houvesse amanhã no meio do culto. No fim do dia, meus avós a castigaram, e ela nunca mais voltou a fazer parte da banda da igreja.

  Caminho até a cozinha com essa história na cabeça, pensando que, apesar de tudo, minha mãe já foi mais parecida comigo do que ela pensa.

  Bato na porta da cozinha: — Smells like teen spirit? Não sabia que você ainda ouvia Nirvana.

  — Só quando eu estou precisando extravasar um pouco, o que parece ser o caso esses dias. — ela diz, olhando-me com o canto dos olhos, e eu mordo os lábios, começando a sentir certa culpa.

  Mas não tenho tempo para isso. Olho para o relógio na parede da cozinha. Onze minutos.

  — Para quem são os cupcakes? — pergunto, pegando um dos bolinhos rosados cheios de confeitos com um pequeno coração em cima. Ela suspira e o pega da minha mão.

  — Você não deveria estar estudando, Jeongguk? O vestibular é nesse final de semana, e você precisa passar na faculdade local.

  — Sobre isso... — rio, sem graça, massageando a minha própria nuca. — eu estava pensando que talvez eu pudesse tentar para uma faculdade em outro lugar...

NEIGHBOURS | taekook (revisão)Where stories live. Discover now