13° Carta.

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Demorou dois dias para que Eloy decidisse ir à casa de Scott, ele foi andando, aproveitando que era sábado e que o dia estava fresco.

Eloy andou muito, ele estava com o coração aos trancos e barrancos dentro do peito, ele respirou fundo com muita calma, limpou as suas mãos com álcool em gel que ele trazia de casa e bateu na porta com leveza.

Um homem alto abriu a porta, ele encarou Eloy de cima à baixo antes de deixá-lo entrar, o garoto se sentia um pouco envergonhado, parecia um daqueles olhares congelantes que viam até a sua alma.

O homem que se chamava Jonas conversou com Eloy por cinco minutos antes de levá-lo até o quarto do seu filho, Jonas os deixou sozinhos, não queria mas os deixou para que eles conversassem bem e a vontade, só esperava que seu filho não se machucasse.

Eloy abriu a porta do quarto de Scott, ele entrou com um sorriso breve e calmo, Scott dormia pesadamente, encoberto por uma coberta quente e azul escura e limpa, parecia que ele tinha acabado de cair no sono.

Scott era uma pessoa magra e fraca, ele tinha 1,70 de altura, a mesma altura que Eloy, era muito magro e pálido, dava para ver os seus ossos marcados, sua expressão ao dormir era de puro contentamento e felicidade, com o que ele estaria sonhando? Seria algo tão bom assim?

Eloy não tinha se decepcionado, Scott era bonito, podia estar careca e fraco, mas tinha certa beleza nele, ele era a imagem perfeita de um anjo delicado e puro, deitado ali e dormindo.

Scott se mexeu levemente, Eloy se sentiu um pouco envergonhado por estar ali apenas o vendo dormir, ele deveria chamar o outro? Poderia parecer meio idiota e tarado se alguém o pegasse vendo Scott dormir?

- Scott... - Eloy acariciou levemente a bochecha magra e pálida de Scott, vendo os olhos verdes claros se abrirem lentamente, ele se afastou quando Eloy tocou em seu rosto pela a primeira vez, murmurando algumas palavras em uma voz incompreensível, mas logo ele acordou, esfregando os olhos, Scott o encarou como se estivesse sonhando, ele sorriu sonolento e piscou duas vezes.

Scott trocou o Bipap pelo o cilindro de oxigênio, ele se sentia mais confortável assim, o jovem se encostou aos travesseiros, ficando sentado e encarando Eloy á sua frente, sua expressão continuava cansada e sonolenta, mas ele se manteve de olhos abertos, olhando para Eloy com curiosidade.

- Parece tão real, mas acho que é outro sonho... - Scott sorriu, sua voz saiu rouca e grogue, ele tinha olhos verdes lindíssimos, era uma cor profunda e tão parecida com o mar, Eloy sentia que ele poderia mergulhar naquelas orbes lindas e se afundar lá.

- E eu sou real - Eloy riu, tocando gentilmente a mão do outro, ele acariciou a costa da mão de Scott antes de encará-lo novamente - Aqui estou, vim te visitar.

Scott estendeu a mão, mas ele sentiu vergonha, o que o outro pensaria? Ele queria tanto acariciar aqueles cachos negros, ele queria tanto sentir aquela pele perfeita e morena contra os seus dedos, mas a sua vergonha não o permitia fazer isso.

Scott corou levemente, abaixou a mão e desviou o olhar, apenas aproveitando o calor da mão de Eloy contra a sua, era tão aconchegante e confortável, ele soltou um suspiro feliz, qualquer coisa lhe deixaria feliz naquele momento.

Eloy se aproximou, a sua respiração próxima do rosto do mais novo, Scott sentia que ia morrer do coração, parecia que o seu coração queria literalmente escapar do peito, ele engoliu saliva pois sua boca ficou seca.

Scott suspirou, deixou a vergonha de lado e tocou os cachinhos bonitos, era tão macio, se Eloy tinha deixado, então Scott se sentia mais á vontade, fazendo um cafuné gostoso, ele sorriu antes de elogiá-lo, Eloy apenas inclinou a cabeça como um gatinho carente, curtindo o carinho tão bom em seus cachos e saboreando o momento.

Cartas Para Eloy.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora