Capítulo 02

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Harry 

      Acabei descobrindo que a tal moça desconhecida era ninguém menos do que Annabeth Riggs, a quase ex-noiva de Edward.
Exatamente.
Meu amigo havia rompido com ela para ficar com sua irmã mais velha, Lilianna.
      Sendo completamente sincero, eu sempre soube que as coisas terminariam da forma como acabaram, com Edward casando-se com Lilianna, e não com Annabeth. 
      Na época, lembro-me de ter sentido muita compaixão por Annabeth, pelo que Edward fez com ela. Mas para minha completa surpresa, certa vez, Lilianna comentou que a irmã não havia derramado uma lágrima sequer por Edward, e que havia ficado chateada pelo fim do casamento, e nada mais. 
       Vendo-a diante de mim, ficou evidente que a mulher em questão não mudou nada desde aquela época. Continuava a mesma loirinha miúda e recatada de que recordava-me. 
       Bem, sua beleza era um fato. Entretanto, era o tipo de beleza angelical que não me atrai. Ela era a típica moça da alta sociedade: Muito tímida e sem muitos atrativos físicos, considerando as vestimentas extremamente recatadas que costumavam usar.
       Annabeth tinha cabelos loiros, olhos azuis-oceano, um nariz levemente arrebitado e lábios cheios, bem, os lábios eram provocantes, mas eram os únicos em todo o seu corpo a fazer isto. O resto era... muito angelical. 
Era por isto, que eu não interessava-me pelas moças da alta sociedade; Eram todas completamente entediantes, com exceção de uma, é claro. Amanda Smith era a filha de Thomas Smith, um dos condes mais ricos de Londres.
       O fato é que Amanda e eu nutriamos um relacionamento atípico: Nos divertíamos algumas vezes juntos e nada mais. Amanda era exatamente o tipo de mulher que eu gostava: possuía um espírito livre... Era uma mulher intensa e realmente muito atraente.
       Observei que Annabeth tentava convencer a irmã caçula à retornar para casa, sem sucesso algum. Dei-lhe uma breve ajuda, dizendo á Elizabeth, que poderia retornar amanhã.
Eu sabia que o motivo por trás do evidente interesse da  senhorita Riggs caçula, era Simon.
Sem dúvida nenhuma, Elizabeth tinha uma "quedinha" pelo garoto em questão.
Todavia, parecia-me não ser um sentimento recíproco, tendo em vista o comportamento de Simon a cerca de Elizabeth. 
     Annabeth pareceu-me realmente grata por minha boa persuasão, e tratou rapidamente de agradecer-me. Sorri, e antes que percebesse, ambas já estavam indo rumo à saída da propriedade.
     Observei as costas de Annabeth, lembrando-me de como aquela mulher soava-me falsa. Estive com tantas mulheres, que sabia perfeitamente identificar cada reação, como sendo verdadeira ou falsa.
Os gestos de Annabeth sempre pareceram-me ensaiados, como se ela não fosse sincera ao fazê-los.
    Quando Edward planejava casar-se com ela, tratei de observá-la e notei a forma como agia com todos, sempre demonstrando delicadeza e gentileza. Talvez eu estivesse apenas cismado com ela, mas ainda assim... parecia-me forçada a forma como agia.  
Bem, não era da minha conta afinal.
     Voltei meu olhar para a escada, lembrando-me que Lilianna havia dito que Edward encontrava-se no escritório. Foi neste momento que recordei-me da presença de Simon, ali comigo.
     Simon era tão quieto que ás vezes, eu nem me dava conta de sua presença. Apesar de Lilianna não gostar que comentassem, Simon não era filho biológico dela e de Edward. Ele era adotado. Era um prodígio musical, e esteve com Edward em seus piores momentos, sempre apoiando-o. A relação entre eles era realmente muito bonita.
     Aproximei-me de onde Simon estava, dando um leve soco em seu ombro. Apesar de ter apenas 13( quase 14) anos, o garoto era realmente alto para sua idade.
    — E aí garoto! Quanto tempo! Soube que você vai fazer 14 anos amanhã, hein?
Ele assentiu.
Arqueei uma sobrancelha.
    — Onde está a empolgação, Simon? Amanhã é seu aniversário!
Ele suspirou.
    — Estou contente em estar aqui, mas infelizmente terei de retornar á França, depois de amanhã.
Assenti.
    Mesmo sendo extremamente jovem, aquele garoto já tinha uma responsabilidade e tanto, com sua carreira. Ele era um músico muito reconhecido, lá em Paris.
Simon voltou aquele olhar gélido e indiferente para mim, dizendo:
    — Edward está lá encima. Sinto muito por minha grosseria, mas tenho que voltar à ensaiar minha apresentação.
    — Está tudo bem, boa sorte garoto!
Ele veio até a porta, com o intuito de sair e eu bagunçei seus cabelos escuros, num gesto brincalhão.
Simon fez cara feia e depois saiu, indo para a sala de música.
     Decidi que finalmente era hora de ir ver meu melhor amigo, afinal.
      Subi as escadas com pressa, e quando estava prestes à chegar no último degrau, parei abruptamente.
O escritório estava quase diante de mim, e de lá, escutei duas vozes familiares. A primeira era de Edward, eu tinha certeza. Mas a segunda... parecia-me familiar. Lembrava-me a voz de...
Não. Não poderia ser...
Dei mais um passo e pela porta aberta, pude confirmar minhas suspeitas.
Aquela voz desagradável pertencia à Frederick.
Era Frederick Campbell, que estava ali, conversando com Edward.
     Lutei contra a repulsa, ao ver aquele ser humano desprezível, diante de mim.
O que ele estaria fazendo ali?
Edward parou abruptamente o que estava dizendo, ao se dar conta de minha presença.
     — Harry! Que bom que veio, meu amigo! — disse-me ele, vindo até mim, para cumprimentar-me.
Ele deu um soco em meu ombro, nosso cumprimento próprio e eu sorri, ainda sem conseguir tirar os olhos de Frederick.
Eu o fuzilava com o olhar.
     Frederick estava pálido, ao notar minha presença, mas rapidamente recuperou-se, pondo um sorriso naquele rosto descarado.
     — Harry! Como estás?
Então veio até mim, estendendo uma das mãos para um cumprimento.
     Observei sua mão estendida diante de mim, e não movi um músculo sequer.
Frederick deu um sorriso sem graça e abaixou a mão, ao se dar conta de que eu não o comprimentaria.
      Parecendo notar a tensão entre nós dois, Edward pigarreou.
     — Er... Creio que vocês dois já se conhecem, estou certo?
Frederick assentiu e eu desviei meus olhos de sua cara-de-pau, para fitar o rosto de Edward.
      — O que ele está fazendo aqui, Edward?
Edward piscou, e depois alternando o olhar entre mim e Frederick, respondeu:
      — Bem, Frederick é um amigo Harry. O pai dele, Sir Campbell é...
      — Amigo uma ova, Edward!!
Edward arregalou os olhos e Frederick ergueu uma sobrancelha, numa expressão de deboche. 
      — Céus, Edward! Você sabe perfeitamente o quanto eu não suporto este... Ser humano! Por quê o convidou?
Edward suspirou, e Frederick continuou imóvel, no mais completo silêncio.
      — Porque Frederick é realmente um amigo, Harry. Ele ajudou-me diversas vezes, e está representado a minha empresa judicialmente. Além do mais, não achas que já é hora de para de  guardar ressentimentos ?
Bufei.
Era impossível esquecer o que Frederick havia feito... Se Edward soubesse...
Não. Eu não podia contar. Literalmente, não podia.
      — Saiba que da minha parte, não há ressentimentos, Harry. Podemos deixar todas as nossas diferenças no passado. — disse-me Frederick, fingindo decência.
Fitei-o incrédulo por seu cinismo. Como se as " diferenças" fossem algo relevante. Aquilo não foi comigo. Quem dera, se fosse.
Edward esperava por minha resposta com expectativa, ainda assim, permaneci em silêncio.
      — Harry nós não... — e nesse momento, fomos interrompidos por um som de choro, ensurdecedor.
Edward arregalou os olhos, e dirigiu-se imediatamente para a porta do cômodo.
       — Desculpem-me pessoal, preciso verificar minha filha. — disse ele por sob o ombro.
     Depois que Edward retirou-se do escritório, Frederick tratou de pegar o colete de seu terno, indo em seguida, rumo à porta.
     Antes que ele pudesse sair, segurei seu antebraço. Com força. Sem nem sequer olhar em seus olhos, adverti-o:
     — Não quero você aqui. Trate de ir embora.
Ele riu.
     — O convite foi do próprio Edward, Harry. Não irei fazer esta desfeita. Dei minha palavra de que compareceria á festa de Simon.
Foi a minha vez de rir.
     — Desde quando um rato como você tem palavra? Estou falando sério, Frederick. Não atreva-se a dar as caras por aqui, ouviu? —
Voltei meu olhar para o dele, como um reforço para meu "aviso" e aumentando a pressão do aperto em seu antebraço.
Ele sustentou meu olhar por apenas alguns segundos, e depois soltou-se.
Em seguida saiu, como se nada tivesse acontecido, ajustando o colete e arrumando o cabelo.
Maldito engomadinho.
    Passei cerca de 1 minuto olhando para o chão, lembrando-me do quão complicada e estressante estava minha vida.
     Seis meses... Era o tempo que eu teria para encontrar uma noiva para mim. Só não sabia onde, nem como...

Tinha que ser você - Irmãs Riggs 02Where stories live. Discover now