Capítulo 11

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Annabeth

    Haviam passado-se dois dias, desde que Frederick havia pedido-me que reunisse meus familiares, para por fim, fazer o pedido oficial.
     Lili gentilmente, ofereceu sua casa  para este feito, alegando que lá havia mais "espaço", o que não era mentira, considerando o tamanho de  tal propriedade.
      Frederick e eu, nos encontrávamos todos os dias, para discutir os detalhes do jantar. Era realmente muito agradável.
      No final das contas, ficou decidido que o jantar ocorreria no dia seguinte. Sentia-me realmente satisfeita com o rumo que meus planos haviam tomado.
      Eu estava retornando para meu aposento, quando ouvi alguns burburinhos e risadinhas vindos de outro cômodo.
      Inesperadamente, a porta abriu-se  revelando Alice, uma das empregadas da casa. Ao ver-me, ela empalideceu e apressou o passo, rumo às escadas. O rosto dela estava corado e tanto o cabelo, quanto o uniforme, estavam bagunçados. Ao me dar conta de seu estado, eu sabia exatamente o que aquela mulher estava a fazer ali...
       Inicialmente, pensei que o homem detrás daquela porta, fosse Harry, considerando a última vez em que eu o flagrara tendo tal comportamento.
Para o meu espanto, entretanto, não foi Harry quem saiu de lá e sim Frederick.
Meu quase noivo...
Seus cabelos estavam desagregados assim como o resto de suas roupas.
      Ele arregalou os olhos, ao notar minha presença e tratou de tentar agir naturalmente.
      — Annabeth...? O que a senhorita faz aqui à esta hora?
Ergui uma sobrancelha.
      — Era a mesma pergunta que eu estava prestes à fazê-lo.
Ele pigarreou.
      — Ah... Eu... Vim dar uma olhada neste cômodo.
      — Com a subordinada...? — perguntei em tom acusatório.
Ele riu.
       — Bem, e-ela estava ajudando-me.
Bufei.
       — Meu Deus, Frederick! Pensas que sou uma idiota? Eu a vi aí, com você! Como pôde?!! Estamos planejando nosso noivado e você...
Antes que eu pudesse terminar de falar, ele pegou-me pelos cotovelos e quase arremessou-me para dentro do aposento em que a apenas alguns segundos, estava com a subordinada.
Ele empurrou-me com tanta força, que acabei tropeçando no chão.
     Em seguida, ele fechou a porta trás de si, deixando-nos à sós. Quando arrisquei um olhar para ele, vi em seu rosto, uma expressão completamente inédita para mim.
Seus olhos castanhos, fitavam-me com desdém, enquanto seu nariz torcia.
Eu ainda estava caída sob o chão quando ele começou a falar.
     — Veja só, Annabeth Riggs... — pôs as duas mãos na cintura, como se estivesse repreendendo-me —, quero deixar algumas coisas claras, entre nós.
Por fim, reuni forças e ergui-me do chão. Meus braços ardiam um pouco, devido a extrema força que ele havia usado para empurrar-me.
      — Bom — continuou ele—, quero que saiba que apesar de pretender casar-me com você, não gosto de mulheres controladoras.
Franzi o cenho.
      — Controladora? Achas que eu...
Ele ergueu uma mão.
     — Não interrompa-me!
Engoli em seco.
Não queria ceder a suas ordens, mas a verdade é que eu estava assustada...
A forma como seus olhos mudaram de gentis para severos... A expressão dura em seu rosto... Tudo isso, causava-me medo.
Ele pigarreou.
       —  O que estou tentando dizer é que, ambos estamos beneficiando-nos  com este casamento.
Ele deu mais um passo em minha direção e apontou para mim.
      — Você, terá um lar decente, dinheiro, além do prestígio de ser a esposa de um marquês. — apontou para si— , já eu, terei o respeito aos olhos da sociedade por ter uma mulher como você, como esposa.
       — Uma mulher como eu...? O que isto quer dizer?
Um sorriso zombeteiro surgiu por seus lábios.
       — Ora, quero dizer uma mulher bela e mansa, que sabe como se portar e não fala demais.
       —  É isto o que sou para você?
Ele riu.
       — Ora, por favor! Não venha-me com drama emocional; Já disse, ambos sairemos beneficiados com nossa cerimônia de união. Vou fazer um favor à você, tirando-lhe deste lugarzinho que você chama de cidade.
Senti lágrimas ameaçarem surgir por meu rosto. Lutei contra todas. Eu não mostraria vulnerabilidade. Não na presença dele.
Como aquele homem achava que poderia tratar-me?
      — Quando casar-nos — ele continuou—, você cumprirá perfeitamente com suas obrigações como esposa, dando-me herdeiros fortes e saudáveis...
Ergui o queixo e  o interrompi:
      — E quanto à você? Cumprirá com suas obrigações?
Ele franziu as sobrancelhas.
      — Por certo que sim. Darei-lhe uma boa vida, além de dinheiro e...
      — E quanto a fidelidade? Terás?
Ele riu. 
      — Ora, não sejas ridícula! Já lhe disse que não gosto de mulheres controladoras!
Balancei a cabeça, incrédula.
      — Estás dizendo-me que irá traír-me?
Ele revirou os olhos.
      — O que achas? Que permanecerei preso à você até o fim de minha vida?
Mais lágrimas ameaçavam escapar por meus olhos, mas controlei-me.  Sentia-me humilhada diante de tal comportamento de Frederick.
      Ele começou a massagear as têmporas, como se eu o estivesse estressando e senti vontade de agredi-lo.
      — O que ainda está fazendo aqui? Saia!
Continuei imóvel, tentando assimilar o que estava acontecendo.
Estava paralisada, com os pés presos ao chão.
Ele voltou os olhos frios e assustadores mais uma vez até mim e reforçou a ordem:
      — Estás surda??!! Saia!!
Finalmente saí do transe, e rumei até a porta. Antes que pudesse sair, Frederick acrescentou:
      — Espero que esta conversa fique apenas entre nós... Querida. —
       Quando pus os pés para fora daquele lugar sufocante, pude finalmente voltar a respirar. Senti as lágrimas que eu havia prendido, escaparem por meus olhos.
      Meus braços ardiam e ao olhá-los, notei que estavam vermelhos.
Aquela seria a vida que eu teria, quando me casasse?
Aquele era o homem que eu havia escolhido para ser meu marido...?
Neste momento, certas palavras vieram à tona:
" Fique longe dele..."
      Harry estava certo. Estava apenas alertando-me sobre Frederick.
Meus lábios tremulavam e eu fungava desapropriadamente...
Com medo de ser pega naquela condição constrangedora, tratei de acelerar o passo, rumando até meu aposento.
       Antes que pudesse fazê-lo, acabei por tombar com alguém.
Meus olhos continuavam fixos ao chão. Eu não queria que ninguém me visse naquela situação, e por isso, não ergui o olhar. Apenas sussurrei um
" Perdão", e dei um passo para o lado, tentando desvencilhar-me de quem quer fosse, que estava diante de mim.
      Inesperadamente, a tal pessoa, tocou levemente meu braço e perguntou com uma voz preocupada:
      — Você está bem?
Foi neste momento, que soube a identidade de tal desconhecido.
Era Harry Hampton...

Tinha que ser você - Irmãs Riggs 02Where stories live. Discover now