Capítulo 07

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Annabeth

        haviam passado-se sete dias, desde a noite do jantar.
Desde esta data, Liza estava um pouco cabisbaixa, e eu sabia que sua tristeza se dava pelo retorno de Simon, para a França. O mesmo acontecia com Edward e Lili, que constantemente queixavam-se da saudade que sentiam de seu filho mais velho.
        O fato é que Frederick e eu estávamos cada vez mais próximos um do outro, tendo regularmente passeios ao ar livre, no jardim da propriedade.
        Mamãe, sobretudo, parecia-me radiante com as notícias sobre meu progresso amoroso.
O mais curioso é que durante estes sete dias que se passaram, foram pouquíssimas as vezes em que vi Harry Hampton.
       Quando o via, era apenas durante os momentos em que nos juntávamos a mesa. A expressão que carregava, era completamente diferente da que costumava usar.
Agora, estava sempre quieto, sem aquele sorriso alegre e contagiante...
        Surpreendi-me, ao me dar conta certa noite, de que eu o observava durante o jantar. Gostaria de dizer que fosse apenas receio de que ele revelasse meu segredo, mas não era. Era algo a mais...
Eu estava preocupada.
Não sabia nem entendia o por quê, mas sabia que era isto.
       Não fui a única a notar sua repentina mudança, pois Lili sempre comentava comigo, que estava preocupada com Harry.
Disse-me também, que Edward sentir-se da mesma maneira, e que havia mais de uma vez, tentado fazer com que Harry desabafasse, que contasse o que estava acontecendo consigo.
       Naquela manhã, Frederick havia ido encontrar-se com Edward, para discutir sobre um negócio em que estavam envolvidos.
Lili , Tia Edith, Liza e mamãe, estavam juntas cuidando da pequena Beth, enquanto papai havia ido trabalhar.
Eu vagava pelo jardim da propriedade sem realmente ter algo o que fazer.
       Há dias, minha inspiração para pintar havia esvaindo-se, e desde então, não tornei a pintar.
       Dei mais alguns passos rumando ao labirinto, quando vi Harry sentado num banco, próximo á fonte.
       Estava com a mesma expressão pensativa e séria no rosto.
Seus olhos azuis, fitavam um ponto fixo no chão e o cabelo escuro, estava levemente desgrenhado.
Olhando-o dali, era possível constatar como sua aparência era agradável.
Ele era lindo.. 
Aproximei-me dele, dando dois passos e em seguida, recuando.
Mordi o lábio.
Não era da minha conta, de qualquer forma... Era?
Quando estava prestes a dar meia volta e retornar, pisei num galho seco, fazendo um barulho estrondoso.
Fechei os olhos com força.
        Porque eu tinha de ser tão desastrada?
Os olhos dele, seguiram o som e imediatamente identificaram-me.
Virei-me para ele, com um sorriso nos lábios.
       — Perdão... Eu não queria assustá-lo, Sir.
Ele continuou fitando-me atento, em completo silêncio.
Engoli em seco.
Odiava a forma como agia diante dele.
Sentia-me extremamente nervosa e não conseguia pensar direito, quando ele focava aquele olhar penetrante em mim.
Era como se seus olhos pudessem enxergar mais do que minha aparência... Como se enxergassem minha alma...
Pigarrei.
       — Er... O senhor está bem?
Ele assentiu e voltou a fitar o chão.
Esperei pela conclusão de sua resposta, mas nada veio.
Suspirei, tentando encontrar coragem.
      — Bom, o que acontece é que minha irmã, está preocupada com sua situação, Sir Hampton.
Ele finalmente pareceu sair do transe, pois voltou a fitar-me.
     — Ah, é?
Assenti.
     — Pois diga à sua irmã, que agradeço a preocupação, mas estou perfeitamente bem.
Pisquei, atônita.
Aquilo era sério? O quão grosseiro e mal educado aquele homem poderia ser?
Fechei a cara e ele ergueu uma sobrancelha.
      — O senhor está falando sério?
Ele franziu o cenho.
      — Como é?
Bufei.
      — Estou falando de sua grosseria diante de todos que preocupam-se com sua pessoa.
Ele permaneceu algum tempo em silêncio, observando atentamente meu rosto, e por fim disse:
      — Não foi a minha intenção  preocupar ninguém.
      — Ainda assim, o senhor o fez.
Ele avaliou-me com atenção, e logo em seguida, um sorriso começou a brotar pelos cantos de seus lábios.
      — Espere um minuto, a senhorita está dizendo-me que estava preocupada comigo?
Corei.
Sem ter coragem de fitá-lo nos olhos, desviei os olhos para o chão, em total ciência de meu embaraço.
        Permanecemos algum tempo em silêncio, ouvindo apenas os sons dos pássaros e do vento sob as árvores, ao nosso redor.
Quando ergui meus olhos, notei que ele fitava-me seriamente, com a testa franzida.
Pigarrei.
       — Bem, eu ... Creio que já deva regressar, senhor...
        — Harry.
Arregalei os olhos.
        — Perdão, o que disse?
        — Eu disse que a partir de agora, pode chamar-me apenas de Harry.
Como não sabia o que dizer, apenas assenti.
Em seguida, dei-lhe as costas e por sob o ombro, o ouvi dizer:
       — Obrigado.
Virei-me para ele, confusa.
       — Pelo quê?
Ele deu um leve sorriso.
       — Por preocupar-se comigo.
Senti todo o meu rosto arder de vergonha.
       — Disponha, Sir... Digo, Harry.
Não fui capaz de ver sua expressão, pois mal havia dito aquelas palavras, e já vi-me caminhando apressadamente em direção à casa.

Tinha que ser você - Irmãs Riggs 02Where stories live. Discover now