Capítulo 18

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Harry

Cinco horas.
       Eram exatamente cinco horas da manhã, quando despertei.
Correção: levantei-me;
O fato é que fazia um mês desde que eu tivera uma noite decente de sono.
Eu não conseguia dormir, porque todas as noites, as lembranças dela, atormentavam-me.
      Corroíam-me por dentro, a culpa e os arrependimentos por meus infames atos. Doía-me pensar que Annabeth poderia estar sofrendo por minha causa, por minhas malditas decisões e compulsões...
Ajustei o último botão de meu colete que faltava para terminar de aprontar-me.
Era hoje.
Daqui à apenas algumas horas, Amanda Smith e eu, seríamos oficialmente noivos.
Fechei os olhos com força.
Como sentia saudade dela... 
      Fazia apenas um mês, mas para mim, mais parecia-me uma eternidade o tempo em que estávamos separados.
Olhei meu reflexo no espelho.
Era evidente, que eu não estava feliz;
Enormes manchas roxas circundavam meus olhos, num sinal claro de minha insônia e meu semblante...
Não era mais o mesmo de antes.
       Dei mais alguns passos firmes até a janela de meu aposento e vi minha mãe, no jardim de nossa casa.
Ela observava as flores com tamanha tristeza.
Seria por minha causa?
Seria possível, que minha infelicidade estivesse tão óbvia, que estivesse apossando-se de minha mãe também?
Suspirei.
" Arque com as consequências de seus atos..."
Estas palavras perseguiam-me constantemente. Foram as últimas palavras que Annabeth havia dito-me, e desde então, ficaram fixadas em minha cabeça.
      Saí de perto da janela e marchei na direção da porta. Eu precisava consolar minha mãe. Não permitiria que minha infelicidade à entristecesse.
      Caminhei à passos lentos, o caminho todo até as escadas até que parei, ao ouvir alguns murmúrios.
      Aproximei-me bem devagar e pela brecha da porta, vi Amanda e Juliet;
A primeira estava de pé, visualizando o reflexo de sua barriga no espelho, enquanto a segunda estava sentada sob a cama, observando a irmã.
Eu já ia sair dali.
Juro que sim.
Nunca fui muito curioso, mas então ouvi Juliet romper o silêncio, fazendo tal questionamento:
      — Estás grávida de quantos meses?
Ainda com os olhos sob o espelho, Amanda respondeu:
       — Um mês.
Juliet permaneceu em silêncio por um tempo, até levantar-se da cama e dizer:
       — A sua barriga não está um pouco grande para apenas um mês de gestação?
Amanda continuou no mais sublime silêncio, e sua irmã pôs-se a seu lado.
     — Amanda— continuou Juliet —,  ouvi sua conversa com o médico outro dia... Você não está grávida de apenas um mês. Estás no seu segundo mês de gestação... Por quê estás mentindo?
Segundo mês de gestação???
Como isto era possível?!
Amanda finalmente saiu de seu transe e com os olhos arregalados, disse:
      — Fale baixo! Ninguém pode escutar isto!
Juliet continuou fitando a irmã.
      — O que está acontecendo, irmã?
Amanda suspirou.
      — Não está havendo nada. Estou segura de que você apenas escutou errado.
Juliet franziu as sobrancelhas.
       — Não escutei, não. Não sou nenhuma boba, Amanda! Explique o que está acontecendo!
Amanda fez cara feia para a irmã e olhou para todos os lados, certificando-se de que ambas estavam sozinhas.
Permaneci imóvel onde estava, apenas escutando.
Meu coração batia disparado contra o peito, enquanto esperava pela resposta de Amanda.
Amanda soltou um longo suspiro, e voltou o olhar para a irmã.
      — Veja bem, você está certa. — desviou os olhos para a barriga—, eu estou no meu segundo mês de gravidez...
Juliet franziu o cenho.
      — Então por quê está dizendo à todos que é seu primeiro mês de gestação?
Amanda permaneceu em silêncio.
De repente, Juliet arregalou os olhos.
      — Céus... Amanda, não diga-me que... — apontou para a barriga da irmã —  esta criança...
Amanda ergueu o queixo e um tanto hesitante, respondeu:
      — Estou fazendo o melhor para meu bebê e eu.
Juliet cobriu a boca com as mãos.
Senti minha respiração acelerar.
O que isto queria dizer...?
      Enquanto acariciava a barriga, Amanda acrescentou:
     — Sabe, o verdadeiro pai desta criança jamais a aceitaria. —
Foi neste momento que adentrei no aposento. A porta que estava diante de mim, abriu-se fazendo um som estrondoso.
Os olhos de Amanda e Juliet arregalaram-se ao ver-me ali, diante delas.
Amanda abriu e fechou a boca, enquanto a irmã empalideceu a seu lado.
     Senti um misto de sentimentos passarem por meu corpo:  raiva, desprezo, repulsa..
Como ela pôde ter feito istocomigo?
Fui feito de idiota por um mês inteiro! Um maldito mês, que eu poderia ter passado ao lado da mulher que eu realmente amava!
     — Eu ouvi certo?! Repita para mim o que você acabou de dizer!
Ela deu uma risadinha nervosa.
      — D-Do que você está falando? E-Eu não...
       — Por Deus!! Confesse! Eu acabei de ouvir o que você disse! — apontei para a barriga dela —, essa criança que você espera, não é minha!!! —
Amanda começou a chorar desesperada diante de mim, enquanto sua irmã apenas permaneceia imóvel, observando tudo.
Amanda começou a dar passos suplicantes em minha direção, enquanto sussurrava:
      — Harry... Por favor...
      — Não se aproxime de mim!! — eu disse e ela recuou um passo.
Eu não sabia o que faria, se a tivesse tão próxima à mim.
Provavelmente a esganaria.
       — Repita...— eu disse entredentes.
Ela desviou os olhos para o chão.
       — E-Eu não...
Franzi as sobrancelhas.
       — Quem é o pai desta criança que você espera, Amanda...?
Ela continuou imóvel.
Contei até três mentalmente.
" Respire, Harry, respire" — lembrei à mim mesmo.
Com um tom de voz um pouco mais calmo, repeti:
     — Amanda... Quem é o pai desta criança?
Ela ergueu os olhos do chão.
     — Harry... Eu...
Senti meu autocontrole esvair-se.
     — Responda!!! — gritei.
Ela voltou a chorar e finalmente respondeu:
     — Frederick Campbell...
Ah... Claro.
Cerrei as mãos em punhos.
Observei atentamente a mulher diante de mim, com seu cabelo castanho caído em ondas e seus olhos suplicantes e imersos em lágrimas.
Não passava de uma mentirosa....
Uma maldita manipuladora.
Dei-lhe às costas e quando já ia dar um passo adiante, ela agarrou-se à minhas pernas.
     — Harry, por favor! Não faça isso comigo! Eu imploro! Por favor! — ela gritava desavergonhada, cada uma dessas ridículas súplicas.
Eu não queria tocá-la.
Tinha medo do que aconteceria, caso o fizesse.
      Como se fosse um presente dos céus, neste momento minha mãe surgiu das escadas, com as sobrancelhas franzidas e uma expressão preocupada no rosto.
      — Mas o que está acontecendo aqui, Harry? Eu ouvi os gritos de... — ela interrompeu-se assim que viu Amanda agarrada às minhas pernas.
       — Santo Deus! O que aconteceu??
Reuni todas as minhas forças e pedi
       — Mamãe, por favor... Tire-a daqui...
Notando meu tom de desespero, sem nem pensar duas vezes, minha mãe atendeu meu pedido, agarrando os cotovelos de Amanda e erguendo-a do chão.
      — Por Deus, moça! Tenha modos!
Mamãe olhou de Amanda para mim.
      — Harry, você poderia por favor, explicar-me o que está havendo?
      — O filho que ela carrega no ventre, não é meu.
Mamãe arregalou os olhos.
      — O quê...?!
De repente, algo ocorreu-me: eu estava livre.
Não precisaria mais casar-me com ela...
Arfei.
Annabeth...
Desviei os olhos do chão e direcionei-os para mamãe.
      — Eu preciso ir, mãe...
Mamãe ergueu os olhos de Amanda para mim.
      — O quê...? Para onde irás?
Abri um sorriso.
      — Irei à Petersburg, buscar a minha felicidade.
Mamãe sorriu e assentiu, solenimente.
      — Eu cuido das coisas por aqui. Tome cuidado e boa sorte...
Sem mais delongas, corri o mais rápido que pude.
     Avistei o estábulo de nossa casa e peguei o primeiro cavalo que vi.
      Partiria o mais rápido possível, até onde  minha felicidade estava...

   

     

Tinha que ser você - Irmãs Riggs 02Onde histórias criam vida. Descubra agora