Capítulo 12

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Annabeth

      Era hoje,o grande dia.
O dia em que por fim, eu me tornaria noiva. Eu deveria sentir-me satisfeita e feliz por tal feito, mas não.
Cada pensamento me trazia de volta ao ocorrido de ontem, com Harry. Havíamos nos beijado...
Fechei os olhos, relembrando a sensação de seus lábios junto dos meus.
      Olhei para o hematoma em meus braços. Estavam assumindo uma cor arroxeada. Era realmente isso o que eu queria para mim? Esse seria o estilo de vida que teria com Frederick?
     Fui tirada de meus devaneios ao ouvir o som de três batidas à porta.
     Ergui-me sobre os cotovelos e autorizei a entrada.
Da porta, surgiram mamãe e Liza.
A primeira com um sorriso largo no rosto, e a segunda, com uma carranca.
      — Bom dia, querida! Estás entusiasmada? É hoje!!
Assenti e forcei para um sorriso.
Os olhos de Liza arregalaram-se e ela veio até mim, com uma expressão preocupada. Sabia exatamente o que ela fitava.
     — Annabeth... O que foi isso? — ela perguntou, com os olhos aflitos.
Mamãe foi a próxima a aproximar-se, com as mãos cobrindo a boca.
     — Foi... Frederick.
Mamãe piscou, e Liza franziu os sobrancelhas.
     — Quem é Frederick...? — Liza perguntou em evidente confusão.
Mamãe ignorou sua pergunta e tocou os hematomas em meus braços.
     — P- Porque ele fez isto?
     — Eu o flagrei traindo-me...
Neste exato momento, Liza arregalou os olhos.
     — Espera... Frederick é o homem com quem você pretende casar-se...?
Assenti.
Mamãe permaneceu em silêncio e imóvel, enquanto Liza tocou minha mão. 
     — Não podes casar-se com um homem, assim, Annabeth!
Fitei seus olhos castanhos e vi neles, revolta.
    — Mas... Liza, o casamento... — tentei argumentar.
     — Não! Dane-se o casamento, Annabeth! Olhe para você, Por Deus!
Ao escutar suas palavras, não pude deixar de recordar-me de Harry.
Ele havia dito-me praticamente a mesma coisa.
      Mamãe finalmente voltou a si.
     — Você deve casar-se, Annabeth.
Tanto eu quanto Liza, a fitamos.
     — A senhora não pode estar falando sério, mamãe... — disse Liza, com a testa franzida.
Mamãe ergueu o queixo.
     — Claro que estou. Por favor, Annabeth... Foi apenas... Apenas...
Elizabeth interrompeu mamãe, evidentemente revoltada.
     — Apenas o quê, mamãe?! Ele a agrediu! Não podes defendê-lo!
     — O casamento ocorrerá! Está tudo organizado e...
     — Não. —  me ouvi dizer.
Mamãe piscou e Liza abriu a boca, em descrença.
Eu entendia agora, o que Harry havia dito-me. A vida era minha, e eu não queria ter Frederick Campbell como marido. A escolha deveria partir de mim e não de mamãe.
Levantei-me da cama.
     — Eu não vou me casar com ele.
Mamãe franziu o cenho.
     — Annabeth... Você...
     — Não! Eu não quero mamãe! Você é minha mãe, como pode apoiar tal comportamento?
Mamãe ergueu as mãos.
      — Eu não estou apoiando!
      — Mas não está impedindo que ele se repita... Frederick é agressivo, mamãe e... Eu não... Eu não o amo!
Liza sorriu e mamãe abriu e fechou a boca, sem saber o que dizer.
      — Eu quero ficar sozinha.
Ambas permaneceram imóveis e tornei a pedir:
      — Por favor, eu quero ficar sozinha.
Por fim, mamãe assentiu e sem esperar por Liza, saiu do aposento.
Arrisquei um olhar para Liza e vi que ela me fitava atentamente.
      — Estou orgulhosa de você, Annabeth. — disse ela.
      — Eu sou a mais velha aqui. Sou eu quem deveria dizer isto.
Ela riu.
     — De verdade, Annabeth. Estou orgulhosa. — disse, beijando minha testa e em seguida, saindo.
Olhei para o espelho.
Fazer minhas próprias decisões...
Mas o que eu realmente queria...?

Harry

     Eu não havia dormido nada, na noite anterior. Estava péssimo.
O que eu mais temia, havia ocorrido-me, no final das contas.
Eu estava apaixonado.
Estava amando alguém...
Fechei os olhos com força.
      Uma dor profunda e dilacerante, passava por meu corpo, enquanto eu estava deitado na cama.
Abri os olhos.
Era hoje. Nesta noite, Annabeth seria oficialmente, a noiva de Frederick...
Senti lágrimas quentes escorrerem por meus olhos.
Mas que droga!
Levantei-me abruptamente da cama.
Eu precisava de uma bebida com urgência.
Mas onde conseguiria uma?
Havia secado a garrafa que tinha trago comigo de Londres e não conhecia aquele maldito vilarejo...
Olhei pela janela. Já era dia.
      Em tempo recorde, troquei minhas vestimentas, sem realmente me importar com o que estava fazendo. Nada importava...
      Saí de meu aposento, indo até o escritório, onde Edward já deveria estar.
Ao adentrar no cômodo em questão, comprovei minha hipótese, ao ver Edward sentado na poltrona, com alguns papéis na mão.
Os olhos verdes dele ergueram-se e visualizaram à mim, diante de si.
Ele estreitou os olhos.
     — Harry...? O que você está fazendo aqui, tão cedo?
Ignorando sua pergunta, perguntei:
     — Onde ficam os bares daqui?
Ele arregalou os olhos.
     — Bares...? A esta hora? Enlouqueceu?
Fechei os olhos.
     — Edward... Por favor... Onde ficam os bares daqui?
Enquanto estava com os olhos fechados,  notei um breve momento de silêncio, até então, conseguir ouvir seus passos aproximando-se de mim.
A próxima coisa que senti, foi sua mão, sob meu ombro.
      — Annabeth... Não é?— perguntou-me ele.
Abri os olhos e vi o rosto dele, que  expressava compaixão por mim.
Suspirei.
      — Eu a amo, Edward... E ele... Ele não a merece. E... maldição! Ela também não o ama, Edward! É apenas a droga do dinheiro que ela quer!
Edward assentiu.
      — Eu sinto muito... Harry. — disse ele.
      — Eu a beijei, ontem.
Edward não pareceu surpreender-se e apenas continuou assentindo.
      — Sabe o que é pior? — continuei—, Ela retribuiu. E gostou. Tenho certeza que gostou mas ainda assim... Não foi suficiente para fazê-la mudar de ideia... 
A mão de Edward deixou meu ombro e ele disse:
      — Tem um bar próximo à residência dos Burts, a casa que fica no final da rua Setersfield.
Assenti.
Nós dois havíamos visitado a rua em questão, à alguns dias atrás. Eu sabia onde ficava.
      — Obrigado. — sussurrei.
Sem nem pensar duas vezes, saí do escritório e já ia descendo as escadas, com o intuito de ir ao tal bar.
Precisava sair dali o mais rápido possível. Não queria que ninguém me visse naquela situação.
     Quando cheguei até o andar de baixo, tratei de sair em disparada até a porta da propriedade.
Quanto mais rápido saísse, melhor.
      No momento em que os pus meus pés  para fora da casa, a brisa fria de Petersburg atingiu-me em cheio, fazendo-me tremer de frio. Foi nesse momento que percebi que esquecera meu casaco. Olhei para trás e cogitei a ideia de voltar para buscar o casaco, mas desisti. O motivo?
Eu era covarde.
Tinha medo do que poderia fazer se visse Annabeth de novo... Ou pior... Se visse Frederick.
Eu seria capaz de matá-lo.
      Fui até o estábulo e peguei emprestado o primeiro cavalo que vi disponível.
      Montei no cavalo e sem olhar para trás, parti em disparada até o local em que estava localizado o bar.
      Talvez meu retorno à Londres se antecedesse. Eu partiria hoje mesmo. Não aguentaria mais, vê-la junto de outro. E faria o possível, para evitar a dor que estava corroendo-me por dentro.
Foi com este pensamento, que segui o resto do percurso...

Annabeth

      Eu arfava, enquanto caminhava apressada até o aposento de Harry.
O que eu queria...
Demorei um tempo até chegar a resposta que procurava.
Mas então, as lembranças da noite anterior atingiram-me novamente e eu soube.
O que eu realmente queria, era ser livre; Ser eu mesma, sem amarras... Só havia uma pessoa que me fazia sentir assim... e era ele, Harry Hampton. Queria estar junto dele e só dele.
       Bati uma, depois duas e então três vezes, na porta e nada...
        E se ele ainda estivesse bravo comigo? E se ele não quisesse me ver?
Nesse momento, a porta diante de mim abriu-se e engolindo em seco, entrei.
       O aposento dele tinha o mesmo aroma que emanava dele: um misto de uma colônia que eu não conhecia e o cheiro de pinha. Era um aroma realmente agradável.
      Olhei em volta algumas vezes, procurando por seu paradeiro, mas nada. O aposento estava vazio.
De repente, um desesperado me atingiu: E se ele já tivesse partido...?
Só havia uma pessoa que saberia a resposta desta pergunta.
      Dei meia volta e corri até o escritório, onde certamente, Edward já estaria ali.
      Entrei sem bater, tamanho meu desespero e ao fazê-lo, vi Lili e seu marido, com expressões preocupadas no rosto, sussurrando.
Meu peito subia e descia irregular.
Pigarrei.
Os olhos dos dois ergueram-se até mim.
Com o coração na mão, perguntei-lhes:
    — Harry... Onde ele está?
Lili arregalou os olhos , esboçando confusão e Edward abriu um... Sorriso?
     — Annabeth eu não... — começou Lili, mas antes que pudesse terminar de falar, seu marido interrompeu-a:
     — Ele está no bar Chester. Sabes onde fica?
Assenti.
Sem esperar por mais nada, disparei da sala e desci as escadas correndo.
      Quando cheguei no primeiro andar, dei de cara com Frederick.
Ele usou o mesmo sorriso cínico que usava antes que eu pudesse conhecer sua verdadeira personalidade.
Dei um passo para o lado,  tentando desvencilhar-me dele e para minha completa infelicidade, ele seguiu meus passos, bloqueando minha saída.
     — Onde vai tão cedo?
Franzi as sobrancelhas. 
    — Só deixe-me passar, Frederick. Por favor.
Ele ergueu uma sobrancelha.
    — Não, até você responder a minha pergunta.
Ergui o queixo.
    — Vou fazer o que deveria ter feito a muito tempo.
Ele estreitou os olhos.
    — E o que seria...?
Abri um sorriso.
    — Não é da sua conta.
Tentei mais uma vez, escapar de seu bloqueio, mas sem sucesso algum.
    — Por favor— eu disse entre dentes— deixe-me passar...!
Ele abriu um sorriso descarado.
    — E se não o fizer... O que farás?
    — Cuidarei para que não tenhas mais filhos...
Sem esperar por sua resposta, chutei-lhe bem no centro das pernas.
Ele caiu no chão e observei triunfante, o homem que ainda ontem havia machucado-me, contorcer-se de dor.
Agachei-me e sussurei:
      — Não espere por mim esta noite...
      A próxima coisa que fiz foi correr. Correr e correr. Foi o que fiz por um bom tempo. Meu vestido deveria estar um fiasco, mas não importava.
Não mais.
     Inesperadamente, uma chuva fina começou a despencar dos céus, mas ainda assim, não parei de correr.
Nada nem ninguém, me impediria de lutar por minha felicidade.
Eu seria forte, desta vez.
Era o que eu mais queria na vida: Ter Harry Hampton para mim...

Tinha que ser você - Irmãs Riggs 02Where stories live. Discover now