Capítulo 08

2.3K 332 20
                                    

Harry

        Acordei antes mesmo de o sol nascer, sentindo-me realmente nervoso. Lavei-me e tratei de trocar minhas vestimentas.
        Quando estava devidamente apresentável, resolvi sair de meu aposento, rumando para o jardim da casa. Ao sair de meu aposento, todavia, dei de cara com Amanda saindo de um cômodo que não era o seu aposento. Quando viu-me, ela imediatamente ficou pálida.
       — Bom dia, Harry. — disse ela, sussurrando.
Forcei um sorriso, desviando os olhos dela, para o aposento em que ela acabara de sair.
Ela seguiu meu olhar e um tanto constrangida, disse:
      — Ah... Bem, acabei perdendo-me. Esta casa é enorme, não achas?
Assenti.
Bem, o que ela fazia ou deixava de fazer, não era da minha conta, afinal.
Ainda assim, quando estava prestes a ir para a escada, Amanda deu um passo para o lado, posicionando-se diante de mim.
       — Para onde você vai à esta hora?
Ergui uma sobrancelha, lutando contra a vontade de revirar os olhos.
       — Vou dar um passeio pelo jardim.
       — Tão cedo?
Franzi as sobrancelhas.
       — Sim. Algum problema?
Ela estreitou os olhos, e sem esperar por sua resposta, desvencilhei-me dela, finalmente, seguindo para as escadas, rumo ao jardim.
     Bufei, tamanha a ousadia daquela mulher. Eu gostava de Amanda exatamente por pensar que ela era "diferente" das outras mulheres, mas ultimamente,  ela acabou mostrando-se ser tão controladora e ciumenta, quanto as demais mulheres com que saí.
       Ao descer as escadas, vi-me diante da sala e de lá, pude escutar risadas altas de criança. Presumi que seriam de Beth, e tive minhas suspeitas confirmadas, quando ouvi as vozes de Edward, e sua esposa, cochichando alegremente.
       Passei pela sala sorrateiramente, evitando fazer qualquer ruído.
Em seguida, marchei rumo à porta que dava acesso ao enorme jardim inglês daquela propriedade.
       Ajustei o colete, afrouxando-o para regular minha respiração que por sua vez, estava saindo desregulada.  Estava nervoso. Segui para o labirinto, indo para a ala mais afastada do jardim, onde pretendia encontrar-me com Annabeth. 
      Quando cheguei ao meu destino, próximo à enorme fonte, já encontrava-se a loirinha Riggs.
Sorri, ao constatar o quão pontual aquela mulher era.
Aproximei-me de suas costas, e notei que um cacho loiro escapava de seu penteado. Ela estava de braços cruzados, como se estivesse refletindo seriamente sobre algo.
     Dei mais dois passos, ficando bem diante de suas costas. Toquei aquele cacho loiro, e Annabeth sobresaltou-se, quase pulando de susto, ao sentir meus dedos sob seu cabelo.
Ela então, virou-se para mim, e eu sorri, dando o meu melhor sorriso. Ela apenas fitou-me confusa.
     — Bom dia, senhorita Riggs. — eu disse educadamente.
Ela franziu um pouco o cenho, e ergueu os olhos para fitar os meus.
     — Bom dia, Sir Hampton.
Bufei.
     — Eu já disse que podes chamar-me apenas de Harry.
     — Não creio que seja apropriado, Sir.
Ergui uma sobrancelha.
     — Ah, é? E por quê?
Ela pigarreou.
     — Bem, porque uma dama não deve ter tantas intimidades assim, com um rapaz como o senhor.
Não pude deixar de gargalhar.
     — Meu Deus, mulher! Você parece uma  daquelas senhorinhas falando!
Ela franziu as sobrancelhas, provavelmente incomodada por meu comentário, e em seguida cruzou os braços.
      — De todas as formas, gostaria que o  senhor fosse mais direto, e esclarecesse por qual motivo solicitou a minha presença.
Pigarrei.
     — Certo, certo.
Ela ergueu uma sobrancelha loira.
     — Então...?
Respirei fundo e ajoelhei-me diante dela, pegando uma de suas mãos ao fazê-lo.
Ela arregalou os olhos, em completa surpresa.
     — Senhorita Annabeth Riggs — continuei—, me daria a honra de tornar-se minha esposa? 
Ela entreabriu os lábios, e piscou várias vezes, sem pronunciar uma palavra sequer.  
Ao notar seu evidente silêncio, não pude deixar de incomodar-me, afinal, era eu que estava ajoelhado no chão feito um bobo, não ela.
Franzi o cenho.
      — Bem... Creio que agora seja o momento em que a senhorita diz sim, e eu levanto-me daqui. — eu disse, apontando para o chão.
Ela lambeu o lábio inferior e depois olhou-me, ainda surpresa.
     — Eu não... Eu não posso!
Levantei-me abruptamente.
     — O quê?!
Ela mordeu o lábio, desviando o olhar para o chão.
     — Eu disse que não posso, Sir.
Foi a minha vez de permanecer em silêncio.
Não consegui acreditar naquilo. Ela estava recusando-me?
Ela voltou seu olhar para o meu, franzindo o rosto.
    — Eu não... Não entendo... Por quê está pedindo minha mão?  
Ignorei sua pergunta e continuei em silêncio, apenas observando-a com atenção.
Ela pareceu-me nervosa, pois tratou de morder a unha do polegar. Já eu, permaneci imóvel.
     Era a primeira vez que uma mulher recusava-me e definitivamente era a primeira vez que pedia alguém em casamento.
     — Você disse que não pode casar-se. — por fim, rompi o silêncio— , Por quê?
Ela suspirou pesadamente.
     — Não posso porque... Pretendo casar-me com outro.
Claro que sim.
Eu era um completo tolo, por pensar que alguém como Annabeth Riggs permaneceria solteira por muito tempo.
Passei a mão pela testa, olhando para a direita, visando o céu azul de Petersburg.
Pela visão periférica, notei a mulher diante de mim avaliar-me com atenção.
    — Sir Hampton eu...
Voltei a fitá-la, erguendo uma das mãos ao fazê-lo.
    — Está tudo bem, Annabeth. Não precisa desculpar-se.
Ela apenas assentiu e eu voltei à fitar o horizonte.
Sentia-me completamente humilhado.
Não. Era mais do que humilhação.
Não sabia bem o porquê, mas doía a ideia de ver Annabeth casando-se com outro.
"Recomponha-se, Harry!"— disse uma voz em minha cabeça.
Olhei novamente para Annabeth.
Meu Deus, o que aquela mulher tinha de tão especial?
Ela nem sequer fazia meu tipo!
Era muito pequena, muito recatada e...
Dei uma olhada naqueles olhos azuis;
Eram aqueles olhos que chamavam a minha atenção. A forma como eles pareciam mudar, de acordo com o humor dela...
Suspirei.
Ah, droga...
Eu estava apaixonado.
Fechei os olhos com força.
Droga, droga, droga...
Nesse momento, ouvi um pigarreio ao meu lado. Segui o som e vi uma Annabeth aparentemente nervosa ao meu lado.
     — Eu creio que deva voltar para meu aposento, Sir.
Assenti, e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, ela já estava caminhando em direção à casa.
      "É, parece que a bebida será minha companhia desta noite",pensei.

Tinha que ser você - Irmãs Riggs 02Where stories live. Discover now