Capitulo 06

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Annabeth

      Abri os olhos e notei que já era dia.
Ergui-me pelos cotovelos, e levantei, indo até a penteadeira para prender meus cabelos.
      Olhei minha aparência no espelho. Eu estava péssima... Manchas roxas circundavam meus olhos, num sinal explícito de minha má noite de sono.
       De repente, um vislumbre da noite anterior me veio à cabeça.
Lembrava-me perfeitamente de ter acordado no meio da madrugada, para tomar um copo de leite, quando ouvi burburinhos vindos de um aposento localizado próximo ao meu.
        Resolvi ignorar, e quando subia as escadas, vi Amanda Smith sair do tal aposento. Imediatamente reconheci o dono do quarto:
Harry Hampton.
A ousadia de sua amante não parou por aí: Ao ver-me, ela teve a audácia de cumprimentar-me, enquanto fazia questão de exibir um sorriso satisfeito e triunfante. 
        Tornei a visualizar minha aparência no espelho, enquanto penteava meus cabelos.
Quando acabei de desembaraçá-los, os prendi num coque. Mamãe sempre dissera-me que uma dama nunca deveria ser vista desarrumada ou com os cabelos soltos. Era extremamente deselegante.
      Lavei-me e em seguida, troquei minhas vestimentas. Coloquei um vestido azul, com bordados de renda e babados leves.
Quando desci as escadas, dirigindo-me para a sala onde seria servido o café da manhã, quase esbarrei com Edward e seu amigo libertino.
       Meu cunhado cumprimentou-me educadamente, e o outro, apenas fitou-me. Estranhei ao notar olheiras ao redor de seus olhos azuis.
O cabelo,  sempre bem penteado, estava  desgrenhado, como o colete,  que  estava aberto num ato um tanto desleixado, considerando a forma como Harry sempre vestia-se.
Ele estava um fiasco.
        Ergui o olhar pra fitar seus olhos novamente, e assustei-me com o que vi neles. Seus olhos observavam-me com atenção, fazendo-me sentir desnuda, tamanha a sua intensidade. Engolindo em seco, fiz uma reverência e dei-lhe um sorriso educado. Ele, todavia, não mexeu um músculo sequer, permanecendo apenas a fitar fixamente meus lábios.
       De repente, desviou os olhos para o chão e saiu, sem dizer uma palavra sequer.
Franzi o cenho, pensando no quão estranho aquilo havia sido.
       Aquela foi a primeira vez que o vi com uma expressão daquelas no rosto. Parecia-me totalmente atordoado...
       Fui tirada de meus devaneios, ao ouvir o ronco de minha barriga.
Dei de ombros e dirigi-me imediatamente para a sala de jantar, com o intuito de saciar minha fome.
      Mal dei dois passos adiante, e vi Frederick Campbell levantar-se de seu assento, situado na enorme mesa rodeada de guloseimas.
Ao notar minha presença, ele sorriu atraindo minha total atenção para si.
Reverenciei-o, pondo um sorriso tímido aos lábios.
       — Senhorita Riggs! Que honra tê-la como companhia para o café da manhã!
Sorri, fitando minhas mãos.
      — A honra é toda minha, Sir.
Ele veio até mim, puxando um assento para que eu pudesse sentar-me. Era um completo cavalheiro.
Passei o resto do café da manhã, lançando olhares sutis para ele, que retribuiu fervorosamente.
       Quando ambos encerramos o café da manhã, Frederick pigarreou, fazendo-me fitar seus olhos castanhos.
       — Senhorita Riggs, se me permite dizer, vossa pessoa parece-me ser  realmente muito simpática. Gostaria de conhecer-lhe melhor.
Pisquei timidamente, dando um de meus melhores sorrisos enquanto corava.
       — Digo o mesmo do senhor, Sir Campbell.
Ele sorriu.
        — Por quê não marcamos um passeio qualquer dia desses?
Assenti.
        — Eu adoraria, Sir.
Ele então, veio até mim, beijando levemente minha mão direita.
        — Não vejo a hora deste passeio ocorrer, senhorita Annabeth.
Corei. ( Não de verdade, é claro).
       Dito isto, Frederick saiu da sala, indo direto para as escadas, e eu lutei contra a vontade de fazer uma dancinha feliz.
Definitivamente, este ano minha sorte mudaria...

Harry

        Estava começando a ficar tonto, de tanto andar em círculos.
Sentia-me completamente inquieto, devido a minha atual situação.
A noite anterior, em que planejei ficar com Amanda, não acabara tão bem quanto eu esperava.
        Amanda havia ido ao meu quarto no horário programado.
Entretanto, um imprevisto ocorreu.
Não consegui dormir com uma mulher, Por Deus!
O motivo? Porque sempre que beijava ou tocava em Amanda, era nela que eu pensava...
       No final das contas, acabei pedindo que Amanda se retirasse de meu aposento, sentindo-me completamente constrangido por meus atos diante dela.
Suspirei pesadamente, recordando-me do fato ocorrido hoje mais cedo.
       Eu havia acordado cedo naquele dia, com o intuito de evitar encontrar-me com Amanda, tamanho meu  constrangimento.
Meu plano deu certo, pois quando desci para tomar o café da manhã, vi sentados à mesa, apenas Edward e Frederick. Tratei de imediatamente juntar-me à eles.
Ao ver meu estado, Edward arregalou os olhos em surpresa.
       — Céus, Harry! Você está bem?
Desviei os olhos do prato diante de mim, e assenti.
       — Estou bem.
Frederick que até aquele momento havia permanecido quieto, por fim abriu a boca:
       — Parece que alguém não teve uma boa noite de sono, hein?
Fechei a cara para ele, com um sorriso debochado nos lábios.
       — Cuide da sua vida, seu patife.
Edward suspirou.
       — Harry... Por favor, não crie confusão a esta hora.
Bufei.
        — Quer saber de uma coisa? Perdi o apetite. — eu disse, já levantando-me do assento.
        Edward limpou a boca com um guardanapo e seguiu-me.
Por sob o ombro, ouvi-o  desculpar-se com Frederick.
        Inesperadamente, senti uma mão em meu ombro, impedindo-me de sair daquela casa. Virei-me e notei Edward com um expressão preocupada.
       — Estou falando sério, Harry, estás bem?
       — Estou. Apenas... Quero sair e ficar um pouco sozinho, pode ser?
Ele retirou a mão de meu ombro, assentindo. Então virou-se e já dava alguns passos diante de mim, quando ela apareceu...
      Annabeth usava um vestido azul, e por mais incrível que pareça, meu olhar não caiu para seu decote.
Não consegui desviar os olhos de seu rosto, quase que hipnotizado por aqueles olhos azuis.
Ela sorriu, e meu olhar fixou-se em seus lábios. Aqueles lábios cheios e belos, em formato de coração.
Qual seria a sensação de tê-los, junto aos meus?  
Finalmente retornei à mim, e sem saber o que fazer, saí, feito um bobo.
        E bem, aqui estava eu, trancado em meu aposento, em completa agonia.
       O fato de não ter conseguido dormir com Amanda ou de não conseguir tirar Annabeth da cabeça, eram completamente inéditos para mim. O que havia de errado comigo?
Comecei a coçar a nuca, em completo estresse.
Foi nesse momento, que ouvi batidas na porta.
       — Entre! — eu disse.
Pela porta, surgiu uma das criadas da casa, que tratou de reverenciar-me na hora em que pôs os pés no aposento.
      — Com toda licença, Sir Hampton. Acabou de chegar uma carta de Londres, destinada ao senhor.
Ela então, ergueu a carta em questão, para que eu pegasse.
Ao pegá-la, reconheci imediatamente a caligrafia. Era de meu pai.
Desviei os olhos da carta, para a mulher diante de mim.
      — Certo. Muito obrigado.
Ela assentiu e antes que eu pudesse pestanejar, ela já havia se retirado do quarto.
Bufei.
O que será que meu pai queria agora?
       Rasguei sem cerimônia o envelope  da carta, devido a minha extrema curiosidade. Não era comum receber cartas do marquês Hampton, afinal.

Tinha que ser você - Irmãs Riggs 02Where stories live. Discover now