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Mais um dia de aula e dessa vez eu deixei minha mãe fazer o café. Pão com presunto e café com leite.
Passei na casa da Brenda e fomos juntas pra escola, nos separando quando deu o sinal de começar a aula.
Mais uma vez a turminha do fundo ria, pensei que fosse do meu cabelo. Hoje só prendi em um rabo de cavalo e a parte solta ficou parecendo uma vassoura.
Alice, a namorada do Erick, fez um comentário sobre ele.

—Quer um pente emprestado? Se quiser posso trazer minha chapinha pra ajeitar esse cabelo.
—Por isso que você não tem cérebro, queimou ele com a chapinha.

Meu comentário faz todos rirem, o que deixa ela com raiva.

—A surra que você levou ontem não foi suficiente?

Por um momento não entendi, mas ai lembrei: o Erick deve ter mentido para os amigos dizendo que me bateu.

—Aquilo foi a surra? Confesso que seu namorado é muito bom nisso. Podemos repetir qualquer dia, Erick.

Pisco, fazendo ele se encolher na cadeira e ficar vermelho de vergonha. Alice olha pra ele como se esperasse uma explicação, mas ele só diz um "ela é doida" e muda de assunto.
Se ele vai espalhar algum boato, eu posso espalhar também.
Durante todo o dia o grupinho dele não mexeu mais comigo, acho que o Erick está com medo de mim e isso é bom.
Na hora do intervalo o lanche foi macarronada (ou melhor, macarrão talharim com molho de tomate). Eu não quis pegar porquê não gosto de macarrão, então o Luca comprou um salgado pra mim com uma mulher que vende dentro da escola.
Achei a atitude dele muito fofa, ele é muito fofo, totalmente o contrário do babaca do Erick.
Já que ele foi tão legal comigo, resolvi levar pra ele um pedaço de bolo que a minha mãe fez no dia seguinte e até a Brenda comeu (roubou).
Tudo parecia tranquilo naquela semana, até eu ter o azar de encontrar com o Erick na padaria no sábado.

—Tá me seguindo? —diz ele
—Eu ia perguntar a mesma coisa. —digo sem muito ânimo
—Você mora por aqui?
—Isso te interessa?
—Eu moro nessa rua, ali em baixo.
—Que ótimo. —digo bufando
—Acho que você não deve morar por aqui, se não eu já teria te visto.
—Deus é bom de mais.
—Então você mora? Onde?
—O que vai querer? —a moça da padaria me pergunta
—Três reais de pães.

Ela empacota meus pães, pego o papelzinho, pago no caixa e vou embora o mais rápido possível.
Não acredito que esse idiota mora 3 ruas depois da minha. Graças a Deus que nunca nos vimos fora da escola e espero nunca ver.
Comentei com a Brenda no domingo sobre isso, quando ela foi lá pra casa e ela confirmou, também ficou impressionada de eu nunca ter visto ele antes. Bom, talvez eu tenha visto e só não tenha prestado atenção.
Na segunda a Brenda faltou, ela tinha um exame marcado, então passei o intervalo só com o Luca.

—Como conheceu a Brenda? —ele puxa assunto
—Não sei bem. Um dia ela apareceu lá na rua e ficamoa brincando de bola. E você?
—Na escola, ano passado.
—Deve ser bom ter um amigo na sala. Queria muito ter ficado na sala com vocês. Detesto minha turma.
—A Brenda é legal, mas ela fala muito. —ele ri
—Isso é verdade.
—Eu sou quieto, sabe. Ai ela fica chamando atenção. É um pouco chato.
—Eu faria de tudo pra não chamar atenção. Mas esse cabelo...
—Eu acho ele bem bonito.
—Sério?
—É diferente. Diferente bom, claro. —ele se corrige
—Você é a primeira pessoa depois dos meus pais a me dizer isso. Os garotos me acham esquisita. As garotas também. —riu —Mas os meninos principalmente.
—Todo mundo fica tentando ser igual, ai quando eles vêem algo diferente eles tentam fazer aquilo ficar "normal" que nem eles. É como bater um prego torto. Ele pode até pregar a madeira mas vai ficar todo torto.
—Poético. Mas eu não entendi quase nada. —rimos
—O que eu quero dizer é que se você se forçar a ser igual a eles só por que eles querem, você vai ser infeliz.
—Tem razão. Foi isso que o meu pai me ensinou, a não ligar para a opnião dos outros.
—Quer um salgado? Eu trouxe dinheiro.
—Não precisa.
—Vamos aproveitar que a Brenda não tá aqui e não vai ter ninguém para nos roubar.

Meu primeiro amor Where stories live. Discover now