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E foi isso que ele fez, parou de me perseguir, seu grupinho até mesmo parou de mexer comigo, me tornei invisível, como eu queria.
Me encontrei com o Luca no fim de semana, saímos pra dar uma volta na pracinha perto da minha casa e tomamos sorvete.
Assim, sozinhos, sem a faladeira da Brenda, a gente pôde se entender e até demos uns beijos.
Na escola eu evitava, não queria constranger a Brenda... Era o que eu dizia ao Luca, mas eu também não queria deixar o Erick bravo, não quero que ele cumpra a ameaça que fez ao Luca... Ou era o que eu tentava me convencer de estar fazendo.
Tudo parecia indo bem, mas já era nítido pra todos que a minha relação com Luca já havia passado de amizade e a Brenda já estava falando sobre namoro. Foi ai que o Erick voltou a me esperar.

—Eu terminei com a Alice.
—De novo? —digo sem olhar pra ele
—Dessa vez é definitivo.
—Sei.
—Não acredita em mim?
—Claro que não. —olho pra ele —Mas não é da minha conta.
—Você e o Luca tão namorando?
—Ainda não.
—Ainda?
—É, sabe, estamos ficando, nada sério.
—Já faz mais de um mês.
—Pois é.
—Você gosta dele?
—Sim, ele é um cara legal.
—Tá apaixonada por ele?
—Isso importa?
—Sei lá. Acho que pra namorar você tem que estar ao menos apaixonado.
—Não estamos namorando.
—Deixa ele pra lá e fica comigo.
—Isso é uma piada, né?
—A Alice não era o problema? Já terminei com ela.
—O problema é você! Quer ficar comigo hoje pra eu chegar amanhã na escola e ver vocês dois agarrados? Eu nunca me decepcionei tanto com alguém.
—Isso não vai acontecer de novo, eu juro.
—Pode jurar para um padre, pra mim não.
—Você nem gosta do Luca, tá com ele só pra me fazer raiva.
—Eu não sou como você. Eu não uso as pessoas.
—Me da uma chance, vai. —ele pega minhas mãos —Tudo vai ser diferente.
—Vai entrar comigo à tiracolo na escola amanhã?

Ele não responde e mesmo que dissesse sim minha resposta ainda seria não. Me soltei e atravessei a pista.
Quase chorei ao entrar no meu quarto, mas me recusei a derramar outra lágrima por ele.
O dia seguinte era um sábado e eu tinha planos de dormir até mais tarde, mas um barulho estranho me acordou, eram pedras na minha janela.
Minha casa era um primeiro andar de esquina, da minha janela dava pra ver as duas ruas e uma outra que começava quase em frente a minha casa, fazendo a perninha de um T.
Lá em baixo eu vi o Luca e nessa rua do meio vi o Erick, ele estava segurando uma rosa.

—Desculpa te acordar. —disse Luca —É que eu não conseguia mais esperar, passei a noite toda acordado pensando nisso. —ele estava ofegante —Júlia, quer namorar sério comigo?

Olho em direção a ruazinha onde Erick balançava a cabeça negativamente, implorando pra eu não aceitar.
O Luca sorria olhando pra mim enquanto esperava a resposta e eu respondi o seguinte:

—Nada me faria mais feliz.
—Jura? Que bom. Então... A gente se vê mais tarde.

Ele foi embora e eu corri, não atrás dele, mas atrás do Erick, que tinha jogado a rosa que trazia no chão e estava indo embora.

—Filha, quem é que estava falando ai na rua?
—Agora não mãe.

Era uma manhã chuvosa e eu sai de pés descalços pela rua, no frio. Peguei a rosa no chão e corri mais um pouco.

—ERICK. —gritei, chamando a atenção dele —Eu te amo.
—Então fica comigo.
—...Eu não posso.

Ele sorriu de forma triste, baixou a cabeça, virou as costas e saiu andando. Tentei correr atrás dele mas fui agarrada pelo braço pela minha mãe.

—Da um tempo pra ele.

Ela estava com um guarda-chuva pois as gotas tinham engrossado e me conduziu de volta pra casa.

—O que vocês estavam fazendo lá fora? —meu pai pergunta
—A Júlia viu essa flor no chão e quis pegar.

Eu estava chorando a essa altura, mas as lágrimas se misturavam com as gotas de chuva.

—Mulheres...
—Filha, vai trocar de roupa e volta a dormir.

Foi o que eu fiz, mas não fui dormir, fui chorar.

Meu primeiro amor Where stories live. Discover now