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—Você devia pedir na secretaria pra te mudarem de sala. —Brenda diz —Agora sem o Luca eu vou ficar sozinha.
—Eu fiquei sozinha na minha sala até agora e não morri. Você se quer pensou nisso.
—Tem razão, eu vou mudar pra sua sala. Assim vou poder ficar mais perto do Erick.
—Não quero mais ouvir esse nome!
—Calma amiga.

Eu só queria fingir que o Erick não existia e eu já estava preparada pra ver ele com a Alice de novo. Eu sei que ela tá com o Karlos e que ele se afastou do grupinho, mas é bom estar preparada.
Foi dito e feito, ele estava lá, junto com os amigos dele. Estava quieto, cabisbaixo, mas a Alice parecia se esforçar pra animar ele.
Aquelas aulas foram tão torturantes que eu pensei bem se não devia fazer como a Brenda sugeriu e mudar pra sala dela. Mas pra isso eu preciso de um bom motivo e eu não posso falar qual é o meu.
Na hora do intervalo eu levei uma facada. Vi o Erick carregando a Alice nas costas pelo auditório, ela desceu na fila do lanche e antes dele ir para a fila dos meninos, ela beijou ele... De olhos abertos, enquanto me encarava.
Não desviei o olhar, queria que ele percebesse que eu vi e quando ele virou eu sorri.
Um sorriso de ''por essa eu já esperava".
Ele não parecia feliz, nem satisfeito com a atitude de Alice, mas ela tinha conseguido o que queria, mostrar que, no fim das contas, ele sempre vai voltar pra ela.
Na hora da saída, uma surpresa, meu pai estava me esperando.

—Pai? Tá fazendo o que aqui?
—Fui na secretaria resolver uma coisa.
—Que coisa?
—Vou te contar quando chegarmos em casa.

Eu estava curiosa, mas o meu pai se recusou a contar o que tinha acontecido, mas deve ser algo bom, ele parece bem humorado. Mas o quê de bom pode ter acontecido envolvendo minha escola? Será que é alguma olimpíada de matemática ou concurso de redação?

—Chegamos! —meu pai anuncia quando entramos em casa
—Já contou pra ela? —minha mãe vem ao nosso encontro
—Não. Queria contar junto com você.
—Vocês estão me deixando ansiosa.
—Eu fui transferido e agora vou trabalhar na California.
—Que bom. —abraço ele —Mas onde fica isso?
—Estados Unidos.
—Estados Unidos? O país?
—É. Vamos todos mudar de país.
—Tá brincando, né?
—Não. Eu sei que é inacreditável, mas é verdade.

Os dois estavam super felizes e eu queria estar também, mas só conseguia pensar que teria que deixar todas as minhas amigas, minha escola... A quem estou querendo enganar? Eu vou ter que deixar o Erick!

—Não está feliz, querida?

Tudo que eu consegui fazer foi chorar e fingir um sorriso pra eles acharem que eu estava chorando de felicidade.

—Conversei com a secretaria e eles disseram que vão adiantar suas provas pra que termine o bimestre antes da gente ir.

Meu pai não percebeu mas minha mãe viu que eu estava triste e veio conversar comigo quando meu pai saiu.

—Tá assim por causa daquele garoto, não é? —faço que sim, enxugando as lágrimas —Achei que você ia terminar com ele.
—Eu terminei.
—Mas você ainda gosta dele, né?
—Não da pra desgostar da noite pro dia.
—Eu sei. Mas vai passar, eu prometo. Agora você vai poder experimentar os gatinhos americanos.
—Meu inglês não é tão bom.
—Acho que vamos ter alguns problemas. —ela ri, me fazendo rir também —Seu pai vai no avião da marinha e não temos autorização pra ir com eles. Temos que pegar um ônibus na rodoviária pra Recife e de lá pegamos um avião pra Malibu.
—O papai está muito feliz, não é?
—É o sonho dele ir pra marinha americana desde que se alistou.
—Tenho que ficar feliz por ele.
—Eu entendo que esteja triste, mas esse é o momento do seu pai.
—Eu sei, não se preocupe. Vou colocar meu melhor sorriso e vou dizer o quanto estou feliz por ir morar na California.
—Sinto muito ter que fingir.
—Não totalmente. No fundo eu tô animada, mas...
—A dor é maior.
—É.
—Que tal fazermos compras pra distrair?
—Eu estava triste? Não lembro.

Meu primeiro amor Where stories live. Discover now