22

842 74 51
                                    

Compramos malas novas, pois tinhamos muitas coisas pra levar.
Minha tia vai ficar responsável por vender nossos móveis, aqueles que ela não aproveitar e também vender a casa.
Por enquanto vamos morar em uma casa cedida pela marinha americana, mas meu pai tem algum dinheiro guardado e juntando tudo da pra comprar uma casa ou apartamento por lá.
Menti para a Brenda dizendo que eu estava em um clube para alunos avançados e por isso ia ter as minhas aulas na secretaria por uma semana.
No fim de semana visitei todas as minhas amigas para me despedir e por último foi a Brenda, no domingo a tarde.

—California? Caramba! Isso é um sonho.
—Eu sei.
—Queria ser você.
—Vamos continuar nos falando por ligação.
—Claro. Vou anotar o número do telefone daqui. —ela me entrega um papel —Só fico triste por não ter mais ninguém pra ficar comigo na hora do intervalo.
—Eu sei que logo você vai achar uma nova amiga.
—No fim das contas o Luca nem precisava ter saído.
—Pois é. Talvez ele volte.
—Vou tentar convencer ele. Quando você vai?
—Amanhã de manhã, por volta das 10 horas.
—Já? Por que não me falou antes?
—Eu não queria que ninguém da escola ficasse sabendo.
—Mas eu não ia contar pra ninguém. —sei
—Eu sei, mas achei melhor assim.
—Vou sentir muito a sua falta. —ela me abraça
—Também vou sentir a sua.

Nos abraçamos e demos o último adeus.
No caminho pra casa eu dei uma olhada na direção da casa do Erick antes de atravessar a pista e o vi. No começo ele não me viu e eu pude dar uma última boa olhada nele, mesmo que de longe.
Quando ele me viu parou o que estava fazendo para me olhar, então eu desviei o olhar e atravessei, antes que eu cedesse ao instinto de correr até ele.
O resto da noite foi de arrumação. Papai já tinha ido e eu tive que me virar com a mamãe. Ao todo foram 6 malas e duas mochilas, muitas coisas velhas tiveram que ser deixadas pra trás. Pensei em me livrar do colar de skate que o Erick havia me dado, mas eu não consegui.
Passei a noite em claro, não triste, mas ansiosa pelo que me esperava.
Dei um cochilo das 6 da manhã até as 9:15, quando pegamos um táxi para a rodoviária.
Esse é o horário do intervalo lá na escola.

[Narrador P. O. V]

Júlia tinha faltado as aulas durante toda semana passada, mas estava indo à escola fazer alguma coisa na secretaria. Mas hoje, Erick notou que ela se quer tinha ido até a escola.

—O que você tem? —pergunta Alice
—Sede. Vou beber uma água.

Mas não era isso, ele foi atrás da Brenda, a única pessoa que podia lhe dizer algo sobre o que estava acontecendo com Júlia.

—O que uma garota bonita dessas está fazendo sozinha?

Erick sabia que Brenda era atraída por ele, então, se ele desse mole pra ela, ia ser mais fácil obter informações.

—Meus dois amigos foram embora.
—Como assim?
—O Luca saiu por que achava que a Júlia gostava mesmo de você, igual você disse a ele no dia da briga.
—Sei, sei, fiz isso pra zoar. Mas e a Júlia?
—Ela tá se mudando pra California.
—A rua?
—Não, o estado.
—Sério?
—É.
—Ela foi quando?
—Na verdade... —ela olha o relógio —Deve estar indo agora.
—Como? —ele diz assustado
—Ela vai pegar um ônibus na rodoviária às 10.

Sem pensar duas vezes, Erick correu para fora da escola, empurrando todos os funcionários que tentavam o impedir de passar.
Ele correu, correu e correu até em casa. Pegou dinheiro emprestado com seu pai e foi de mototáxi até a rodoviária.

—Mais rápido moço. Por favor. —ele diz, aflito
—Estou no máximo permitido. Se eu for mais rápido posso ser multado!

Ao chegar na rodoviária ele pulou da moto e jogou uma nota de 50 no piloto, mesmo a corrida só tendo custado 10.
Ele não sabia onde Júlia podia estar, então ele correu para todos os lados à procura dela.
Ele não podia ir até as plataformas se não tivesse passagem. Então foi para o primeiro andar, de lá os familiares e amigos se despediam dos viajantes.
Ele olhou em cada plataforma até finalmente encontrar o que ele procurava... O rosto de Júlia.

—JÚLIA! JÚLIA!

Ela já estava dentro do ônibus, provavelmente não ouviria, mas ele precisava ao menos tentar.

—Garoto! Tenho que pedir que pare de gritar. —diz um segurança
—Não posso. É a minha namorada que está indo embora. Eu preciso dizer adeus. JÚLIA!

Mesmo sem ter ouvido, os instintos de Júlia a fizeram olhar pela janela e seu olhar se encontrou com o de Erick, que estava sendo contido pelo segurança.

—EU TE AMO!

Ela ainda não pode ouvir, mas pôde ler os lábios dela e em um sussurro ela respondeu.

—Também te amo.

O ônibus saiu e logo Erick foi perdido de vista.
Júlia chorou, arrependida por não ter ido se despedir adequadamente de seu amor, seu primeiro amor.

—Vai ficar tudo bem querida, vai ficar tudo bem.

Meu primeiro amor Onde as histórias ganham vida. Descobre agora