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Na hora de ir embora tive que ir sozinha e praguejei a Brenda na minha cabeça assim que dei de cara com o Erick no caminho.

—O Luca não veio te deixar?
—Ele não tem essa obrigação.
—Podia ter me chamado pra vir com você.
—Por que não vai com a sua namorada?
—Que namorada? Não estou mais namorando.
—Que bom.
—Bom por que?

Ao receber seu olhar de malícia, eu me arrependi instantaneamente de ter dito aquilo.

—Agora você pode passar o rodo na escola toda. —tento me corrigir
—Ah... Achei que tava feliz.
—Por que eu estaria feliz ou triste? Sua vida é irrelevante pra mim.
—Assim poderíamos nos beijar em paz.
—Quem disse que eu quero beijar você?
—Não quer?
—Não.

Tento parecer firme mas minha voz sai fina e estranha.

—Tá nervosa?
—Me deixa em paz.

Ele continua me seguindo, rindo feito um idiota.

—Para de me seguir!
—Não estou te seguindo, estou indo pra casa.
—E por que tá vindo por aqui?
—Não posso?
—Você nunca vem por aqui.
—Eu vim pela pista, mas eu viro nessa rua sempre. A gente não se encontra porquê deixo a Alice em casa primeiro, mas agora que a gente terminou não tenho mais obrigação.
—Agora que eu sei vou mudar de caminho.
—Tem medo de quê? Que eu te beije de novo? Não se preocupe, não vou fazer isso nunca mais.
—Amém.
—Para o seu azar, é claro.
—Idiota convencido.
—Você prefere os loiros né?
—O que quer insinuar com isso?
—Vi você com o Luca.
—Não que seja da sua conta, mas ele e eu somos só amigos, aliás, mal nos conhecemos.
—Quem você acha mais bonito, eu ou ele?
—Isso é importante pra você?
—Digamos que sim.
—Ele, mil vezes.
—Ele beija melhor que eu?
—Já disse que eu e ele somos só amigos!
—Amigo que fica comprando lanchinho? Ele não compra pra Brenda.
—Ele deve ter os motivos dele.
—Ou ele é afim de você.
—Você não tem ninguém melhor pra perturbar?
—Não. Gosto de mexer com você.
—Eu mereço.

Aperto o passo mas ele continua lado a lado comigo. Ele é alto, tem pernas longas, nem precisa correr pra me alcançar. Ao chegar na pista ele vira a direita e eu sigo para minha rua. Ele da tchau mas não respondo.
De tarde vou até a casa da Brenda pra conversar sobre meu dia como fazemos sempre, mas o Luca estava lá.

—Oi. —digo ao entrar —O que estão fazendo?
—O Luca trouxe o caderno dele pra eu copiar o que os professores passaram hoje.
—A gente vai ver um filme depois. Gosta de terror? —Luca pergunta
—Não muito.
—Mas desse vocês vão gostar.

Enquanto a Brenda copiava na cozinha, Luca e eu fomos pra sala para não atrapalhar.

—Você fica diferente sem o uniforme.
—É que ele não valoriza minhas curvas. —brinco
—Gostei da sua blusa.
—Gostei do seu moletom. Onde comprou?
—Minha tia trouxe de São Paulo.
—Ah, então eu não vou achar um igual.
—Terminei. —diz Brenda entrando na sala —Estão prontos?

Ficamos vendo filmes até 6 da tarde. O tempo estava fechado quando saímos e frio.
Abracei o meu corpo quando senti o vento bater.

—Quer meu casaco emprestado?
—Não precisa, eu moro perto. Sem falar que eu acho que vai chover.
—Melhor ficar com ele então. Se ele molhar na chuva vai ficar pesado e fedido, ai vou ter que lavar. Você me devolve amanhã na escola.

Antes que eu pudesse dizer não ele jogou o casaco em mim.

—Agora que eu tô mais leve, vou correndo.

Ele correu em direção a sua casa e eu, sem muitas opções, vesti o casaco e fui pra casa.

—De quem é esse casaco, filha? —minha mãe pergunta
—Da Brenda, ela me emprestou.

Minto, afim de não ter que dar muitas explicações sobre o porque de eu estar com o moletom de um menino.
Minha mãe é muito emocionada, ela acha que qualquer interação minha com um garoto significa que vamos namorar ou algo assim.
No dia seguinte, como sempre, fui até a casa da Brenda, vestida com o moletom do Luca.

—O que você tá fazendo usando o casaco preferido do Luca?
—Ele me emprestou.
—O Luca nunca me deixou nem tocar nesse casaco. Ele acha que vou roubar.
—E não vai?
—Eu tentei uma vez, mas não deu certo.

Rimos e continuamos nosso caminho para a escola.
Acabei esquecendo que estava com o moletom do Luca e fui para minha sala.
O Erick me olhou dos pés a cabeça, ele parecia chateado com alguma coisa. Seus dois amigos e ex-namorada estavam em uma rodinha conversando, talvez ele esteja com ciúmes dela.
Apenas ignorei e sentei na minha carteira pra assistir aula.

Meu primeiro amor Onde as histórias ganham vida. Descobre agora