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—Fui na sua casa mas sua mãe disse que você não estava. —Brenda fala no caminho pra escola —Pra onde você foi?
—Fui lá na Agatha.
—Eu fui lá e você também não estava.
—Você foi?
—Fui. Queria conversar com você. Faz tempo que a gente não passa uma tarde juntas.
—Ah. Então foi na hora que fui ajudar o meu primo com o dever de casa.
—Bom. É que eu queria sua ajuda.
—Pra quê?
—Você estuda na sala do Erick e eu sei que você detesta ele mas... Me da uma forcinha?
—Em que sentido.
—Fala que eu quero ficar com ele.
—Por que você mesma não faz isso?
—Eu já falei mas ele levou na brincadeira. —que vadia! —Por favor, me ajuda.
—Não. —não vou te ajudar a dar em cima do meu...
—Qual é amiga.
—Pode me pedir pra falar até com o Kaique, mas com o Erick não.
—Kaique? Aquele fortão do terceiro ano?
—Sim.
—Por que ele?
—É o cara mais gato da escola. Na minha opinião.
—Ele é lindo mesmo, mas nunca que ele iria querer ficar com uma guria como eu, sem falar que seria pedofilia.
—Quantos anos ele tem, heim?
—22 eu acho. Que seja! Vai me ajudar com o Erick ou não?
—Já disse que não!
—Por favor!
—Não e não toca mais nesse assunto.

Realmente era uma situação muito estranha, mas a Brenda é a última pessoa para quem quero contar sobre mim e o Erick.
Na hora do intervalo ela veio na minha sala, mas não pra falar comigo e sim com o Erick.
Não ouvi bem o que ela disse, mas ouvi a resposta dele.

—Foi mal, mas é que eu já tô ficando com outra pessoa.
—Ah, tá. Foi mal.

Ela vai na direção da porta bem rápido e me puxa pelo braço ao passar por mim.

—Que mico! —ela esconde o rosto com as mãos
—Não foi bem um não.
—Mesmo que fosse um talvez, eu só quero enterrar minha cara na terra e não tirar nunca mais.
—Mais sorte na próxima, miga.

Eu fiquei com pena da Brenda, mas ao mesmo tempo fiquei aliviada em saber que ela não ia ficar dando em cima do meu namorado.
[...]
No fim de semana o Erick me levou para andar de skate de novo, ou melhor, para cair do skate.
Mais uma vez ficamos abraçados vendo as manobras dos mais experientes na rampa, dessa vez sentados no chão bem ao lado, no meio das pernas dele.

—Eu sabia. —era a Alice —Não queria acreditar, mas... Erick, você se superou.
—Alice, a gente...
—Não gasta sua saliva, eu sei que os dois tão namorando. Eu vi o jeito que vocês estavam se olhando na sala e depois do que você disse pra aquela menina hoje na sala... Eu só queria ter certeza.
—Não conta pra ninguém, tá?
—Não vou contar, entendo porque queira manter segredo, tá namorando a mina mais feia da escola. —meus olhos encheram de lágrimas
—Não fala assim dela!
—Se eu fosse você também esconderia. —ela ri —Bom, eu vou nessa. Tenho coisa melhor pra fazer do que e meter na vida dos outros.

Todo o tempo eu permaneci sentada no chão, de cabeça baixa, sem dizer uma palavra.
As coisas que Alice disse me magoaram muito, mas eu seguirei minhas lágrimas e fingi estar tudo bem.

—Porra! Logo a Alice.
—Logo a Alice? Por que? Ainda gosta dela?
—Não é isso, é que... —era isso —Você sabe o quanto ela é importante.
—É, eu sei. —me levanto —Eu vou pra casa.
—Por favor, não fica com raiva de mim.
—Não estou. —dou um sorriso falso
—Mentira.
—A gente se vê amanhã.

Entendo porque queira manter segredo, tá namorando a mina mais feia da escola.

Essas palavras me afetaram profundamente e parando pra analisar, eu provavelmente sou a mais feia da escola mesmo.
Acho que eu e o Erick não combinamos, talvez seja melhor...
As lágrimas começam a rolar só de pensar nessa possibilidade. Por que apesar do modo como estamos vivendo, o Erick faz muito bem pra mim. Mas talvez esteja na hora do filme O Belo e a Fera terminar e sem final feliz, já que eu não vou virar uma princesa.

Meu primeiro amor Onde as histórias ganham vida. Descobre agora