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Passei a noite toda pensando nisso e até comentei a respeito com a minha mãe.

—Acho que é o melhor a se fazer. Namorar escondido não é bom, parece que a pessoa está fazendo algo errado. E se for por sua aparencia então, é pior ainda.
—Mas eu também não quero que todo mundo saiba, não tô pronta pra isso.
—Você está feliz?
—Eu tava, mas agora...
—Então termine. É só um de tantos que você ainda vai ter. Procure alguém que te valorize.

Era um conselho óbvio vindo de uma mãe, então fui até a Agatha pedir uma segunda opinião.

—Se eu estivesse no seu lugar não aceitaria isso. Se vocês realmente se gosta, por que se esconder?
—Você sabe do nosso histórico. Não começamos bem. É muito estranho a gente aparecer namorando de repente, todo mundo vai ficar falando, vai ser estressante. Namorar escondido é bom para os dois lados, mas sei que é muito mais conveniente pra ele do que pra mim.
—Você tem duas opções: Terminar ou se assumirem. Mesmo que continuem um namoro escondido, um dia alguém vai descobrir, assim como a Alice. A Brenda mora bem pertinho de vocês, já pensou se ela descobre?
—Tem razão. Eu vou conversar com ele.

De lá fui direto para a casa do Erick

—A gente precisa conversar...

Ele não disse nada, apenas ficou prestando atenção no que eu ia dizer, mas parecia nervoso com a espectativa.

—Acho que... Tá na hora de contar pra todo mundo... Sobre a gente.
—Mas já?
—Melhor ficarem sabendo pela gente do que por fofoca.
—Se for por causa da Alice não precisa se preocupar, se ela disse que não vai contar a ninguém é por que ela não vai. Eu confio nela.
—Não é só pela Alice. Outras pessoas podem descobrir. Melhor a gente contar pra resolver isso logo e vivermos nossas vidas em paz. Você mesmo disse que não se sentia confortável com a Brenda dando em cima de você.
—Não sei se é a hora certa...
—Você tem vergonha de mim? Não é?
—Não! Não é isso.
—O que é, então?
—Vamos continuar do jeito que está, por favor.
—Você tem vergonha de mim. —não foi uma pergunta dessa vez e sim uma afirmação
—Júlia, não fala assim. É só que... Vai ser estranho.
—Estranho? Acha que não é estranho pra mim também?
—É diferente pra você.
—Por que eu tô namorando um cara bonito, mas é difícil pra você por que namora a garota mais feia da escola?
—Você sabe que eu te acho linda.
—Mas os outros não acham e você tá preocupado com a opinião deles.
—É minha reputação que está em jogo!
—Reputação?! Só se for a reputação de cachorro babaca.
—É isso que você acha de mim?
—É o que eu sei que você é.
—Então por que quis namorar comigo pra começo de história?
—Por que eu achei que você ia mudar, mas continua o mesmo imbecíl.
—Eu não te pedi pra mudar sua aparência, por que quer mudar minha personalidade?
—Por que sua personalidade de mau carater, brigão, babaca, pegador, afeta outras pessoas além de você.
—Não da pra mudar isso do dia pra noite!
—Você quer mudar por acaso? —ele fica calado —Foi o que eu pensei. Acabou Erick.
—Pera ai. —ele me segura pelo braço —Você não vai terminar comigo assim!
—E o que você vai fazer?

Ele não tem resposta.
Me desvencilho dele e vou embora. Dessa vez nem consigo chegar em casa antes de chorar, mas para minha sorte estava chovendo, então ninguém percebeu as minhas lágrimas.
Exceto pela minha mãe, ela podia sentir quando eu não estava bem e eu não precisei dizer nada, ela sabia o que tinha acontecido.
Depois de tomar um banho quente, eu e ela assistimos a uma comédia pra distrair enquanto comíamos juntas um pote de sorvete de chocolate.

Mas quando chega a noite... Eu não consigo dormir. Meu coração acelera e eu sozinha aqui. Eu mudo o lado da cama, eu ligo a televisão, olhos nos olhos no espelho e um vazio no coração que sorvete nenhum pode preencher.

Meu primeiro amor Where stories live. Discover now