Capítulo 10

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Esmurradas frenéticas na porta acordam o príncipe, que estava em sua quinta hora de sono as 7 da manhã.

-Matt eu preciso da sua ajuda urgente! - a voz estridente de Julie preenche o quarto, para o desgosto de Matthew. - Qual flor você acha que combina mais com os meus brincos? - ela nem espera o príncipe dizer algo e se sena na cama dele.

- Qualquer um. Quem te deu permissão para entrar aqui? - ele se levanta furiosamente da cama e se cobre com um roupão de seda.

- Sendo sua noiva, eu não preciso de permissão. - ela passa a mão pelo cabelo negro. Matthew sentia seu sangue ferver, estava de saco cheio daquela mulher e se não bastasse isso sua cabeça ainda estava com os pensamentos em Harrison.

- Por favor, se retire de meus aposentos. - O príncipe fala com os dentes cerrados, enquanto Julie olhava para ele perplexa.

- Está mandando sua noiva embora? - ela falava dramaticamente alto, gesticulando.

- Tecnicamente você só será minha noiva a partir de hoje à noite, então sim. - ele cruza os braços sob o tecido branco do roupão e espera ela se levantar, virar as costas e andar teatralmente até a porta.

Tendo certeza de que ela já tenha sumido, Matthew troca de roupa, colocando seus trajes casuais. Ele se olha no grande espelho adornado em ouro que há ao lado da sua cômoda e analisa seu reflexo.

Penteando seus cabelos loiros que combinavam com sua pele branca e seus olhos azuis claros. O contorno escuro embaixo de seus olhos se destacava mais do que ele gostaria e as maçãs de seu rosto estavam magras de mais. Com certeza a tristeza em sua face era tão perceptível quanto seus traços delicados.

Ele desperta de seus pensamentos quando sua irmã entra no quarto.

-Bom dia, está animado para hoje? - Ela pergunta ironicamente.

-Bem... Como você estaria se soubesse que é o dia que demarca o seu futuro ao lado de alguém que não ama?

-Eu estaria, vejamos, em depressão. Você está aguentando bem até. - Ela anda até a porta. - Esquecendo a depressão, você já experimentou o café brasileiro? É muito bom.

-Sim eu já provei.

Conversando sobre outras maravilhas que poderiam degustar se a pirataria fosse legalizada, eles chegam ao salão de refeições, onde o grandioso café da manhã já estava pela metade. Apenas Harrison estava lá, se alimentado.

-Bom dia. - Ele diz.

-Bom dia. - Scarlett cumprimenta.

Só de perceber a presença do pirata, o rosto de Matthew fica vermelho e ele não consegue falar nada.

Após comer sua refeição balanceada de príncipe, sem muitas coisas úteis na cabeça, a caminho de seu quarto, Matthew é parado por sua mãe em frente a escada.

-Filho, você parece desanimado, nervoso, está tudo bem? - Ela pergunta pacientemente.

-Tudo bem... Mas eu vou ficar noivo amanhã e...

-Olha, eu sei que foi tudo de repente, mas entende que queremos o melhor para você e para o reino.

-Eu entendo... Também quero o melhor para o reino.

-Que bom que lida bem com isso, principalmente porque eu e seu pai já não somos tão jovens, e é importante para nós saber que o reino terá seus sucessores, mas agora eu preciso ir ver meu vestido no alfaiate e já pegar a roupa da rua irmã, da Julie, do pirata e a sua.

-Onde está Julie afinal? - Ele pergunta ao perceber o abençoado sumiço da mulher.

-Ela está no salão de festas arrumando os preparativos com a equipe.

-Certo, então está tudo sendo arrumado para a festa?

-Tudinho, inclusive os pratos. - Sua mãe responde indo direto para a porta. - Mas agora eu realmente preciso ir.

Em seu quarto, Matthew termina de ler um livro de romance muito interessante que retratava a vida particular de alguns Deuses conhecidos, o que levou o herdeiro a chegar em certas conclusões:

"Aquiles gostava de homens, Apolo também, Narciso também, Zeus tinha amantes homens e muitos outros."

Com um papel e uma caneta tinteiro, para iniciar sua lista, apontando nomes e evidencias da "deuses da mitologia grega que se interessavam pelo mesmo sexo". Um estudo inútil, talvez, mas ele gostaria de guardar isso dentro desse livro na biblioteca, pera posteridade, e ele se sentia representado por essa classe de uma forma subjetiva.

Sua lista era ordenada alfabeticamente, na chegada da letra N, de Narciso, duas batidas na porta que é aberta logo em seguida tira o príncipe do desenvolvimento de sua analogia.

-Ei, está ocupado? - Harrison não entra no quarto, ficando na linha da porta. - Posso voltar depois.

-Não, pode falar... - Matthew continua encarando seus papeis com o simples intuito de não encara-lo.

-Desculpas por... Sabe, por aquilo lá. Ontem. - Ele balança o corpo, ora se apoiando na ponta dos pés e ora nos calcanhares.

-Está perdoado... Eu também tenho boa parcela de culpa. - O herdeiro finalmente o encara.

-Não quero que fique um clima estranho.

-Então vamos esquecer isso... Fingir que nunca aconteceu, até porque não daria certo mesmo... - Ele volta a olhar os papéis, imaginando a utopia de ser um deus e viver as aventuras que quiser.

-Só uma coisa, o que estava escrevendo? - Ele se aproxima só o suficiente para dá uma breve olhada nos papeis.

-Eu estava... Veja bem, estudando.

-Pois continua, como alguém de 25 anos é bom estudar bem. Até mais. - Ele ri um pouco saindo do quarto.


*Ter lido sobre os deuses gregos foi uma das coisas mais legal de fazer nessa quarentena :)

Votem e comentem se quiserem :)

Flw!*

Príncipe MatthewWhere stories live. Discover now