capítulo um - nosso piloto

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JULIE'S POV

Bom, eu poderia começar dizendo o quão horrível é a vida em Los Angeles desde que minha mãe faleceu, mas isso é bem clichê e todo mundo já sabe. Eu prefiro começar com a parte de como a minha vida é agora, por que memórias do passado são assombrosas, e elas não voltam. Para contextualizar alguns de vocês, eu me chamo Julie Molina, tenho 17 anos, quase 18, e estudo na personificação de inferno na terra, chamado "Los Feliz High School", a escola tem esse nome mas ninguém canta em cima das mesas e a gente não tem um clube de basquete na escola. Na verdade as coisas aqui são bem comuns e monótonas, tirando os dias em que Luke Patterson resolve dar o ar das graças e perturbar a escola inteira. Esse menino vive em festa, só sabe falar daquela banda que tem com os dois patetas e ainda sim suas notas são altas e estáveis. Eu tenho certeza de que ele paga alguém pra fazer as provas dele. Não faz o menor sentido. E tudo bem, eu tenho uma ponta de ciúme das suas notas perfeitas e daquele sorriso branco que brilha até no escuro. E eu não sei por que raios eu comecei a pensar nele se o foco até agora era eu! Sim, voltando a "contextualização" da minha vida pacata e monótona em Los Angeles, essa escola é simplesmente um saco. Se eu pudesse jogar tudo pra cima e fugir daqui, eu já teria feito. Depois da morte da mamãe, meu pai quase entrou em crise. E bom, eu não gosto muito daquela escola por que eu não tenho amigos, além da Flynn obviamente. Ela é meu porto seguro a pelo menos 8 anos, quando nos conhecemos no fundamental I. As coisas eram mais fáceis naquela época, e a Flynn sempre ficou do meu lado desde então. Mas além dela, eu sou bem sozinha na escola. Ela costuma dizer que é por que eu vivo com "aqueles fones de ouvido que são maiores que a minha cabeça e que são assustadores". Talvez ela tenha razão, as pessoas podem não vir falar comigo por acharem que estão incomodando, e realmente algumas estão, mas não é todo mundo.
   O trio parada dura da "Sunset Curve" está vindo em direção a minha mesa e da Flynn por motivos de: não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. A banda é apenas formada por Luke, o vocalista, guitarrista e compositor, Alex, o baterista fofinho que a Flynn teve crush por um ano até descobrir que ele era gay e ela era lésbica, e Reggie, o baixista meio lesado que fica no pé da Flynn sempre que pode. Acho que ele tem um crush nela, ou na amiga dela que ela postou foto um dia desses, mas isso não justifica o fato da trupe de choque dele está vindo na nossa direção. A aula de musicalização ainda não começou, então a sala tá bem a vontade. Pelo menos no 3° ano do ensino médio sua turma não precisa mais de supervisão entre um intervalo de aula e outra, o que permite que cenas como a de Luke sentado em cima do tampão da minha carteira, me olhando com um sorriso de lado bem provocador aconteçam. Foda-se que ele é bonito, eu prefiro manter distância de encrenca já que isso eu consigo fazer e arranjar sozinha. E antes que eu seja julgada, gente como ele é a personificação de encrenca, coisa que eu definitivamente não preciso agora.

  - Julie! - diz Alex, claramente animado demais pra uma manhã de sexta-feira em que você foi obrigado a vim pra escola, e claramente com intimidade demais pra se aproximar de mim e puxar uma cadeira do meu lado com um sorriso que vai de orelha a orelha. Ele quer me meter em alguma roubada e Flynn provavelmente sabe disso porque sorri do meu lado com aquele olhar de psicopata prestes a matar a vítima que grita por perdão e piedade. Eu não gosto das proporções que isso ta tomando não.

- Como vo'cê "tá" hoje linda flor? "Tá" tudo certo com vo'cê? - ele pergunta com uma falsa preocupação e aquele sotaque forte de algum lugar que eu nunca consegui identificar. Tenho certeza que essa educação toda provavelmente foi usada só pra puxar assunto e me convencer de algo que eu com certeza não quero fazer.  Assinto de leve com a cabeça enquanto meus olhos ainda estão semicerrados intercalando entre Luke, que não tirou olhos de mim desde que se sentou aqui, e Alex, que está exalando felicidade por nenhum motivo aparente.

- Ok, isso daqui está muito estranho, desembucha Alex. - Digo sacando que realmente algo estava estranho já que até Reggie parou de tentar convencer a Flynn a dar o telefone daquela menina, (coisa bem inútil porém ele não sabe) e começou a prestar atenção na conversa que acontecia no centro da mesa da gente.

there you are! - [au juke] - em revisão!Onde histórias criam vida. Descubra agora