capitulo sete - noite de jogos

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JULIE'S POV

- Você não vai me contar? Julie eu sou sua melhor amiga, eu convivo com você desde sei lá, sempre? - Flynn diz baixo apenas pra mim fingindo estar chateada enquanto os meninos engataram numa conversa com Willie e Carrie sobre a provável volta da One Direction. Ok, eu não deveria nunca ter explicado o que rolou pra eles porque agora eles só falam sobre isso e tá insuportável. Saudade quando eu era só zuada por ser fã de banda morta

- Depois eu te conto ok? Agora não - repito as mesmas palavras que eu disse a ela desde o momento em que eu me sentei no sofá. Os meninos não insistiram, talvez tenham percebido meus olhos inchados ou talvez fossem encher o saco do Luke com isso por conta da intimidade.

- Tá, mas o Zayn não "saiu" da banda sabe? Eu acredito que eles têm um plano cara, e eles ainda vão voltar, os 5! Eu tenho fé, sério - pego Carrie falando convicta e inspirada com os meninos quando volto minha atenção pra conversa deles. No mesmo momento Luke chega da cozinha carregando numa mão uma vasilha cheia de nachos e na outra um pote com vacamolhe, negando com a cabeça quando Alex ia abrir a boca pra perguntar algo, provavelmente pra onde fomos

- Nop. Hoje é noite de jogos, perguntas só a partir de segunda às 8h da manhã - ele diz colocando os potes em cima da mesinha de centro e dando uma piscadela na minha direção. Sorrio com suas palavras enquanto vejo os meninos concordarem com cara feia mas sem questionar mais nada. Talvez eles soubessem a onde fomos, mas não soubessem o porquê. Ou fosse só curiosidade quem sabe

- Tá bom, então vamos começar a noite de jogos! Monopoly? - sugere Reggie enquanto se levanta pra pegar o jogo que estava guardado junto com um monte de jogos de tabuleiro no haquer da sala. Talvez esse tipo de noite de jogos fosse bem comum por aqui

- Bom galera, eu adoraria ficar e fazer todos vocês falirem, porque bem, eu sou uma fera no Monopoly, mas hoje eu não posso. Papai tá no meu pé depois da festa de ontem, então eu so vou ficar livre final de semana que vem - diz Willie arrancando um suspiro triste de Alex que se levantou pra ir com o namorado até a saída

- Mas aproveitem a noite! Tchau galera! - diz Willie animado e todos nós respondemos um "Tchau Willie" acompanhado de um aceno de mão. Esperamos Alex voltar pra poder iniciar a partida. Formamos duplas e começamos a jogar. Claro que eu ia fazer dupla com o Luke queria eu, queria não, a sorte era que eu queria, mas que ninguém precisava saber. O jogo estava indo bem, comemos os nachos e bebemos algumas cervejas até Carrie sugerir finalizarmos a noite assistindo a um filme. Claro que ficamos uma hora inteira discutindo qual gênero seria melhor pra só depois irmos procurar o filme. Acabou que eu me irritei o suficiente pra pegar o controle da mão de Luke e colocar "Sempre ao seu lado" não aceitando críticas ou mudanças. Nós nos arrumamos no sofá grande e espaçoso da sala de Luke e Reggie que tinha uma Smart TV de 60 polegadas acoplada a caixas de som de última geração. As luzes foram apagadas e pareciam uma verdadeira sala de cinema. Acabei ficando no meio do sofá entre Luke e Flynn. Dividiamos uma manta grande o suficiente pra esquentar todos nós e o filme começou. Flynn acabou abraçada a Carrie o filme todo, que chorava como uma criança em todas as cenas do cachorro do meio pro fim do filme. Alex e Reggie dividiam soluços baixos enquanto se abraçavam durante o filme, e bom, só sobrou eu e Luke no meio do sofá um tanto quanto desconfortáveis com aquela situação. Parecia um encontro de casais e a vela eram eu e Luke, o único par de amigos que não se pegam nem a pau. Ao decorrer do filme eu, involuntariamente, acabei encostando a cabeça no ombro de Luke e percebi que ele chorava baixinho com a coberta até os olhos e o corpo encolhido. Ele estava a coisa mais linda fungando e apontando pra TV como se pudesse mudar as ações do filme. Meu coração de pedra virou uma manteiga e eu não consegui fazer outra coisa a não ser abraçar seu corpo contra o meu e acariciar seus cabelos. Hoje não teria registro nenhum da nossa cena já que eu fiz questão de desligar todos os celulares e colocar em cima da mesa de jantar pra que ninguém fosse atrapalhado durante o filme. Mas eu amava a sensação de paz que eu sentia cada vez que eu tinha o corpo de Luke abraçado contra o meu. Era como se ali, fosse o meu local seguro, e eu pudesse ficar aqui pra sempre. E talvez eu pudesse, numa realidade distante em que Luke e eu aprendemos a conviver juntos. Talvez essa proximidade toda do fim de semana estivesse fazendo com que eu me apegasse a alguém, e que, sinceramente? Eu não sei se posso confiar tanto assim. Não é por ser o Luke, é porque eu fiquei traumatizada com meu último relacionamento, com a última pessoa que eu me envolvi assim, eu não quero que isso aconteça de novo. Tudo bem, o Luke não é igual ao Nick, ou pelo menos eu acho que não é, mas eu levei quase um ano pra criar uma defesa forte o suficiente contra charme e toda essa melação do "Eu me importo com você", nada dessa merda é real, eu aprendi na pele como é viver na vida real, onde as dores são reais, onde as pessoas mentem, enganam, te manipulam e fazem você acreditar em coisas que não são, e nunca foram reais. Eu criei a imagem de um Nick na minha cabeça que não existia na vida real. Eu me recusava a enxergar a verdade, e eu tenho medo de fazer a mesma coisa com o Luke, de depositar expectativa demais nessa caixinha de pandora e acabar me machucando, ou pior, machucando ele. Eu só não quero ser a mesma bomba destrutiva que o Nick vivia se queixando que eu era, que eu podia explodir a qualquer minuto por conta da minha ansiedade e da minha fobia social. Eu não quero ser essa pessoa, eu não sou assim, o Luke não merece alguém assim, instável, ansioso, desconfiado. E machucado demais pra se abrir com alguém, pra confiar em alguém que não fosse sua própria imagem no espelho. A traição faz isso com você, te obriga a criar barreiras entre pessoas ruins e seu coração, a típica auto-defesa. Mas o preço disso é que essas barreiras também servem pra pessoas boas, que não conseguem se aproximar de você. Eu não gosto de me envolver emocionalmente com ninguém. Isso sempre acaba dando errado, e eu não quero que dê errado com o Luke. Eu queria fazer dar certo, mas parece que é unilateral, o que me deixa perdida

- Nunca, nunca mais, enquanto eu viver, eu vou permitir que a Julie escolha outro filme na noite de jogos - diz Alex se levantando do abraço de Reggie ao fim do filme e me tirando do transe de paranoia que eu tinha me colocado dentro da minha própria cabeça

- Ela só gosta de filme assim, que faz você chorar. Meu Deus que ódio - diz Flynn, completando a fala de Alex enquanto eu apenas dou um sorriso fraco, e sinto que a respiração de Luke estava pesada e calma. Ele dormiu. Faço um sinal de silêncio e todos entendem e começam a pegar suas respectivas coisas pessoais em silêncio. Eu não ia me levantar agora porque além de não querer acordar ele, eu queria mais um momento de paz com Luke. Assim, sem palavras mesmo, só, a gente. Coexistindo e conectando nossas respirações em silêncio. A sensação ruim do meu peito não passava, e eu tentei a todo custo ignorar isso esse final de semana porque pela primeira vez em meses, eu estava entre amigos. Ou pelo menos com pessoas das quais eu gostava, e agora pelo visto gostavam de mim. Isso tinha sido incrível, ver a Flynn toda feliz com a Carrie aqueceu meu coração e não me deixou falar pra ela o quão eu estava incomodada. Isso ia preocupar ela e no fim não seria nada, né? Quer dizer, eu não quero que seja algo, mas eu tenho uma intuição boa, boa demais pra só existir, e a sensação ruim do meu peito tinha algum significado, e pelo visto eu estava bem longe de descobrir, o que só conseguia me deixar ainda mais angustiada

there you are! - [au juke] - em revisão!Onde histórias criam vida. Descubra agora