capítulo seis - perfect place

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LUKE'S POV

Eu tinha saído de casa pra conferir se o lugar que nós íamos estava vazio. Não sei se isso era um encontro, porque pra falar a verdade a gente tá indo muito rápido e quando se trata da Julie eu não consigo frear porque ela é meu freio, meio que se ela não guiar as coisas eu me perco. Nunca sei como agir perto dela, isso nunca tinha acontecido e a sensação de estar perdido era inevitável. Julie tinha um poder, estranho sobre mim. Aqueles olhos grandes e atentos que me olhavam de um jeito que parecia que iam furar a minha alma e que captavam cada movimento meu. Eu não gosto disso, mas eu gosto quando a Julie faz isso. Ontem foi incrível, completamente incrível, talvez bem melhor do que se eu acabasse bêbado de verdade. As vezes eu não consigo diferenciar qual parte foi sonho e qual parte aconteceu. Primeiro, eu fiz um body shot nela e quando ela soube que era eu ela não me deu um soco na cara, ela sorriu! Sorriu de lado ainda, só pra registrar.
Segundo, eu desafiei ela pra um shot by shot e não, ela não me mandou tomar no cu, o que é um grande começo se você parar pra pensar no nosso histórico passado de marcações no twitter e no resultado deles.
Terceiro, ela não fica bêbada, ela tem essa mesma coisa que eu e ver ela colocar metade dos homens de uma festa de universitários pra levantar num shot by shot foi extremamente satisfatório. Ela exalava poder, o que me faz acreditar que se ela me desse um soco na cara eu ia agradecer.
E quarto, a gente brincou de pega pega e acabamos dormindo abraçados no sofá do hotel. Eu ainda consigo lembrar daquelas unhas calmas e confortáveis afagando meu cabelo enquanto eu não conseguia tirar minhas mãos da sua cintura porque eu queria fazer aquele momento durar. Ela tinha um cheiro tão bom, uma pele tão macia, um sorriso doce e o som da sua risada era mágico, ela toda era mágica. Ontem parecia um sonho sabe? Bom demais pra ser verdade e hoje foi uma continuação. Ela amou o café da manhã, me abraçou, não negou meu convite, (que não foi bem um convite mas ela podia ter me mandado pastar, o que ela não fez), e ainda sim aceitou ficar lá em casa. Ela podia ter me mandado levar ela casa, podia ter gritado, me mandado tomar no cu, mas eu acho que ontem foi tão especial pra ela quanto foi pra mim, e talvez, só talvez isso, isso tenha feito ela ficar, tenha feito ela repensar sobre conversar com a diretora sobre a nossa parceira. Será que depois de ontem ela ainda vai querer trocar de dupla? Bom, eu espero que não porque passar o máximo de tempo que eu conseguir com Julie Molina vai ser minha nova missão pessoal. Ela podia me odiar, ou não ser uma das minhas maiores fãs, mas ela precisava de nota na escola, e precisava de um currículo bom pra Oxford, e quem sabe o destino não tenha nos unido? Eu preciso de um jeito de promover a banda e ela precisa de um jeito de não ser expulsa da escola antes da conclusão, o que faz eu unir o útil ao agradável, que acaba me levando ao momento de agora. Eu preciso, a todo custo, convencer Julie a ser minha dupla, então hoje eu vou levar ela em um dos lugares mais especiais pra mim, um lugar que eu consigo me conectar com a mulher mais importante pra mim desde sempre. Se Julie um dia podia ser a outra mulher mais importante da minha vida, só o tempo, ou o destino, poderiam me dizer.

•☆•

- Chegamos! - digo animado enquanto desço do carro pra abrir a porta pra Julie que observava o lugar perplexa. Eu trouxe ela a um lugar um pouco mais afastado, na praia de Malibu, um dos meus lugares favoritos no mundo. Respirei fundo o ar puro da praia e ofereci minha mão pra guia-la até o cais. O por do Sol aqui era lindo, e talvez ficasse ainda mais bonito com ela aqui

- Eu vinha aqui com a minha mãe. Era o nosso lugar de paz. Eu sinto saudade disso - digo baixo, tentando não me emocionar ou chorar logo agora. Mas aqui realmente é um lugar que me afoga em memórias, todas boas, das tardes em que eu passei tocando violão com ela e rindo das nossas piadas bobas. Apoio os cotovelos no apoio do cais e olho pra frente. Se eu olhar pra Julie agora eu vou chorar muito e não vou conseguir parar. Aqueles olhos grandes e castanhos eram exatamente iguais ao da minha mãe, então meio que tudo junto era demais pra um Luke só

- Isso é muito bom Luke. Eu também me lembro do lugar em que eu ia com a minha mãe, pra termos paz juntas. Era o sítio da minha Tia. Normalmente ficava desocupado, então a gente ia lá, cantava, tocava piano, e só, ficávamos bem. Entendo como isso deve ser importante e doloroso pra você Luke, fico feliz que confie em mim o suficiente pra me trazer aqui e se abrir desse jeito - ela diz calma, respirando fundo e colocando uma mão no meu ombro. Ainda não me virei pra olhar seu rosto mas acredito que ela esteja olhando na mesma direção que eu. Ela também se abriu comigo, falou sobre a morte da mãe depois de tanto tempo então eu acho que avançamos em algo, e algo bom. Não sei se o fato de compartilhamos a mesma dor ajuda em algo, mas agora eu me sinto muito mais confortável em conviver com ela. Não vai ter mais toda aquela tensão acumulada sabe? As coisas estão, mais leves, e talvez eu deva isso a um shot by shot e um por do Sol incrivelmente lindo que acontecia agora, o que me deu mais coragem pra desabafar

- Ela morreu a um ano. Morte súbita. O sonho dela era me ver cantando na banda, fazendo sucesso, emplacando discos. Pena que nem isso eu vou conseguir dar a ela. - digo triste, e dessa vez não consigo evitar que uma lágrima caía. Julie segura meu rosto forte com as mãos e me obriga olhar no fundo daqueles olhos enigmáticos e penetrantes. Talvez ela fosse uma bruxa estilo medusa que controlasse com o olhar

- Nunca, em hipótese alguma, repita isso pra mim de novo ok? Você é um cantor incrível Luke, sua banda é incrível! Vocês vão fazer muito sucesso ok? Ela vai se orgulhar de você, eu garanto isso. - ela diz convicta, porém calma, tentando não ser autoritária e sim compreensiva, então eu simplesmente desabo em seus braços e ela me segura, me abraçando forte e arfando meus cabelos enquanto minhas lágrimas exageradas manchavam sua camisa. Mas ela não se importou, ela só me abraçou mais forte, a cada soluço mais alto que eu dava, como se pudesse me proteger de todas as coisas ao nosso redor. E talvez ela pudesse. Julie Molina não é quem eu pensava que era. A imagem mesquinha e arrogante que eu criei na minha mente sobre ela estava tão, mais tão errada que agora eu me sinto culpado por ter pensado isso dela. Ela ficou comigo até que eu me acalmasse, e assim fomos pra casa. Depois que nos separamos do abraço, ela segurou minha mão e não soltou nem quando entramos no carro. Fomos o caminho todo assim, de mãos dadas, como se um pudesse segurar o outro, uma linha tênue em compartilhar da mesma dor e ajudar a curar a dor. Durante o trajeto vi que Julie chorava baixinho enquanto passávamos pelas avenidas movimentadas. Apertei sua mão um pouco mais forte e ela me olhou e esboçou um sorriso fraco, mas que dizia muito mais do que mil palavras. Dizia que ela estava ali, que me agradecia por isso. Então eu respondi com outro sorriso fraco, e fomos o caminho todo em silêncio, um silêncio confortável que estava sendo usado pra acalmar, ou talvez consertar, nossos corações. Descemos do carro e entramos em casa abraçados, sorrindo doce até encontrarmos a maior bagunça na sala de estar o que nos separou rapidamente do abraço em que estávamos. Explicar pra Willie, Flynn, Carrie, Alex e Reggie onde estávamos as 18h da tarde de um sábado não seria uma tarefa fácil, mas que eu faria questão de deixar pra Julie resolver saindo correndo da sala antes que alguma daquelas perguntas chatas fossem direcionadas a mim.

there you are! - [au juke] - em revisão!Onde histórias criam vida. Descubra agora