capítulo catorze - cobra kai

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JULIE'S POV

Estacionei o carro em frente ao meu antigo dojô que a tanto tempo eu não visitava. Um dos poucos nessa região da cidade em funcionamento. A logo ainda era a mesma da primeira vez que eu entrei ali. Uma cobra amarela com os escritos em preto. O nosso lema. O mantra que eu repeti pra mim mesma diversas vezes em que estive ali tentando superar o que acontecia dentro de mim pra não afetar as pessoas do lado de fora.

Ataque primeiro
Ataque com força
Sem piedade

Pra quem é de fora pode parecer algo bem escroto de se dizer a uma criança que tentava superar a morte da mãe aos 13, mas na real, foi aquilo o que me salvou, e eu estava de volta ao lugar que me salvou, pra ser salva outra vez. Fiquei alguns minutos parada na entrada apenas observando aquele lugar cheio de memórias boas e lembranças calorosas. Respirei fundo antes de tomar coragem suficiente pra empurrar a porta da frente e escutar o sino soar a cima da minha cabeça anunciando minha entrada.

- Bem vindo ao Cobra Kai, em que posso - as palavras padrões de Sensei Lawrence foram cortadas por ele próprio assim que me viu. Ele ainda era do jeito que eu me lembrava: alto, loiro, velho, e com cara de mau. Ele me observava com cautela, talvez buscando em sua memória qualquer coisa relacionada a mim. Pude ver um sorriso de canto de boca brotar em seus lábios e no mesmo momento tive vontade de correr em seus braços pra sentir o afeto de alguém que me ama outra vez. E nem me preocupei de me certificar se o dojô estava em aula ou se alguém estaria ali pra presenciar a cena. Corri pro seu abraço antes mesmo que ele me oferecesse. Fiquei aninhada ali por alguns minutos enquanto ele reteibuia o abraço, o que era algo raro já que isso de afeto não era muito a onda dele. E bom, aquilo era tudo, literalmente tudo, o que eu precisava no momento. A sensação de lar, de ser acolhida, amada outra vez, isso era algo que nos últimos tempos eu havia sentido tanta falta que quando acontece de verdade eu fico meio sem reação. Murmurei algumas palavras de agradecimento ou sei lá o que enquanto eu me segurava pra não sujar de lágrimas o kimono dele. Eu sentia tanta falta daquele lugar que só entrar aqui me fez um bem tão grande. Eu não queria nunca mais sair do abraço de quem praticamente me cuidou no meu pior momento. Eu me sentia tão bem

- Sensei, quem era? - uma voz nos separa bruscamente e olho pro tatame inferior dos fundos que é de onde vinha a voz. De lá, vinha caminhando ainda de cabeça baixa com as mãos cheias de equipamentos de luta, a segunda pessoa que eu mais senti saudade daqui. O meu melhor amigo, ou talvez amor pra minha vida como costumávamos brincar. Miguel Diaz. Eu sentia tanta falta daquele mexicano idiota que senti vontade de chorar quando vi seu rosto ficar pálido ao me encarar do outro lado do dojô sem acreditar que eu realmente estava ali. Ele tinha sido uma das únicas pessoas que eu consegui conversar antes de sair de lá e talvez isso ajudasse com o fato de que ele não sentia tanto ódio de mim. O dojô estava vazio então não foi um problema pra ele fazer o que eu tanto queria que fizesse. Então, ele veio correndo em minha direção e me levantou no ar enquanto me abraçava. Senti uma onda de felicidade me invadir quando comecei a rir alto pelos movimentos desengonçados do meu amigo e ele riu junto enquanto me colocava no chão e me encarava com aqueles olhos brilhantes que pareciam conversar comigo mesmo sem dizer nada. Encarei de volta sorrindo de lado. Por Deus eu amava tanto aquele idiota e tinha sentido tanta falta

- Irei deixar vocês conversarem sozinhos. Que bom que você voltou Julie, sentimos sua falta - Sensei Lawrence anuncia desviando nossa atenção e colocando a mão no meu ombro oferecendo um sorriso sincero. Assenti e agradeci retribuindo o mesmo sorriso e ele piscou pra mim enquanto se dirigia em direção a porta. - Diaz, você fecha - ele diz rápido como algo comum e joga as chaves pra Miguel que pega elas ainda no ar e assente. Não consigo evitar de dar um sorriso em direção a porta por que eu sentia que agora as coisas começariam a dar certo outra vez. Me virei na direção de Miguel e pude perceber que ele me encarava com aquele sorriso torto de quem ainda tentava se acostumar com a minha presença. Dois anos. Dois anos se passaram desde a última vez que eu tinha pisado aqui e pouquíssima coisa tinha mudado. A academia continuava a mesma, com uma estrutura melhor, mas ainda igual. E Miguel? Pelas rainhas, Miguel tinha mudado tanto! Ele tinha ficado mais alto, forte e provavelmente mais confiante já que tinha tirado o aparelho que ele tanto reclamava. Seu cabelo tinha crescido, do jeito que ele tanto queria. Agora ele exalava uma beleza nova. Não sei se é saudade ou qualquer coisa do tipo, mas eu realmente senti meu coração esquentar quando ele me abraçou de novo só que dessa vez com mais calma, talvez pra aproveitar mais, e era isso que eu estava fazendo agora, aproveitando. Eu sentia tanta falta dele que esse momento ficaria guardado num lugar especial da minha memória

there you are! - [au juke] - em revisão!Onde histórias criam vida. Descubra agora