Igual e oposto

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Eu me sento no apartamento da Jenny, enrolado com um cobertor, uma xícara de chá fumegante na minha frente. A Vó está descansando e a Jenny tomando um banho, o que me deixa sozinho, sentado e de uniforme, incapaz de me mover e me sentindo sobrecarregado.

O que aconteceu hoje a noite foi surreal. Minha vida foi rasgada em pedaços. A Prodiga tentou tirar tudo de mim.

Minha ajudante. Minha identidade secreta. Minha reputação. Minha privacidade. Sonja. Meus feitos. Minha carreira. Minha chance de ser uma revelação lendária. E as coisas que a Prodiga me fez escolher, as coisas que ela me forçou a fazer...

Eu nunca imaginei que ser um herói fosse ser tão difícil. Sempre foi para ser assim? A Prodiga estava certa? Nós dois sempre fomos destinados a arruinar um ao outro, do jeito que nossos pais fizeram?

Depois de tudo que a Prodiga fez... Eu me recuso a permitir que ela tenha tirado minha auto-confiança. E daí que eu estive cercado de mentirar? Agora, eu sei que tenho que procurar mais pela verdade. Mas eu não consigo evitar de pensar que eu sou um assassino-- igual meus pais. Eu matei a Prodiga.

Claro, eu fiz para salvar vidas, mas o fato que eu tirei uma vida ainda permanece... Mesmo que tenha sido errado usar força letal, foi o que a situação pediu. Foi uma decisão difícil, mas eu não consigo me imaginar fazendo uma decisão diferente. Talvez se eu tivesse mais tempo para pensar...

Apesar que eu não tenho ideia do que aconteceu com o corpo da Prodiga-- assim que a onda parou, o corpo dela sumiu. Ela deve ter alguma tecnologia de guerra ativa para sumir com o corpo dela se ela morresse... Ou pelo menos é isso que a Jenny pensa.

O mesmo vale para a obra-prima do vídeo interativo da Prodiga-- foi automaticamente soltado para a imprensa no momento que a onda mortal foi ativa. Na esteira da onda, minha grande batalha com a Prodiga se tornou uma notícia obrigatória de ver. Está sendo transmitida por toda Millennia, talvez até ao redor do país.

Mas no fim de tudo, o fato que permanece é que eu salvei a cidade de Millennia. Ponto. Eu fui bem sucedido em parar o pior ato potencial de terrorismo em solo americano e agora toda cidade sabe disso. Entretanto, eu também matei alguém para fazer isso. Mesmo que várias pessoas vão me parabenizar pela minha bravura, na mesma quantidade que irão perguntar se não tinha outro jeito...

-Olá, olá.-Jenny diz enquanto entra na sala, secando atrás das orelhas com uma toalha.-Como você está?

Eu olho para Jenny com uma expressão séria. Ela tem que perguntar?

-Eu sei que nós passamos pelo inferno ontem a noite.-Ela diz, se sentando perto de mim.-Mas tem algumas decisões que temos de fazer para algum bem maior.

-O que quer que seja, pode esperar até de manhã.-Eu digo, mal reconhecendo a minha própria voz. Ela soa pequena, zunindo entre minhas orelhas.

-Não, na verdade, não pode. Eu reconectei meu MeChip e eu acabei de olhar as mensagens.

Eu e Jenny conseguimos re-instalar nossos MeChips antes de se mandar do lar da Prodiga. Eu estive ansioso para re-ligar ele e rever a Alice, mas eu também tenho medo do que vou encontrar quando fizer isso. Eu prefiro muito mais escutar qualquer notícia nova contado pela Jenny invés. E ela me olha, ficando séria.

-Nada foi decidido ainda, mas pelo que parece, o DPCM não vai lhe acusar de nada, Luiz. Ao que parece, suas ações ajudando e seguindo a lei levaram a essa decisão.

O mundo desliza sobre mim. Eu acho impossível absorver tanta coisa nessa ponto, mas são boas notícias pelo menos. Eu deveria ligar para o detetive Sanders para agradece-lo, ele deve ter mexido alguns pauzinhos para ajudar a me livrar.

Ascensão de Herói: O prodígioWhere stories live. Discover now