Capítulo Onze

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Victor Decker:

Em poucos dias, consegui estabelecer uma rotina que, de certa forma, parecia quase normal, exceto pelo fato de que constantemente eu estava envolvido em missões para lidar com criaturas que ansiavam por consumir magia.

Depois daquele incidente inicial, decidi que era hora de começar a treinar meus poderes. Todas as manhãs, reservávamos um tempo para estudar magia com Caleb. Era uma experiência um tanto estranha, considerando que meus poderes pareciam mudar constantemente. Em um momento, meu glamour assumia um tom azul-escuro, indicando afinidade com a Corte de Verão, e em seguida, mudava para um tom associado à Corte de Inverno. Isso ocorria todas as vezes que eu treinava. No entanto, houve uma ocasião em que, enquanto treinava sozinho, minha magia se manifestou em um tom vermelho-sangue, antes de brilhar intensamente em branco. Não compartilhei essa experiência com ninguém, pois foi um evento isolado e nunca mais se repetiu.

Após algumas manhãs de treinamento, eu estava começando a dominar melhor o controle da magia e conseguia usá-la com precisão.

No restante do dia, alternávamos atividades ao ar livre. Com a ajuda de Pauline, que sempre consultava informações com Caroline pelo telefone, saíamos em busca de pistas sobre a criatura entre os feéricos ou nas lendas relacionadas a ela. Caroline e Bruno também nos acompanhavam nessas buscas.

Caleb, por outro lado, parecia manter uma certa distância quando apresentei Pauline a ele. Ela o observava com desconfiança, e acabei por deixá-lo sozinho no apartamento ou permitia que ele saísse para se encontrar com seus aliados misteriosos.

Em um de nossos dias de treinamento, Pauline e Caroline decidiram nos ensinar arco e flecha, mas logo percebemos que eu era habilidoso nessa arte. Caleb teve a ideia de praticarmos corrida e exercícios físicos para melhorar minha resistência e flexibilidade. Aqueles que me vissem agora ficariam surpresos com as habilidades que eu estava desenvolvendo e aprimorando.

De tempos em tempos, eu sentia a sensação de que o lobo estava me observando quando saía para locais abertos. No entanto, eu tomava o cuidado de não ficar sozinho e não dava ao lobo a oportunidade de se aproximar e me atacar.

Certa noite, finalmente encontramos alguma informação sobre a criatura. Descobrimos que se tratava de um monstro que consumia a vida de qualquer ser, deixando nada além de um vazio. Os relatos de corpos encontrados sem vida começaram a surgir, muitos deles mostrando sinais de uma luta desesperada antes de serem completamente consumidos pela criatura. A cidade entrou em alerta total quando ficou evidente que a situação estava se tornando cada vez mais grave.

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Nesse instante, estávamos na frente do armário no quarto de Pauline, cuja porta estava aberta, revelando um mural pendurado internamente. As paredes desse armário estavam cobertas por uma tapeçaria de fotos, recortes de jornal e anotações, todos feitos com a letra dela.

— Garota, já pensou em arrumar alguns amigos ou hobbies? — Caleb perguntou, lançando um olhar cético na direção de Caroline.

— Diz o garoto que não está se relacionando com ninguém. Por algum milagre, ele quis vir comigo e com o Victor — Caroline respondeu, olhando para Caleb com desconfiança.

— Por que estão nos ajudando mesmo? Podem simplesmente se esconder em seu mundo de ignorância. — Caleb retrucou.

Uma discussão se iniciou entre os dois, como sempre acontecia sempre que tentávamos elaborar um plano para descobrir a toca das criaturas ou falhávamos em capturar uma delas.

— Chega! — Pauline finalmente gritou, fazendo com que ambos se calassem imediatamente. — Já estou cansada dessa discussão que vocês têm toda vez que vêm me ajudar com um plano. Lembrem-se de que há pessoas morrendo. — O silêncio pairou por um momento. — Sabemos que as criaturas são noturnas e que podem absorver a energia vital e a magia. — Ela olhou para as fotos no mural. — Sempre atacam onde há um trod, então sabem como controlar onde vão atacar e desaparecem como bem entendem.

Anjo das sombras | Livro 2: Mistérios de CambridgeWhere stories live. Discover now