8 Tchau Debs

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Confesso que não sou muito fã de jogos de futebol, meu pai e meu irmão tomavam conta da televisão,enchiam o salão do sítio de gente,em sua maioria homens que sujavam tudo, comiam e bebiam de graça, além de deixar tudo sujo, dando trabalho para mim, minha mãe e minha irmã. Quando casei, Henrique fazia praticamente a mesma coisa, chamava os amigos pra nossa casa, me fazia limpar a casa, cozinhar, ir ao mercado comprar cerveja e eu ainda tinha servir os mesmos.

Porém Pedro pediu que eu assistisse o jogo do Flamengo contra o Corinthians e fiquei com vergonha de dizer que não gostava de ver vinte dois homens em um campo, correndo atrás de bola. Apenas dei um sorrisinho amarelo e disse que torceria por ele.

Coloquei a tábua de frios na mesinha de centro da sala e Sabrina veio com as cervejas. Nos sentamos no sofá e ficamos a espera do jogo começar.

- Eu espero que ninguém foda meu cartola.- Disse Sabrina.

- Sei nem o que você tá falando.- sorrir.

- Eu já até me acostumei com sua aversão a tudo que tem relação com futebol.- ela disse e após deu um gole em sua cerveja.

Os jogadores estavam no campo se aquecendo, a câmera focou em Pedro e meu sorriso apareceu automaticamente. Era muito cedo pra estar apaixonada por ele, mas acho que era mais carência do que outro sentimento.

- Não fode Filipe Luís.- Sabrina se exaltou após o jogador cometer uma falta.

- Sabrina você vai infartar.- comentei quando vi a mulher com as bochechas vermelhas só de ódio.

Aos dez minutos, Pedro fez um gol, mas foi anulado pelo VAR, fazendo minha amiga surtar ainda mais, porque ela já tinha gritado na janela do apartamento um insulto ao time rival, agora só restava juntar a dignidade.

O jogo estava um show de falta, tanto em um lado quanto no outro, porém empolgante. Era a primeira vez que assistia a um jogo e prestava atenção no que acontecia.

Everton Ribeiro fez um gol válido, aos trinta e dois minutos, levando eu e Sabrina a gritar na nossa janela e receber chingamento de nossos vizinhos, a gente se calou e voltou para o sofá.

- Eu não me negaria de ser a massagista dele.- Sabrina fez piada quando Gustavo saiu do campo machucado e com o calção no sujo de sangue próximo aos testículos.

- Que é isso Sabrina?

- Isso é aproveitar as oportunidades da vida.- ela deu de ombros.- Posso beber sua cerveja?

- Claro.- passei a garrafa a ela, que estava praticamente intacta, já que eu bebi um ou dois goles e larguei.

No intervalo do jogo, recebi uma mensagem de um número desconhecido, não era difícil saber de quem era, quando a mesma começava a palavra em caps lock: VAGABUNDA. Henrique já estava me atormentando a uns dias, mesmo que eu bloqueasse o número, ele sempre arranjava um novo pra me encher a paciência.

- Corre Débora, vai começar o segundo tempo.- Sabrina gritou.

- Cheguei. - falei me aproximando de minha amiga.

Os jogadores do Flamengo voltaram com sangue nos olhos, os passes eram rápidos e bem precisos, tanto que o segundo gol saiu aos três minutos.

- Isso Vitinho, sempre acreditei em você.- Sabrina começou a pular.

A alegria dessa maluca era algo contagiante, que me fazia querer pular com ela e gritar junto.

O time carioca estava dando um show,o talento dos jogadores era algo surreal, a sintonia estava perfeita, tanto que vieram outros gols lindos, um atrás do outro, nem a chuva de cartões amarelos tirou o brilho daquele espetáculo.

O jogo findou-se dando a vitória para o Flamengo, sofrendo apenas um gol, o que era algo maravilhoso para o time e para o torcedor,que ansiavam por uma partida intensa como essa.

Uma hora após o jogo, meu celular tocou, mostrando o nome de Pedro na tela. Atendi sem deixar o aparelho tocar uma segunda vez.

- Oi, que jogo incrível.- atendi empolgada.

- Oi, foi realmente incrível, assistiu todo?

- assisti sim, não entendi algumas coisas, mas gostei.

- Que bom, queria ter feito um gol válido.

- Mas os outros fizeram por você.

- Deram um show.

- Sim, Sabrina enlouqueceu aqui em casa.

- Eu imagino.- ele sorriu me fazendo sorrir também.

- Já está vindo pra casa?

- Daqui a pouco sairemos de São Paulo, mal vejo a hora de chegar em casa e ir pra minha cama.

- A melhor sensação que existe, é a de chegar em casa e deitar na nossa própria cama.

- Com certeza, mas e aí, nossa saída continua de pé?

- Claro que sim, só precisamos marcar uma data que encaixe na sua agenda cheia.

- Pra você eu arrumo um tempo.

- Fico lisonjeada por esse privilégio.

- Sua voz é bonita pelo telefone.

- Ah, sério?

- Muito sério.

- Obrigada, não sei reagir muito bem a elogios.

- Por que?

- Acho que fiquei um tempo sem ouvir algum, que não sei como reagir, acabo dizendo obrigada.

Pedro me deixa nervosa, por isso acabei falando mais coisas do que deveria. Passando um pouco de vergonha? Talvez.

- Você merece todos os elogios.

- Para Pedro, eu fico sem graça.

- Não precisa.- deu uma risadinha, daquelas que o som sai mais pelo nariz.- Te mando mensagem quando eu chegar no Rio.

- Tudo bem, vou aguardar.

- Tchau Debs.

- Tchau Pedro.

Suspirei fechando olhos e querendo guardar a voz dele dentro de mim. Ele era doce, gentil e fofo, todos os atributos que eu considero para um homem ser um bom namorado. O fato é que realmente estava encantada por ele, mas estava com medo do que viesse a seguir.
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Aparecendo aqui a essa hora, espero que tenham gostado e até breve❤️

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Salvação// Pedro Guilherme✅Where stories live. Discover now