Capítulo 6

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"Definitivamente, não está alinhado." Rafaella disse, decidida. "O que você acha?"

Gizelly, que estava do lado dela, inclinou a cabeça para o lado e contemplou a visão por um momento. "Eu não tenho ideia do que você está falando."

"Sério?" Rafaella olhou de novo para o desenho emoldurado que se localizava acima de sua cama. "Eu acho que está meio torto."

"Então, pra que lado você quer que eu coloque?"

"Esquerda. Não, direita. Não." Rafaella mordeu o lábio e se aproximou. "Talvez não esteja torto."

"Então a gente já pode parar de ficar obcecada com isso?" Gizelly disse, procurando por sua bolsa. "Não é que esse desenho não seja bonito, porque ele é, mas eu andei a grande São Paulo inteira procurando por uma moldura pra colocar isso desde que a gente voltou do Rio, e honestamente, eu acho que ficou perfeito nessa. Da mesma forma que tinha ficado perfeito nas outras doze. E a única coisa que, definitivamente, não está alinhada nesse quarto é a sua resposta para aquele programa de TV. É simples, você está dentro ou fora? As pessoas querem saber."

Rafaella suspirou, porém assentiu. "Estou dentro."

"Ok, isso quer dizer que eu vou ter que reagendar o seu jantar com..." Gizelly fez uma pausa enquanto procurava alguma coisa no seu bloco de notas. "Lúcia Souza."

Rafaella foi em direção à sala de estar com a sua assistente lhe seguindo. Ela parou do nada no meio da escada. "Quem é essa tal de Lúcia Souza?"

"Ela é uma diretora." Gizelly respondeu. "Ela queria conversar com você sobre um papel no filme dela." Pausa. "Rafaella, você falou com ela ontem. Você me disse pra marcar um horário com ela."

Rafaella se lembrava vagamente da conversa. Ela pensou no nome da diretora por um minuto antes de voltar a andar. "Certo." Ela disse, finalmente se lembrando. Ela parou no final da escada e olhou para Gizelly. "Liga para ela de novo, cancele. Não remarque."

"Hum, ok...?"

"Eu terminei de ler o script ontem de noite." Rafaella fez uma careta pra ilustrar o desgosto.

"É tão ruim assim?"

"Sim. Na verdade, a palavra 'ruim' chega a ser eufemismo, nesse caso." Ela continuou a andar, indo para a sala de estar. "Começou bem, e eu pensei 'Ei, esse pode ser um papel decente para mim', mas aí do nada alienígenas atacaram a Terra para procriar com os seres humanos e a minha personagem foi engolida por uma planta macaco."

"Não precisa dizer mais nada. O jantar está cancelado."

Rafaella assentiu e se jogou no seu sofá de couro. "Eu preciso encontrar alguma coisa... desafiadora, entende?"

"Bem, se é por desafios que você está procurando: sua madrasta ligou para te lembrar da peça da sua irmã postiça que é daqui a duas semanas. Se você não puder ir, você tem que, definitivamente, ir para o jantar depois da peça, que vai ser às oito horas da noite e – citando a sua madrasta – 'se você não for, a sua irmã não vai falar com você nunca mais.'"

"E isso é para ser uma ameaça? Só me dá mais vontade de não ir."

Gizelly sorriu e se sentou ao lado da atriz. "Você deveria ao menos ir ao jantar. E você não deveria irritar tanto a Maíra, porque sou eu que tenho que conversar com ela depois, e nós duas sabemos, eu a odeio. Sem ofensas."

"Nenhuma ofensa. Talvez eu leve o Daniel. Elas agem mais humanamente quando ele está junto. Atuar é a palavra-chave." Rafaella percebeu o olhar estranho que se formou no rosto de Gizelly. "O que?"

The Blind Side of Love (Rabia version)Where stories live. Discover now