Capítulo 13

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Bianca sabia que não estava tudo terminado; um relacionamento de dois anos e meio não acaba com meia dúzia de palavras e uma saída ríspida. Ela sabia que ele ligaria, e se ele não ligasse, ela devia ligar. Não estava tudo acabado, mas estava perto de acabar. Estava quase acabado, o que de alguma forma, era bom. Era bom sentir que ela teve coragem o suficiente para falar o que ela queria.

Ela desejava não ser tão covarde. Apesar do Miguel ter escondido a verdade no início, ele tinha sido corajoso o suficiente para, eventualmente, ser honesto e encarar os seus medos. Ela queria ser corajosa assim um dia. Talvez ela tenha dado um passo para isso esta noite.

O apartamento estava escuro e vazio quando Bianca chegou. Ela estava feliz por não ter que encarar sua colega de quarto e o bombardeio de perguntas que viriam com ela. No entanto, o silêncio era perturbador, e ela não queria ficar sozinha.

Ela pegou uma garrafa de suco de uva na geladeira e levou para o quarto junto com ela, jogando sua bolsa ao lado da porta.

Lá fora um carro passava buzinando e crianças gritavam. Ela sentou-se na beirada da cama e destampou sua bebida.

A música 'Trevo' do Anavitória com Tiago Iorc começou a tocar em algum lugar dentro de sua bolsa. Bianca olhou, mas não fez nenhum movimento para atender o celular. Era Diogo, e estava cedo demais. Ela precisava de mais tempo para construir um argumento melhor.

Ela suspirou contra o silêncio e prendeu a respiração, receosa de ouvir o telefone tocar mais uma vez.

Quando isso não aconteceu, ela relaxou, olhando para os cantos do quarto enquanto tomava mais um gole do suco. Ela precisava de posters novos, ou talvez mais posters. Os que ela tinha já estavam começando a se desgastar nas pontas e não eram mais o suficiente para cobrir as paredes feias.

Seu notebook, que ela havia esquecido de desligar antes de sair, zumbia suavemente atrás dela e ela se virou para olhar para ele. Será que o e-mail que ela havia mandado tinha sido respondido? Perguntou-se, ao perceber que havia esquecido completamente sobre isso até o momento.

Ela se sentou na frente do computador e clicou no navegador.

Enquanto sua caixa de entrada carregava, ela ouviu o telefone tocar novamente. Bianca rolou pela cama e pegou sua bolsa. Olhou para a tela do telefone por um momento, antes de finalmente desligá-lo.

De costas na cama, ela olhou para o monitor para constatar que o nome 'Rafa Freitas' estava na sua caixa de entrada. Ela sorriu ao clicar no e-mail.

Quando terminou a leitura, clicou no 'responder' e mordeu os lábios pensativa enquanto começou a digitar.

Querida Rafa,

Fico feliz em saber que passei no seu teste de pessoas não-pretensiosas. Levando em conta que você é uma expert, eu vou acreditar no seu julgamento. :)

Por favor, não pense nunca que eu me arrependo de você ter comprado o meu desenho ou que eu o quero de volta. Eu não poderia pensar em alguém melhor para tê-lo do que você, honestamente. É só que é meio estranho, eu acho, vender arte.

É porque é tudo muito único, sabe? E depois que é vendido, você não tem ideia de onde está, ou com quem está, ou se estão gostando de tê-la. Talvez as pessoas compram para dar de lembrança (um 'fui no Rio e lembrei de você) e a pessoa que ganhou odiou e jogou fora.

Às vezes eu fico preocupada disso acontecer. E quando é uma peça que significa muito para mim – como o 'Sombra' – Eu não aguento saber que ele possa estar numa lata de lixo. Significa muito para mim saber que você gostou. Não porque faz bem para o meu ego (o que na verdade faz) e não porque isso me deixa confiante (o que me deixa), mas porque eu sei que está seguro e que está sendo apreciado, e não em uma lata de lixo qualquer.

The Blind Side of Love (Rabia version)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora