Capítulo 42

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A luz do sol deixava sombras em todo o tapete preto da limusine enquanto o veículo andava pelo trânsito de meio-dia do Rio de Janeiro, e Rafaella observou os sombreamentos no chão com um certo interesse antes de deslocar seu olhar para a janela. Ela e Bianca iriam jantar juntas. Não era nada demais, certo? Jantar parecia algo seguro a se fazer. Mas não havia nada de seguro em como ela estava animada pra isso e, principalmente, não havia nada de seguro em como ela se sentia por Bianca.

"As fotos de hoje ficaram ótimas, por sinal."

Rafaella não disse nada. Ela não sabia como expressar que ela não se importava se tinham ficado ótimas ou não.

"E a fotógrafa era muito gostosa, não era?" Gizelly continuou, enquanto mexia em seu celular. "Qual era o nome dela? Era um nome exótico, eu acho."

"Jaínny." disse Rafaella, e quase sorriu.

"Ainda assim, ela era gostosa."

Rafaella não tinha notado. Ela se lembrava vagamente de luzes brilhando sobre ela e da voz da mulher a guiando durante o ensaio, enquanto ela tentava manter uma pose fotogênica. Ela lembrava principalmente de pensar em Bianca o tempo todo. "Como você fez isso?"

Gizelly franziu o cenho quando olhou por cima de seu IPhone. "Fiz o quê, exatamente?"

"Me superou." Rafaella olhou fixamente para a amiga, procurando a resposta em seus olhos. "Você disse que gostava de mim antes... como você me superou?"

"Sério que você está me fazendo essa pergunta?" Gizelly soou tanto assustada quanto envergonhada. Ela desviou o olhar, como se debatesse se devia ou não responder. E então, "Não há nenhum segredo pra isso Rafaella. Não existe uma forma de superar alguém." Ela olhou para o telefone de novo, mas não fez nenhum movimento para voltar a digitar nele. "Estou supondo que é o que você está realmente perguntando."

"É," Rafaella admitiu e o pensamento de que ela poderia ter ofendido Gizelly entrou em sua mente. "Sinto muito. Eu não deveria ter perguntado isso."

"Não importa."

"É claro que importa. Seus sentimentos são importantes para mim. Mesmo os que eu não sabia sobre na época."

Gizelly não respondeu de imediato, e o som do tráfego caótico preencheu o silêncio. "Rafaella, eu não quero que você me leve a mal, mas... você já pensou que talvez você apenas goste de Bianca porque você acha que não pode tê-la? Que talvez só se permita sentir algo por ela, porque você acha que é seguro?"

Seguro, ali estava aquela palavra de novo, e Rafaella franziu a testa apenas brevemente antes de descansar a cabeça contra a janela. Ela deixou a questão pairar dentro da limusine enquanto observava a praia no horizonte. Qual era o propósito de encontrar razão para as emoções? Nunca existiria uma completa segurança quando se tratava de sentimentos. Havia apenas a esperança do amor e o medo do amor, e os dois tinham o mesmo peso. "Eu posso querê-la." disse ela finalmente "e ainda ter medo de tê-la."

"Mas você ainda iria querê-la, se estivesse com ela?"

"Sim." disse Rafaella facilmente, sabendo que era verdade. "Não que exista qualquer chance disso acontecer."

"Você não tem como saber isso."

"Bem, eu prefiro pensar que não tem." Rafaella admitiu. "Mesmo que ela goste de mim... mesmo que eu tivesse a esperança de que meus sentimentos são recíprocos... qual o sentido? Ela vai me deixar no final das contas."

"Bem, isso seria uma atitude burra."

"Estamos bem sinceras hoje, não estamos?"

Gizelly se remexeu em seu assento, parecendo séria. "Rafaella, você não pode entrar em um relacionamento pensando que não vai durar. Ok, existe uma possibilidade de que ele não dure de fato, mas isso não quer dizer que a jornada até a separação não seja significativa. Só porque duas pessoas descobrem que elas não são feitas uma para a outra depois de meses aturando coisas como histórias sobre robôs mexicanos e anéis penianos, isso não significa que o relacionamento foi um total desperdício de tempo."

The Blind Side of Love (Rabia version)Where stories live. Discover now