ʟᴀᴜɢʜs ᴀɴᴅ sᴍɪʟᴇs

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[🌙]








Hwanwoong apoiou-se a divisória da cozinha com a sala de jantar, admirando no cômodo mais a frente um Youngjo jogando vídeo game com o filho. A cena bonita era acompanhada de risadas, do pequeno que, jogado entre as pernas do Kim, apontava para o televisor, enquanto este encarava-o com os olhos brilhando em duas meia luas.

— Tem razão em fazê-lo. — o melhor amigo pairou ao lado, inclinando-se para descansar o queixo sobre seu ombro. Suas palavras eram relacionadas a conversa da noite anterior que o levara a tomar uma decisão. Aquela na qual acreditava estar no momento certo.

Dohyun comemorou de forma animada, saltitando pelo carpete fofinho ao que parecia por sua vitória. O Kim que fingiu-se emburrado inicialmente, acabou caindo nas graças do filho que envolveu-o com os bracinhos curtos, afundando o lado esquerdo da bochecha alheia num longo selar.

— Tudo mudou em tão pouco tempo. — murmurou, encantado com o que seus olhos captavam. — Acho que perdi o controle disso.

— Nunca o tivemos.

Em silêncio, Hwan apenas concordou.

Seoho tinha razão.

Não havia controle desde o instante em que se apaixonara por Youngjo. Aquele sentimento ia muito além do que associavam a palavra "amor", algo que somente o coração explicaria com a sua voz. E que seus olhares entendiam perfeitamente. E agora, estavam ali.

Na linha em que estava o diferente, também aparentava não existir essa concepção. Tinha medo daquele sentimento que deixava suas pernas bambas e as mãos suadas, o racional enviando-lhe sinais de alerta ao que o emocional instigava-o a seguí-lo. Por outro lado, as tais borboletas já não tão adormecidas lhe traziam a sensação de "vivacidade", aqueles arrepios. Havia aprisionado-o muito bem e talvez estivesse assustado com a possibilidade contraditória, algo que tinha certeza em não controlar.

A lembrança da proximidade do Kim, dias atrás o deixava tonto. A vivia dentro de si como um filme sempre ao deitar a cabeça do travesseiro. O fim também fora incontrolável, principalmente. No auge em que Hwan buscava assimilar toda aquela situação, por mais que no fundo estivesse a mentir para si mesmo não desejar saber o que acontecera, seu âmago tentava esconder os sentimentos machucados, a dor que persistia em seu peito e o cortava de dentro para fora, algo que jamais imaginara. Da mesma maneira que encobriu aquilo, enterrara no fundo de seu coração aquele amor.

Contudo, mais uma vez, estavam ali.

Duas pontas unidas.

Eram os protagonistas e aquela era a peça que o destino havia lhes preparado, somente ele sabe onde se encaixam cada pedacinho. O que mais lhes aguardava?

Tantos "e se?", tantas perguntas e tantas respostas.

Acreditava em Youngjo mas não estava em posição para compreender a si mesmo, fruto unicamente do medo em entregar-se novamente, de assumir que nunca deixara de amá-lo. Isso estava refletido nas lágrimas daquela noite.

E ainda naquela posição pôde enfim perceber que o Kim havia notado também a sua presença, levou-se demasiado por seus pensamentos para no fim, encontrar com o olhar exatamente do motivo. Este sorriu-lhe, pegando a mãozinha do pequeno e acenando-lhe. Hwan respirou fundo, numa tentativa de controlar as reações de seu corpo, lançou-lhe um mínimo sorriso e retornou a cozinha.

— Papai as vezes é estranho. — Dohyun comentou ao alto, voltando a brincar com os dedos do adulto que dividia a atenção entre a corrida onde estava a jogar e o filho que tentava derrotá-lo de todas as formas possíveis com golpes baixos. — Tio Jô, hoje é dia do cinema, participa com a gente?

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