DOMINADA PELA MÁFIA - SÉRIE BLOOD & SWEET

CAPÍTULO 3

CAPÍTULO 3

"Onde você acha que vai estar no futuro?"

A frase. O garoto. O sobrenome.

Ono...

— Então surgiu um gringo rico e mal-educado com uma criança que não é dele. Numa escola pública. Querendo a sua atenção? — Anita terminava de mastigar um sushi enquanto aponta o hashi pra mim. A figura morena de olhos azuis está sentada na minha frente, a cara repleta de indignação. — E você não pegou o número dele?!

Depois de mais de dez ligações para que eu fosse jantar com ela e o namorado, eu não tive coragem de recusar. Depois de tudo que aconteceu hoje, eu precisava desabafar com alguém. Assim também é mais fácil ignorar as incessantes ligações do meu irmão.

Anita marcou de nos encontrarmos no restaurante que trabalho após a escola às segundas, quartas e sextas. Hoje é terça, então estou livre. Não estava nenhum pouco afim de vir aqui, mas ela ama comida japonesa e eu sou coração mole. Para sua sorte, sempre tem desconto no cardápio quando vem comigo. Enquanto o namorado dela não chega, contei tudo que aconteceu — desde Luan Ono, passando por Max, seu comportamento estranho, e o que ele me disse no fim do dia. Só de lembrar, me dá um arrepio mortal na espinha. O mesmo que eu sinto quando penso no sobrenome Ono. Até agora estou vasculhando na minha memória de onde o conheço.

— Dentre todas as coisas que eu te contei — começo — é isso que você estranha?

— Amiga, obviamente ele estava interessado em você. Você tem um tato horrível pra perceber essas coisas, mas só de contar, eu já sei. Bem... — Ela ri com seus pensamentos. — Vai ter que entrar na fila pra sequer encostar nessa sua buce...

— Anita!

Ela revira os olhos.

— Como você é puritana — responde ofendida, virando uma taça de sakê. — Se tá procurando o príncipe encantado, vai morrer virgem.

— Eu não acredito que você também vai julgar minha inexperiência. Não tá nem prestando atenção no que eu to dizendo.

— Calma amiga. — Ela toma outro gole. — Eu só quero que você aproveite os prazeres da vida antes de virar de vez uma tia com dez gatos. Você já tem cinco!

— Eu estou bem assim, Anita. E aliás, não foi pra conversar sobre isso que aceitei seu convite. Podemos mudar de assunto?

— Hmmmmm... — Ela alonga a voz. — Não.

Parece que ela já está um pouco alterada pelo álcool, o que me irrita. Não devia ter aceitado vir até aqui. Meu celular vibra sobre a mesa. Dez chamadas perdidas do Bernardo. Deve estar querendo dinheiro, de novo. Eu penso em atender, porque, bem, dez chamadas... pode ser algo sério.

Mas Anita consegue ver antes que eu consiga atender.

— Ah não. A bosta do seu irmão de novo? Dá um tempo. — Ela tenta tirar o celular de mim, mas sou mais rápida e coloco no bolso. — Maria Sofia, não ouse atender esse celular! Bernardo não vai estragar nossa noite hoje.

— Mas... E se for importante?

— Pffft. Que nada. Ele quer dinheiro pra ficar apostando de novo! Você sabe que é viciado.

— Tudo bem... Tem razão. De verdade, tem razão.

— Para de dar atenção pra esse moleque. — Ela me empurra a garrafa de sakê. — Pensa um pouco mais em você. Não precisa cuidar de todo mundo toda hora.