CAPÍTULO 9

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Meus braços e pernas estão petrificados. Meus tímpanos arranhados pelos urros agoniados. Não tenho força para limpar o sangue que escorre pelo meu queixo e nem arrancar a carne fina entre os dentes.

Não me arrependo do que fiz. Se esse velho asqueroso tivesse dois pênis, eu arrancaria os dois com a mesma ferocidade. Mesmo agora, com ele gritando de dor no chão do quarto e perdendo cada vez mais sangue, eu não sinto nada além de ódio e a sensação de vingança cumprida. Pensaram que podiam se aproveitar de mim, me vender como se eu fosse um animal, mas mostrei a eles que o buraco é bem mais embaixo.

O senhor que se debate e grita é um banqueiro. Sei disso porque vasculhei seus bolsos cuidadosamente. Não era do Brasil; mas isso eu já sabia pelo sotaque irritante. Também sei que tem esposa e filhos, como mostra as fotos em sua carteira. Duas crianças. Meu coração foi esmagado quando vi isso... Um homem desses, rico e com família, vindo até aqui para fazer esse tipo de coisa... Isso foi o martelo da minha decisão.

E apesar de saber que ele é só mais um no meio daqueles homens poderosos que acham que podem comprar nossa alma com suas contas milionárias, é menos um.

Se eu tiver que perder minha humanidade e o que sou para me proteger... que seja. Pois eu já nem me reconheço mais.

Tenho que levantar e fugir. Aproveitar o momento para colocar o plano em prática. Mas minhas esperanças evaporam quando ouço as portas atrás de mim se abrirem. Mesmo de costas, sei muito bem quem é. Viro-me para olhá-lo com raiva, tentando me impor. Não é hora de demonstrar fraqueza.

Eric anda despreocupado até mim, sem demonstrar surpresa. Ele para ao meu lado, sem desgrudar os olhos dos meus.

É como se ele....

— Boa garota. — Sua mão pesada acaricia o topo da minha cabeça.

... estivesse esperando por isso.

Eric tira a arma da cintura e, antes que eu pudesse me encolher para esperar o meu fim, ouço o disparo seco atravessar a testa do homem que me comprou.

Realmente... menos um.

Que já estava marcado para morrer.

***

O som agudo das cortinas sendo puxadas me acorda antes que eu sinta a claridade atingindo as pálpebras. Crispo o nariz e abro os olhos, vendo por uma fenda pequenininha. O teto aparenta ser extremamente familiar...

Oh, não.

As lembranças da noite anterior vem em flashes indistintos. O sangue, os gritos, o tiro. Tudo ficou escuro e eu perdi a consciência. Não sei como vim parar aqui e, mais ainda, não sei como ainda estou viva. O desespero de ainda não me lembrar de nada sobre como vim parar aqui me aterroriza.

Passo as mãos pelo corpo, mas não há sinais de agressão. Pelo menos não estou mais seminua. Visto um pijama de cetim rubro. Muito mais curto do que eu gostaria, mas decente ao ponto de eu agradecer por não estar mais de lingerie. O que me causa um novo arrepio: Alguém tocou em mim de novo enquanto eu dormia.

— Finalmente ela acordou! — Uma voz diz. Eu me sento imediatamente, como se tivesse sido eletrocutada. — Se abrir a cortina não funcionasse, seríamos obrigadas a apelar para água gelada no rosto.

Procuro atordoada pela dona da voz. Três presenças estão sentadas na beira da minha cama, me olhando fixamente. Um frio na barriga me acomete por segundos antes de perceber que são todas mulheres.

O que me causa um novo suspiro; de alívio.

Reconheço apenas a que está no meio, a loira linda capa de revista que vi com Luan na noite anterior. As outras duas não ficam atrás no quesito beleza, todas parecem modelos da Victoria Secrets de tão estonteantes. Uma é morena, com os cabelos encaracolados em cachos, caindo em cascata até o meio da cintura, olhos verdes profundos e a pele escura, a mais baixa das três. A outra é asiática, os cabelos tão negros quanto seus olhos, o rosto agraciado por uma beleza que faria o queixo de qualquer um cair.

DOMINADA PELA MÁFIA - SÉRIE BLOOD & SWEETWhere stories live. Discover now