CAPÍTULO 5

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CAPÍTULO 5

— Minha cabeça...

Meu sangue pulsa contra meus ouvidos. O latejar é a primeira coisa que sinto. Levo minhas mãos à testa para conferir, mas não encontro nenhum inchaço.

— Merda... — resmungo, ainda de olhos fechados.

Quando abaixo as mãos, sinto lençóis de seda desconhecidos ao redor do corpo. Do meu corpo dolorido e... nu.

— Ah meu D-Deus...!

Salto de pé e logo me arrependo, pois uma pontada atinge minha nuca, tudo fica preto e gira. Náusea revira meu estômago. Caio de volta, quase desmaiando. O que aconteceu? Com a cara afundada nas mãos, massageio as têmporas com os dedos. Massageio, massageio... desesperadamente. Tremendo. Há uma britadeira esmurrando meu cérebro, socos atingindo meu coração acelerado. Respiro e inspiro, e repito isso muitas vezes, até estar um pouco melhor para me concentrar. O pior da dor diminui aos poucos.

Quando me sinto melhor, deslizo para a borda do que percebo ser uma cama enorme, daquelas que fico surpresa com os inúmeros zeros no preço em vitrines. É bastante confortável, mas não estou nenhum pouco à vontade aqui. Arrasto o lençol branco em volta dos ombros.

A sola dos meus pés toca o chão frio de mármore. Estremeço. Cuidadosamente, me levanto da cama com as pernas trêmulas. Olhando ao redor, me sinto no meio de um castelo. Mas ao invés de armaduras de cavaleiros e quadros antigos, há uma enorme tapeçaria animal. De um urso, talvez. Ouço um crepitar atrás de mim e me deparo com uma lareira, emitindo um calor acolhedor que infelizmente não chegou a aquecer o chão. Com os dedos dos pés dormentes, minha mente começa a girar.

Onde eu estou?

Que lugar é esse?

De quem é a cama que eu acabei de dormir?

E por que diabos eu estou nua?!

Na ponta dos dedos, vou até uma das portas. Estendo a mão, desejando que pare de tremer tanto. Giro a maçaneta com cautela, o coração quase sai pela boca quando abro uma fresta. Está aberta! Espio por um corredor vazio e silencioso. Sem vozes, sem nada. Não deixo de pensar que estou com sorte, preciso sair rápido daqui. Vou abrindo mais devagar. Até que fecho os olhos com força, me amaldiçoando.

Primeiro: roupas.

Fecho e tranco a porta, voltando ao quarto. Há outra porta, do outro lado. Silenciosamente cruzo até lá, tentando abrir a maçaneta.

Bloqueada.

Tento não ceder ao desespero. Há uma terceira porta. Vou até lá sentindo as pernas bambas. Dessa vez, consigo abrir. E o que se revela para mim é um armário exorbitante, com vários cabides vazios, a não ser por um. Puxo o tecido que provavelmente custa o mesmo que o meu salário como professora.

Segundo a etiqueta, com exatamente o meu tamanho.

Quem quer que tenha me levado até aqui, está claro que quer mostrar toda sua riqueza. Está me falando que tem poder, e que não vou conseguir escapar tão fácil. Tento puxar da memória o que aconteceu, mas a noite passada continua nublada. Lembro de Anita, de estar voltando para casa... e depois, acordei nesse quarto.

Arranco o vestido preto do cabide e percebo que há muitos acessórios abaixo, como colares, pulseiras, um suéter... Mas não importa. Só preciso da roupa para escapar. Mesmo sendo um vestido longo e que vai me atrapalhar, não posso simplesmente sair pelada.

Fiquei tão absorta nesses pensamentos e planejando sair logo que acabo notando meu corpo só agora...

Há um espelho vertical de dois metros perto da lareira, onde a luz quente ilumina meu corpo. Sinto como se estivesse observando um quadro. Todas as minhas curvas fazem sombra do outro lado, destacando meus seios grandes, as coxas grossas e a cintura fina. Mas sou pequena; o que me dá mais volume à bunda, quadris e pernas. Já sofri muitos xingamentos na infância por causa do peso, o que me fez entrar em dietas malucas para emagrecer e, enfim, me tornar como sou hoje. Mas ainda assim, não sou como aquelas modelos de redes sociais; há celulites e estrias marcando minha pele, se espalhando como as manchas de um tigre.

DOMINADA PELA MÁFIA - SÉRIE BLOOD & SWEETWhere stories live. Discover now