Entre mundos - primeiro volume - Triologia Entre Mundos

Capítulo 36

Judy

A noite anterior havia se estendido muito e todos estavam cansados.
Porém, hoje será o dia em que verei Rhor.

Eu não estava animada, mas por Tefhy eu vou.
Devo me lembrar o tempo inteiro: Você está fazendo isso pelo Tefhy !

O dia parecia tão... alegre.
Eu estou indo visitar um monstro ! Não era para o dia estar tão claro.

Como os pássaros podiam cantar hoje ?

Depois do café da manhã, nós quatro já estávamos prontos para ir.
Phyn não quis vir conosco então fomos apenas os meninos e eu.

Abri um portal para o acampamento em que passei os primeiros cinco anos da minha vida.
Algumas coisas haviam mudado, mas ainda podia ver os machos que recebiam ordens do meu pai jogando cartas.

Andamos um pouco, Rowlan ao meu lado direito, Tefhy ao lado esquerdo e Alan ao lado de Rowlan.
Tefhy e Alan tem mantido uma certa distância que eu não podia entender, havia uma tensão entre eles, mais tarde falaria com um dos dois.

Passamos pelo campo que antecedia o pé da montanha e caminhamos rumo à casa mais afastada do acampamento.

No quintal da casa estava uma menina brincando com um menino, ambos muito parecidos.
Antes que eu pudesse chegar mais perto, um dos sentinelas - Browder - vem ao meu encontro.

— Hey Browder ! Como está ?
Ele era a pessoa que mais havia me tratado bem no acampamento.
— Judy ! – diz surpreso.– O que faz aqui ? Pensei que nunca mais quisesse ver seu pai.

A confusão e o deboche eram nítidos na voz dele.
— Eu não quero, mas vim pelo meu irmão.

Ele olha para os machos ao meu redor.
— Qual deles ? Você tem tantos.
— O recém descoberto.– tenho certeza que ninguém entendia nada, porém, deixavam que eu me entendesse com o macho alado.
Ele olha para Tefhy e suspira com uma expressão que não consigo entender.

— Maira está em casa ? – pergunto fingindo indiferença.
— Saiu com Kip.
— Meu pai está ?
— No escritório.- diz abrindo caminho.
— Obrigada.

Começo a andar em direção à casa.
Antes de sair, eu e os meninos conversamos sobre como seria quando chegássemos.
Eles sabem que tudo será resolvido e não devem interferir de maneira alguma, ao menos que eu peça.

Ao adentrar na sala, tiro meu casaco e entrego para Bitía, que sorri para mim, a serva está aqui desde sempre.

Me viro para meus guarda costas e Rowlan me lança um olhar de " É frio mesmo!"
Apenas rio anasalado.

Começamos a andar nos corredores tanto conhecidos por mim.
A casa foi feita com pedras tiradas da montanha e madeira.
Há cômodos inteiros feitos de pedra.
A mobília como bem me lembro, de madeira, feita à mão.
Tudo caro.

A casa era grande. Não tanto quanto a de Rhysand, mas era grande.
Ao chegar em frente à porta do escritório, olho para Tefhy que acena positivamente.

Entro sozinha, sem bater nem anunciar minha presença.
— Olá Rhor. Como tem passado ?
Surpreso ele se levanta.
Pude reparar em sua barba por fazer.
O cabelo preto como o meu estava precisando ser cortado também.
Parecia que ele não dormia muito bem.

— Judy ? Quando chegou ?
Parece até uma criança que ganhou um presente.
— Agora a pouco.
— Precisa de algo ? Quer passar um tempo no acampamento ? Brigou com Rhysand ?

A esperança de vir morar perto dele me irrita.
— Não, para todas as perguntas. – respondo tediosa.– Vim lhe apresentar alguém.
— Quem ?
— Tefhy, um garoto promissor. Ele insistiu que eu lhe apresentasse a ele, infelizmente não pude recusar.– digo caminhando pela sala e mechendo nas coisas.
Estendo a mão e com meus poderes abro a porta.