Capítulo 45

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Judy

Depois de passar o dia inteiro com Rowlan, Alan, Tefhy e Dylan; eu estava na sala de estar dos meus pais com Tefhy.

— Eu fiquei muito feliz de saber que vocês são parceiros.
— Seu amante é muito falante para o meu gosto.

Tefhy parecia ter um pouco de ressentimento de Rowlan.
Eu havia notado na celebração.

— Em primeiro lugar: Ele não é meu amante.
— Se você diz. – ele tinha uma expressão emburrada e a voz totalmente infantil ao dizer isso.
Meu irmão era muito fofo.

— Em segundo lugar: – disse eu dando uma ênfase e aumentando o volume da minha voz – Rowlan é sim muito falante, mas eu gostaria de saber o que você tem contra ele. – eu puxava o rosto dele para que pudesse olhar em seus olhos.

— Eu não tenho nada contra ele.
— Não parece. Na Celebração você fulminava ele com os olhos, Fica ressentido dele ao pensar que somos amantes e tem ciúmes de quando estamos os três no mesmo ambiente.
— Isso não é verdade.

Tefhy era maduro, mas as vezes essa maturidade vinha a falhar quando ele sentia ciúmes.
Phyn havia me dito várias vezes.

Ela estava fora aproveitando a viagem, então não poderia lidar com Tefhy agora.
— Certo. Me chame quando deixar essa crianscice de lado.

Eu me levanto, mas antes que eu pudesse sair da sala, Bany entra.
— Judy. Temos uma pessoa que diz ter visto Emily uma última vez depois daquele senhor do bar.

Rowlan

Estávamos à mesa com a família de Judy.
O jantar estava ótimo.
Rhyra e Colder nós faziam rir bastante.

Porém, havia uma pessoa que não estava na mesa.

Judy.

A única que não estava com a gente.
Apesar de ter notado, eu nada disse, apenas continuei comendo.

Depois de comer, antes que eu fosse para a casa em que estava hospedado, Colder me chama de canto.
— Sei que você deve estar curioso, ficou inquieto o jantar inteiro, então eu vim dizer que a Judy não estava se sentindo bem, por isso não jantou com a gente.
— Posso vê-la ?
— Vá em frente.

Vou até o quarto dela e bato na porta.
— Vá embora.
Ignorando a fala dela, eu entro.
— Vim ver você.
Ela me olha com uma expressão irritadiça.
— Sério ? Nossa, nem tinha reparado.
Um sinal soou em minha mente: Alguma coisa está errada.

Sento no colchão perto dela.
— O que aconteceu ?
— Temos novas pistas sobre quem pode ter feito aquilo com Emily. – ela faz uma expressão de derrota.
— Mas...?
— Eu tenho quatro palavras para você :" Semana bianual " e " Ciclo menstrual "

Eu não queria, mas não pude evitar rir.
— Não ria de mim !
— Não estou rindo de você, só do jeito que você fala.
Ela solta um grunhido irritado e frustrado.
Pondo as mãos no rosto, ela começa a falar:
— Eu queria mesmo poder continuar a investigar mais. Porém, nos dois primeiros dias eu fico muito sonolenta.

Ela vira de costas para mim e cruza os braços com uma carranca que faz com que ela pareça uma criança birrenta.
— Tem algo que eu possa fazer por você ?
— A menos que você consiga interromper meu ciclo, não !

Rio mais uma vez.
— Tem certeza ?
Ela olha para mim de canto de olho.
— Se você conseguir um bolo de chocolate para mim, talvez eu me sinta melhor.

Eu não conseguia parar de rir.
— Pensei que você não gostasse muito de doce.
— Eu não gosto, mas é o que eu quero agora.
— Ok.

Eu realmente não conseguia não achar engraçado o jeito que ela estava agindo.

Ao que parece, Nuala e Cerridwen já haviam feito um bolo de chocolate.
Eu peguei um prato e coloquei um pedaço bem generoso.
Ao voltar para o quarto de Judy, pude ver ela pensativa.
Ela olhava para o teto e pensava, havia um pequeno franzido em sua testa.

Eu não sabia como classificar Judy, porém, ela era única e mais do que especial.
Ela olha para mim apenas por um segundo e depois volta o olhar para o bolo.
Estende as mãos em direção ao bolo pedindo que eu chegasse perto.

Quando entrego o bolo para ela, ela apenas pega e começa a comer enquanto eu observo.
— Vai voltar a investigar daqui dois dias ? – pergunto.
— É o que eu quero fazer, mas minha irmã quer que eu fique em casa descansando.
Diz que é melhor que eu espere esses dias passarem para depois voltar a fazer qualquer coisa.

— E o que você vai fazer ?
Ela já havia terminado o bolo quando respondeu:
— Depois que esses dois dias passarem, eu vou investigar melhor isso e resolver de uma vez o caso de Emily.
— Acha que vai saber com certeza o que aconteceu ?
— Sim, posso sentir que logo saberei e não haverá espaço para dúvidas.

Ambos ficamos em silêncio por um momento.
— Como foi que a conheceu ? – Peguei o prato das mãos dela e coloquei no chão.
Ela solta um suspiro enquanto eu subo na cama e me sento ao lado dela.

Ela apoia a cabeça no meu ombro e começa a contar.
— A mãe dela era uma conhecida um pouco mais próxima.
Ela trabalhava no orfanato e como eu tinha vontade de adotar uma criança, já conhecia ela.

Ela olha para mim e sorri.
— O que foi ?
— Você parece gostar de ouvir sobre o passado.
— O seu passado foi um grande fator para te transformar no que você é hoje, gosto de saber o que aconteceu com você.
— Acha que passar pelo que passei, me tornou mais forte ?
— Eu tenho certeza.

Ela ficou por um tempo pensativa.
Eu esperava que ela continuasse e assim ela o fez.
— Emily conhecia muitas crianças do orfanato, era amiga delas.
Numa das minhas visitas, eu a vi.
Foi impossível não me encantar pela menina.
Quando descobri que a mãe dela estava doente, fui vê-las algumas vezes.
Numa dessas vezes, prometi que se algo acontecesse, cuidaria de Emily.
Depois que a mãe dela morreu, procurei pelo pai da menina, que não sabia nem mesmo da existência dela.

Ela contava enquanto olhava para frente, sem focar em nada específico.
"Como ela já me conhecia e eu havia mostrado interesse em adotar ela, não houve resistência da parte dela.
Porém, quando o pai dela disse que queria ficar com ela, Emily ficou indecisa sobre com quem ficaria.
Eu visitava ela, passava o dia com ela.
E o pai dela fazia o mesmo.
Mas ela não conseguiu se decidir."

Ela estava triste, não tanto quanto nos dias anteriores, mas ainda ficava melancólica por Emily.
— Tenho certeza que ela seria uma filha maravilhosa.

Novamente ela vira o olhar para mim.
— Com toda a certeza.
Depois de uns instantes em silêncio, me recordo de que ela deve descansar.
— É melhor que eu vá.
Ela me olha sem ânimo algum, como se todas as suas forças tivessem sido drenadas de repente.

— Se vai me tratar como uma boneca de porcelana, é melhor sair mesmo.

Eu rio.
Não sei como ela ficava tão engraçada daquele jeito,mas me fazia rir com cada palavra que dizia.
— Cuidado nunca é de mais.
— É sim, principalmente com uma família como a minha.

Ela sempre tinha uma resposta para tudo, e eu gostava disso.
— O que quer que eu faça então ? – abro os braços ao falar.
— Fique.
— De novo ?
Não que eu não quisesse ficar, mas os pais dela, os irmãos; eles apenas fingiam não ver, e eu fingia não ter nada acontecendo, quando havia sim, algo acontecendo.

Solto um suspiro quando ela não me responde, apenas me olha com aqueles incríveis olhos vermelhos da cor de rubis.

— Está bem.– me dar por vencido não é difícil.
— Temos que conversar.
— Eu sei.
— Como vai ficar a nossa situação ?
Somos de mundos diferentes e não há como negar que tem algo entre nós.
— Sinceramente ? Eu não sei. Eu quero continuar vendo você, quero resolver tudo isso, mas sei que ainda não é a hora de discutir sobre isso, e gostaria de saber quando será. – Digo me arrumando na cama, deitando enquanto ela fazia o mesmo.
— Eu também gostaria muito.

A voz dela já saía baixa.
Dou um beijo no topo de sua cabeça.

Diferente do que eu pensava, não demoro a dormir.
Meus sonhos mostrando meu desejo para o futuro não muito distante.

Entre mundos - primeiro volume - Triologia Entre MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora