Capítulo 46

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Phyn

Eu havia aproveitado a viagem.
Ouvi do meu filho, tudo o que aconteceu.
Sobre o encontro com Rhor, o surto da parceira dele, o relacionamento com Alan.

Eu realmente torcia para que desse certo, torcia para que Tefhy fosse feliz daquele jeito.

Não sabia o que falar para Judy, não havia ido vê-la por isso.
Porém, eu conseguia ver claramente que ela precisava de ajuda.

Eu chegava - e ainda chego - todas as noites, cansada do dia.
Eu visitava lugares, bebia, dançava.
Tudo enquanto outras pessoas sofriam.
Eu me sentia mal e culpada por isso, mas realmente não sabia o que dizer.

Quando cheguei em casa, Alan e Tefhy estavam no corredor.
Eu não queria ouvir a conversa, mas não pude deixar de ouvir.
— O que aconteceu amor ?
Claramente era a voz de Alan.
— Como assim "amor" ?
Uma risada.
— Estou tentando amansar a fera.
Ouço um estalo e logo depois um gemido de dor seguido de uma risada.
Quase entrei no cômodo para repreender Tefhy, eu não o criei para bater nas pessoas por coisa pouca.

— Não mude de assunto, o que aconteceu ?
— Minha irmã, ela não quer falar comigo, diz que eu estou ressentido com Rowlan.
— E não está ?

Ouço um suspiro cansado.
— Ele e Judy tem estado muito próximos, por mais que eu não queira admitir, estou com ciúmes.
— Por que ?
— Eu não sei ! Eu fico criando possibilidades na minha cabeça, poxa, acabei de conhecer minha irmã e já corro o risco de não passar muito tempo com ela por causa de um namorico ou seja lá o que eles tem.

— Pense pelo lado bom, se eles decidirem se casar ou algo assim, ela vai morar conosco e você a verá todos os dias.

Eu não vi, mas tinha certeza que Tefhy estava com uma expressão nada amigável no rosto.
Era bom saber que meu filho amava a irmã e tinha um confidente.

— Converse com ela, tenho certeza que ela vai entender.
Mas, espere passar essa tristeza toda da morte de Emily.

Saio do corredor e vou para o quarto.
Amanhã eu irei ver Judy.

Alan

Era tarde e devíamos ir dormir, mas eu queria passar mais tempo com ele.

Estamos andando muito tempo juntos, mas não parece ser o suficiente.
Eu parecia viciado na presença dele, o cheiro forte de açúcar que parecia emanar dele.

Era pedir muito querer ficar sentindo aquele cheiro para sempre ?
— É melhor irmos dormir Alan.

Ele estava certo.
— Mas está tão cedo.
Ele ri.
O riso dele é música para mim.
— Para de enrolar e vai logo pro seu quarto.
— Vem comigo ?

Eu sei que parecia uma criança, mas se esse fosse o preço para que ele viesse comigo, ficaria feliz em pagar.

— Alan, é melhor não.
— Nossos irmãos fazem a mesma coisa e ninguém reclama.
— É diferente.
— Não é nada.

Ele suspira.
3...2...1:
— OK. Você é chato viu ?

Eu rio.
Ele diz que tem que tomar um banho e vai em seu próprio quarto se arrumar.
Durante o banho, penso no que ele falou.

Ter ciúmes não é algo ruim, mas talvez fosse bom eu tomar cuidado com ele, afinal, eu ainda pretendo conquistar ele.

Pode não parecer, mas eu sou uma pessoa que pensa muito a frente.
Eu posso até ver nós dois nos casando numa serimônia pequena e uma festa bem animada.
Doce sonho, doce ilusão.

Quando ele chega, já estou de roupas e lendo um pouco antes de dormir.
— Que livro está lendo ?
— O impostor.

Ele me olha de maneira estranha, uma mistura de incredulidade e surpresa.
— Eu gosto muito desse livro. – diz enquanto senta.
— Não me conte o final, fique quieto.
— Em que parte você está ?

Olho desconfiado.
— No terceiro assassinato, a protagonista está traçando uma relação entre os dois primeiros e o que acabou de acontecer.
— Quem você pensa que é o impostor ?
— Aquele homem que ficava perto do garotinho o tempo inteiro.

Ele me olha meio sem expressão.
— Por que acha isso ?
— Porque um assassino tentaria não deixar óbvio que ele é um assassino, e pessoas que gostam de crianças sempre são consideradas inofensivas.
Ele apenas concorda com a cabeça.

— É melhor irmos dormir. – diz ele ruborizado.
— Eu daria uma fortuna para saber o que se passa na sua mente agora.

Ele apenas desvia o olhar e deita se ajeitando.
Deixo o livro de lado e obedecendo um diabinho interior, me deito abraçando ele.
— Me conta.

Ele se arrepia quando sussurro em seu ouvido.
— N-Não.

Rio apenas.
— Por favor.
Começo a deixar beijos em seu pescoço.
Ele estremece.

— Pare com isso Alan.
Esfrego meu nariz em sua nuca.
— Eu não vou te deixar em paz.

É incrível como ele reage às minhas carícias e estímulos.
Eu podia ouvir a respiração dele acelerando.
— Vai dormir. – diz enquanto me empurra.
Passo meu braço por sua cintura para logo depois subir para seu abdômen.
— A-alan.

— Basta me dizer.
Ele toma um pouco de ar para tentar se acalmar, porém eu posso ver que não dá certo.
— Ok. Eu digo.
Sorrio.
— É que pela sua dedução, eu fiquei pensando que você é uma pessoa muito inteligente e analisa bem as coisas.

Eu não estava esperando aquilo.
Era bom saber que ele pensava sobre mim, e ainda melhor ouvir - mesmo que ele apenas tivesse pensado - elogios dele.
Eu o virei para mim e tomei seus lábios.
Surpreso, ele retribui.

Até mesmo os lábios dele me viciam.
A língua dele adentrava em minha boca, tentando dominar o beijo.
Passo minha mão pelos mamilos dele que arfa na minha boca.
Ele não queria parar, porém, eu interrompo o beijo e o abraço.

— Boa noite Tefhy.
Beijo o topo de sua cabeça e lanço um sorriso de canto para ele que me olha sanguinário.
Rio dele e ele se ajeita para dormir.
— Boa noite.
Foi mais um resmungo do que um desejo de boa noite.

Entre mundos - primeiro volume - Triologia Entre MundosWhere stories live. Discover now