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BOSTON, USAMETADE DO OUTONO

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BOSTON, USA
METADE DO OUTONO

Há anos atrás me peguei perguntando em que momento sabemos que o que sentimos é amor. E as inúmeras teorias que não são ciência exatas e se aplicam a todos da mesma forma. Hoje eu entendo esse ponto de mudança, não consigo identifica-lo com exatidão, pois com os anos as lembranças começam a se misturar e os sentimentos tornam-se quase que linearmente presentes em todos os momentos passados, como se não existisse Avery antes de Lennon Clarke.

E as vezes me perguntou se existiu um Avery antes daquele dia, em uma cela. E a resposta é simples: não me lembro.

Meus olhos passeiam mais uma vez pelo pedaço de papel que amanheceu no travesseiro ao meu lado, com resquícios de um perfume que nunca tinha saído da minha memória e a ausência da mulher que tinha compartilhado os lençóis comigo no dia anterior.

As palavras eram claras, precisas, mas uma pequena fagulha para o meu coração:

Eu fiquei, Avery. Agora é a sua vez

de cumprir a parte do acordo. Assinar o divórcio.

Lennon

Curvo os lábios diante da ingenuidade das palavras da mulher que ainda era a minha esposa. Meu corpo invade a pequena e estreita caixa de metal, ignorando as demais pessoas que diminuíam o pouco espaço, apenas encaro aquela caligrafia, aquele bilhete e aquelas palavras que certamente ela deveria saber que jamais se cumpririam, pelo simples fato de que após o dia anterior ela deveria saber que não  soltaria com tamanha facilidade de nós.

Sim, ainda éramos nós. Era só questão de tempo para convence-la.

O familiar click anuncia a chegada ao terceiro andar do velho prédio – que antigamente tinha sido uma fábrica de tênis local - , com suas paredes de tijolo maciço e janelas quadriculadas e negras, dando uma privilegiada visão da rua lateral de acesso.

Não tenho pressa naquela manhã, nenhuma, finalmente não sentia mais necessidade de correr, preferindo deixar que a pequena e estreita caixa de chumbo se esvaziasse por completo, antes de impulsionar meu corpo para fora e caminhar entre as fileiras organizadas de mesas, que davam acesso a porta em uma das extremidades, acesso a minha sala.

Meu corpo fincam os pés sobre o velho piso de concreto bruscamente, assim que uma figura morena, com sua característica cabeleira, praticamente para diante de mim.

Billy

Meus lábios tremulam um sorriso amigável, que some com a mesma rapidez, assim que meus olhos apressados encontram os seus vermelhos, não conseguindo ignorar a tensão que seu corpo emanava.

— Precisamos conversar, Avery — seus lábios se antecipam aos meus, que engolem qualquer saudação gentil.

E é a minha vez de sentir meus músculos se enrijecerem e o café preto revirar inapropriadamente no meu estômago, como se meu corpo temesse algo que minha mente ignorasse.

Sempre sua Garota [✓]Where stories live. Discover now