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BOSTON, USAMETADE DO OUTONO

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BOSTON, USA
METADE DO OUTONO

— Esse Red Sox é um lixo — uma voz masculina se sobressaia entre as demais que murmuram em um cenário a que dou as costas.

Meu indicador contorna a larga abertura do curto copo cheio de liquido maltado e alguns pedaços de gelo quebrado, que faziam o vidro suar escorregadio entre meus dedos. Despretensiosos meu indicador e polegar pegam o copo, misturando o liquido com água, antes de levar até meus lábios.

Minhas papilas gustativas adormecidas não sentem nada, mas meu estômago reclama a queimação que o liquido produz em contato com o meu suco gástrico.

Equilibro meu corpo no alto banco de madeira, enquanto meus antebraços repousam sobre a encerada bancada de madeira, a proteção do jovem – literalmente jovem, na casa dos seus 19 anos – que de forma atrapalhada tentava atender aos clientes e manter a ordem com a ausência de qualquer um dos Harpers, naquela noite.

Agradeço o rápido efeito do remédio diário que estava se tornando aquelas doses de bebidas, me ajudavam a dormir, me ajudavam a esquecer, me ajudavam a esquece-la. A esquecer Lennon Clarke.

Lennon

A simples lembrança daquele nome, que trazia consigo uma inapropriada imagem de uma cabeleira castanha, olhos castanhos e brilhantes, pele clara com aroma de rosas fresca, que me obrigam a virar o liquido do copo direto na minha garganta, como se algumas ml de uísque fossem capazes de ter o efeito de uma enxurrada no meu interior.

O baque seco do vidro com a madeira alcança meus tímpanos, enquanto sinto amortecer meu interior e as feridas físicas do meu corpo. Aperto as pálpebras.

— Tom — em um chamado seco e preciso tento chamar a atenção do jovem magrelo, de cabeleira negra e pele morena, na outra extremidade servindo a outro cliente.

Seus olhos negros me encaram atentos, enquanto meu dedo indicador apontado para o copo vazio resumindo todas as minhas palavras. Ele assente se aproximando em passos largos com uma garrafa de uísque nas mãos.

— Pode encher — ordeno, não tendo a petulância de pedir para ele deixar a garrafa.

— O mesmo para mim — aquele pedido soa próximo e produzido por um tom familiar.

Irritantemente familiar, que nem ouso trabalhar meu preguiçoso pescoço para encontrar a figura miserável de Henry Bufton, que sem convite aloja seu corpo no banco vazio ao meu lado.

O ignoro. Bebo mais goles que minha garganta é capaz de mandar para meu estômago, só para sentir o rápido efeito do álcool que amortecia tudo.

— Andou brigando? — tento não prestar atenção naquele questionamento.

Mas de soslaio meus olhos acompanham os seus, sobre minha mão que envolvia o largo copo, contudo não era ao vidro a que seus lábios faziam referência, mas sim a atadura branca em torno dos nós da minha mão.

Sempre sua Garota [✓]Where stories live. Discover now