20 | agora | verdades nunca ditas

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BOSTON, USAMETADE DO OUTONO

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BOSTON, USA
METADE DO OUTONO

Os dedos que normalmente me traziam calmaria. Hoje trazem um peso que se aloja em meu peito. Encarro os largos e grossos dedos do homem sentado do outro lado da mesa.

O sorriso gentil e cativante havia sumido dos seus lábios, assim como os dois cafés pedido a minutos atrás estavam esquecidos sobre a madeira encerrada. Seus olhos azuis me encaram profundos e pela primeira vez parecem um mar em que sou capaz de me afogar.

De me perder, mas não de uma maneira agradável.

Mas não é culpa dele. Na verdade é culpa. Uma culpa que me inquieta e perturba. A culpa por ter parado na única cama que não deveria.

Os lábios de Tobias permanecem colados, suas narinas se dilatam de uma forma lenta – que meus olhos não conseguem evitar em capturar -, seus dedos apenas repousam contra a minha pele, sem qualquer movimento semelhante a uma caricia.

Aleatoriamente e despreocupadas, as pessoas transitam ao nosso redor na pequena cafeteria ao lado do hotel em que o homem diante de mim estava hospedado. Uma movimentação que torna o nosso silêncio menos perturbador. Porém ainda não me permitem encarar sem culpa os olhos azuis que também fogem.

— Você foi atrás dele? — é o seu timbre único que reverbera quebrando o silêncio no pequeno espaço entre nossos lábios.

Aceno.

— Fui — suspiro as palavras por entre meus lábios tomados por um latente remorso.

Finalmente meus olhos esbarram nos seus. Não conseguindo mais ignorar as manchas roxas que contornavam suas pálpebras inferiores. As mesmas manchas que tinha escondido pela manhã com maquiagem. As mesmas manchas que surgiam pela manhã após uma noite em claro. Em que havia passado me revirando na minha estreita cama de solteiro, sentindo a culpa se alojar em cada centelha do meu ser, enquanto minhas narinas tentavam ignorar o aroma cítrico impregnado na minha pele, um aroma – que inapropriadamente – amenizava a culpa, como se o que eu tivesse feito fosse certo.

Quando não era.

Pois tinha destruído toda uma redoma de proteção, jogado no lixo quase dois anos de autopreservação, como se não fosse nada, como se aquele homem não pudesse me quebrar. E pior, como se Tobias Pullman não fizesse parte de uma equação de três elementos.

— E você? — aquelas palavras vagas tremulam em seus lábios.

É visível sua dificuldade em tragar a saliva, um tremor que enrijece os músculos sobre a sua camisa cinza e acentua a pulsação da veia exposta na extensão do seu pescoço.

Nervosos, meus dedos arrancam na direção do meu corpo, chocando sua mão contra o tampo de madeira. Seus olhos surpresos correm em direção a cena e os meus correm em direção ao seu olhar. E como se pudesse concertar tudo, retomo nosso contato, mas agora repousando minha mão sobre a sua.

Sempre sua Garota [✓]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum