07 | antes | quase

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BOSTON, USAMETADE DA PRIMAVERA

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BOSTON, USA
METADE DA PRIMAVERA

Em um click delicado a chave gira na ignição, silenciando o suave ronco da SUV alugada. Pela primeira vez estava dentro de um carro com Avery, pela primeira vez poderia usar saia e vestido, mas não naquele dia.

As palmas das minhas mãos estavam inapropriadamente grudentas, de soslaio encaro a enorme propriedade em que estávamos, era uma espécie de casa de campo, próxima a Boston, mas não praticamente próxima para ser considerada uma casa pertencente a cidade.

Conhecia bem aquela propriedade, desde que me entendia por gente explorava aquele enorme chalé de madeira, cercado por belas e variadas árvores, com uma agradável área recreativa que se resumia a piscina, quadra poliesportiva e trilhas.

Mas não era o fato de estar ali que me deixava nervosa, afinal o encontro mensal dos Clarke acontecia como o nome já diz: uma vez por mês.

Uma vez por mês a família toda se reunia, enchia a pança de comida boa e caseira, competia em variados esportes e gincanas. Era divertido.

O que estava me deixando nervosa era o porquê estava ali, e o que estava prestes a fazer: apresentar Avery para minha família.

Isso é loucura

Penso mais uma vez. Tendo a certeza de que era uma loucura quando ele me convenceu em leva-lo junto. Afinal ele iria conhecer minha família, meu pai. Eu tinha levado quase seis meses para apresentar Todd para minha família e em menos de duas semanas lá estava com aquele homem sentado ao meu lado.

— Você está mais nervosa do que eu — aquele sopro sonoro me obriga a fitar o homem sentado atrás do volante.

Confortável, animado e sem preocupações, o homem de cabelos castanhos e desgrenhados, com aquela familiar barba rala, sorriso fácil, trajando uma camiseta branca, calça esportiva preta e tênis – não esperava que ele levasse tão a sério o estilo casual – me encarava, com o braço apoiado no suporte da porta e a mão em seu queixo.

— Sabe o que aconteceu com o último cara que apresentei ao meu pai? — questiono aflita.

Sem preocupação alguma ele maneia negativamente a cabeça.

— Ele quase o matou — murmuro comprimindo os lábios, fitando a aglomeração do clã Clarke através do vidro.

Meu pai teria matado Todd se pudesse, teria cortado suas bolas e não sei o que mais. Isso porque Todd era todo respeitoso com ele, educado e amigável, inclusive eles tinham até assistido algumas partidas de basquete juntos.

— E você está com medo de que ele me mate ou que ele seja preso? — aquelas palavras pinicam contra as terminações nervosas da minha orelha.

Uma corrente inapropriada percorre meu corpo, arrepiando cada pequeno pelo do meu corpo e inquietando os bicos dos meus seios envolvidos por um sutiã esportivo.

Sempre sua Garota [✓]Where stories live. Discover now