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Bonnie

A aura dela parecia pesada demais enquanto caminhava em direção ao bar. Seu dia não tinha sido dos melhores e nas últimas semanas havia enfrentado problemas demais para que pudesse dar conta.

O lugar parecia cheio e tinha um cheiro muito forte de pessoas bêbadas misturadas num lugar só. Não fosse a placa neon na frente quase gritando bar na sua cara, Bonnie com certeza acharia que aquilo ali se tratava de uma balada.

Ela passou pela entrada sem dificuldade, parando apenas para apresentar o documento comprovando sua maior idade e sem perder tempo adentrou o ambiente.

Era uma cacofonia infinita. Para cada canto que ela olhasse, podia notar que tinha alguém dançando ou se atracando com outra pessoa, balançando os corpos no ritmo da música como se aquilo dependesse de suas vidas. As luzes coloridas e o que parecia um farol piscando forte faziam com que imagens explodissem como flashes por trás de suas pálpebras quando ela fechava os olhos.

Bonnie se perguntou se a sensação disso, estando bêbada, seria algo tão interessante quanto era agora e sem esperar por um convite formal - que sem sombra de dúvidas, não teria naquele lugar - ela foi em direção ao bar.

Mostrando sua pulseira amarela para o Barman, ela pediu a bebida mais forte que ele tivesse disponível. A pulseira por si só já era convite o suficiente para ela, já que acabou de pagar um valor considerável na porta por um Open Bar.

Ele era alto, relativamente magro e estava vestido com partes de um smoking. Daquele tipo que tem a camisa branca por baixo dobrada até o cotovelo e um colete de cetim por cima; o seu era azul escuro e combinava com o lápis de olho que ele estava usando.

Ele entregou um copo de plástico transparente, quase do tamanho do seu rosto, sem muita cerimônia. O líquido dentro parecia um tom de âmbar queimado e não estava muito apresentável, mas ela não estava se importando muito com aparências naquele momento.

Após beber uma quantia considerável - prendendo a respiração, claro - ela percebeu que se tratava de uísque com mel. Mais uísque do que mel. E segurando a onda de ânsia que subiu por sua garganta, Bonnie desejou que tivesse apenas o álcool ali.

Já tivera sua cota de doçura por hoje, obrigada.

Ainda pensando que o barman era bonitinho, ela se virou para tentar puxar assunto com ele. Talvez ele pudesse distrai-la um pouco e quem sabe fazer ela se sentir menos desconfortável ali, como se fosse um dedão machucado.

Mas assim que ela se virou, percebeu que ele estava muito ocupado, atendendo todas aquelas pessoas em volta. Na verdade, muitas delas a olhavam de rabo de olho com um olhar crítico, já que ela estava ocupando um lugar do balcão.

Como se ela fosse se dar o trabalho de sair dali só por causa disso.

Bonnie revirou os olhos. Já estava acostumada com esse tipo de tratamento por olhares e não estava disposta a dar importância para aquilo naquele momento. Bebeu outro gole do uísque e segurou a nova onda de ânsia que subiu.

- Gostosa! - ela ouviu próximo ao ouvido, antes de uma mão forte e pesada puxar ela pela nuca.

Ela mal teve tempo de registrar o que iria acontecer mas como que por reflexo, derrubou o copo no chão que molhou da sua coxa direita escorrendo até o tênis branco e empurrou a pessoa com raiva para o lado antes que esta tivesse a oportunidade de encostar a boca nela.

- Nem fodendo! - Bonnie gritou para o homem loiro, uma cabeça mais alta que ela, que a olhava atônito com parte da camisa molhada pelo uísque.

- Puta. - ele esbravejou, antes de virar as costas e se enfiar no meio dos corpos que se balançavam.

na ponta da língua (Bubbline)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora